nterlocutores próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam que o governo decidiu entrar de cabeça na discussão sobre o regulamento das redes sociais. A guinada ocorre em meio à recente mobilização de usuários, impulsionada pelo influenciador Felca, que recolocou o tema no topo das conversas públicas e no radar do Congresso.
A estratégia do Planalto
Segundo fontes ouvidas pelo governo, o objetivo maior é transferir o foco do embate político com os Estados Unidos — especialmente com Donald Trump — para o terreno digital. A avaliação interna é que liberdade de expressão online e regras para plataformas são pautas caras ao trumpismo e ao bolsonarismo. Ao “puxar a briga” para esse campo, o Planalto retira a pimenta da agenda comercial, permitindo que Tesouro americano, Ministério da Fazenda e Itamaraty toquem, com menos ruído, as negociações técnicas.
Por que agora
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Timing político: a onda de engajamento em torno das redes cria ambiente para retomar o debate.
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Janela legislativa: o governo avalia encaminhar um novo projeto ou atualizar textos existentes para voltar ao centro da pauta no Congresso.
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Desacoplamento da política externa: com a política “descolada” das tratativas comerciais, o Planalto tenta reduzir a contaminação ideológica nas conversas Brasil-EUA.
O que pode estar no texto
Nos bastidores, a discussão envolve eixos como:
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Transparência de algoritmos e anúncios;
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Deveres de moderação e canais de apelação;
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Responsabilização por conteúdos ilícitos, com salvaguardas à liberdade de expressão;
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Regras para publicidade política e rastreabilidade de impulsionamento.
(Os pontos acima refletem diretrizes em debate; a versão final dependerá da negociação no Congresso.)
Reações esperadas
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Base governista: tende a defender que a regulação protege o debate público e combate abusos.
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Oposição: deve acionar as bandeiras de censura e controle estatal, mirando desgaste do governo.
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Plataformas: pressionarão por segurança jurídica sem ampliar passivos; pedem clareza em prazos e escopo.
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Sociedade civil: dividirá atenções entre proteção de direitos e defesa da liberdade online.
Impacto na relação com os EUA
Ao deslocar o ringue para o tema digital, o Planalto esfria a retórica bilateral e baixa o tom do noticiário sobre comércio exterior. A expectativa é abrir portas para um diálogo mais técnico e menos ideológico enquanto o debate público se concentra nas redes.
Próximos passos
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Envio do texto (novo ou revisado) à Câmara.
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Costura com líderes para definição de relatoria e calendário.
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Audiências públicas com especialistas, plataformas e entidades.
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Votação em comissões e tentativa de regime de urgência no plenário.
O que está em jogo
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Liberdade de expressão vs. responsabilização;
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Integridade do debate público;
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Previsibilidade regulatória para empresas;
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Clima político nas relações Brasil-EUA.
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