A taxa básica está em 15% ao ano, no maior nível em duas décadas, e as expectativas de inflação para 2025 vêm cedendo, com o IPCA em 12 meses em 5,23% (julho). O consenso de mercado indica manutenção da Selic ao longo de 2025, com chance de início de cortes apenas no fim do ano ou virada para 2026. Para o investidor, isso significa CDI elevado por mais tempo e renda fixa competitiva em relação a FIIs e ações.
Renda fixa: quanto rende de verdade
Com Selic/CDI altos e inflação mais contida, o “juro real” volta a ser expressivo. Abaixo, uma comparação simplificada para 12 meses com base no CDI a 15% a.a. e IPCA em 5,23% a.a. (regras atuais de IR na renda fixa e isenção em LCI/LCA):
Projeção de R$ 10.000 em 12 meses
Produto | Taxa efetiva anual | Valor ao final | Retorno real estimado* |
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LCI/LCA 95% do CDI (isento) | 14,25% | R$ 11.425 | 8,57% |
CDB 100% do CDI (líquido, IR 17,5%) | 12,38% | R$ 11.237,50 | 6,79% |
Tesouro Selic (líquido, IR 17,5%) | 12,38% | R$ 11.237,50 | 6,79% |
Poupança (regra atual) | ~6,17% + TR | R$ 10.617** | ~0,9% |
* Retorno real aproximado considerando IPCA 12m de 5,23% no período.
** Valor aproximado desconsiderando TR (varia ao longo do ano).
Leitura rápida: Com Selic a 15%, LCI/LCA isentas e CDB/Tesouro Selic já entregam ganho real relevante. A poupança fica bem atrás.
Tesouro IPCA+ e marcação a mercado
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Para aposentadoria/longuíssimo prazo: títulos IPCA+ travam juro real e protegem o poder de compra.
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Para quem pensa em vender antes: a marcação a mercado pode gerar ganhos (ou perdas) quando as taxas oscilam. Se os juros futuros caem, os IPCA+ longos tendem a valorizar no curto prazo; se sobem, desvalorizam.
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Estratégia prática: combine um “núcleo” de Tesouro Selic/CDB (liquidez e previsibilidade) com IPCA+ para objetivo de longo prazo. Diversifique vencimentos para suavizar a volatilidade.
FIIs: renda mensal ainda faz sentido?
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Dividendos: Com CDI alto, muitos FIIs de papel (CRIs) ajustam pro CDI/IPCA e mantêm rendas atrativas; os de tijolo sentem mais o ciclo econômico, mas têm potencial de valorização quando a curva de juros começar a cair.
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Comparação honesta: hoje, renda fixa entrega retorno bruto e líquido muito competitivo com risco menor. FIIs continuam relevantes para renda mensal isenta e diversificação, mas o “carrego” seguro do CDI em 15% eleva o custo de oportunidade.
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Olho no ciclo: caso os cortes se confirmem adiante, tijolo tende a se beneficiar na precificação dos imóveis e do cap rate; papel pode ver dividendos cederem aos poucos conforme indexadores arrefecem.
Ações e dividendos: onde estão as brechas
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High yield x qualidade: com juros altos, o mercado pune alavancagem e premia caixa. Setores defensivos e empresas geradoras de fluxo de caixa previsível preservam melhor dividendos.
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Estatais e volatilidade: lucros pressionados por setores específicos (ex.: agro) e ruído político aumentam volatilidade. Estratégia prática: aportes fracionados (em etapas) e limite de exposição por ativo.
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Sinal para 2026: a precificação de cortes costuma começar antes do Copom girar a chave. Quem busca assimetria deve monitorar juros futuros e o Focus (inflação/atividade).
Táticas de alocação em 2025
Para perfis conservadores
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Coração da carteira: Tesouro Selic/CDB com liquidez diária.
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Otimização tributária: LCI/LCA com rating sólido e prazos compatíveis com sua necessidade de caixa.
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Reserva de oportunidade: mantenha caixa para eventuais tranches em FIIs/ações quando a curva precificar cortes.
Para perfis balanceados
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Barra “real”: Tesouro IPCA+ escalonado (médios e longos).
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Renda mensal isenta: FIIs diversificados (papel + tijolo).
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Pílula de risco: small/mid caps de qualidade ou setores cíclicos com desconto, via aportes mensais.
Para perfis arrojados
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Apostas no ciclo: aumentar gradualmente exposição a tijolo e setores sensíveis ao juro quando a curva começar a inclinar para baixo.
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Disciplina: mantenha stop de risco por posição e limites por setor; não subestime o carrego de 15% como alternativa.
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