Na metade de agosto, o dólar operou ao redor de R$ 5,41, após tocar R$ 5,38 nos dias anteriores — a mínima de 2025. No acumulado do ano, a moeda cai cerca de 14% frente ao real, após ter iniciado 2025 na casa de R$ 6,30. A dinâmica reflete maior oferta de dólares no mercado doméstico e menor demanda relativa, reduzindo o preço.
Por que o dólar caiu?
1) Diferencial de juros favorece o Brasil
A Selic está em 15% ao ano, um patamar que mantém o juro real brasileiro entre os mais altos do mundo. Com a inflação doméstica perto de 5,3%, o retorno real é robusto e atrai capital estrangeiro para renda fixa local. Maior entrada de dólares = mais oferta = câmbio mais baixo.
2) Sinal de alívio nos EUA
A inflação de 12 meses nos EUA gira em 2,7% (julho), enquanto a taxa básica está em 4,5%. O mercado trabalha com alta probabilidade de corte em setembro. Quando os juros americanos tendem a cair, parte do capital global busca retornos em outras praças — e o Brasil, com juro alto, entra no radar.
3) Dólar mais fraco no mundo (DXY)
Em 2025, o DXY — que mede o dólar contra euro, iene, libra e outras moedas fortes — perdeu cerca de 9,5%. Ou seja, não é apenas o real: várias moedas se fortaleceram. A combinação de expectativa de cortes nos EUA e realocação de portfólios enfraqueceu o dólar no agregado.
Números-chave (agosto/2025)
Indicador | Brasil | EUA |
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Juros nominais | 15,0% a.a. | 4,5% a.a. |
Inflação (12m) | ~5,3% | 2,7% |
Juro real aproximado* | ~9,3% | ~1,8% |
*Cálculo ilustrativo: juros nominais − inflação (12m). Serve para indicar ordem de grandeza do diferencial.
O que pode mudar até dezembro?
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Cortes na Selic: se o ciclo de queda dos juros no Brasil acelerar, o diferencial diminui, enfraquecendo o carry e podendo sustentar alta do dólar.
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Decisão do Fed: um corte menor que o esperado — ou um discurso mais duro — pode reapreciar o dólar globalmente.
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Risco fiscal doméstico: dúvidas sobre a trajetória de gastos e dívida costumam aumentar o prêmio de risco e pressionar o câmbio.
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Commodities e termos de troca: petróleo e metais (precificados em dólar) afetam fluxo e, indiretamente, o real.
Vai a R$ 4? Ou volta a R$ 6?
Historicamente, quedas abruptas tendem a encontrar suporte antes de níveis simbólicos (como R$ 5,00). Por outro lado, altas inesperadas podem surgir se:
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a Selic cair mais rápido;
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houver piora fiscal;
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o exterior reprecificar juros americanos para cima.
Em outras palavras, uma nova perna até R$ 4,00 parece distante, enquanto volatilidade de volta à faixa R$ 5,40–R$ 5,90 é um risco plausível se os vetores acima mudarem de direção.
Comprar dólar agora ou esperar?
Para quem investe no exterior, duas estratégias costumam funcionar melhor em conjunto:
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Preço médio (aportes graduais): reduz risco de errar o ponto de entrada num mercado volátil.
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Janelas táticas: quedas para a região das mínimas do ano (R$ 5,38–R$ 5,41) são oportunidades de reforço se o investidor aceitar oscilações no curto prazo.
Diversificação cambial: como boa parte dos preços no Brasil é sensível ao dólar, manter uma parcela do patrimônio exposta à moeda forte ajuda a amortecer choques. Estimativas conservadoras apontam algo próximo de 15%–20% como faixa mínima razoável para essa proteção (a calibrar pelo perfil de risco).
Linha do tempo de 2025 (USD/BRL)
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Início do ano: perto de R$ 6,30.
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1º semestre: apreciação do real com fluxo para renda fixa.
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Agosto: mínimas do ano na faixa de R$ 5,38–R$ 5,41.
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