‘Reparação’: defesa da família de gari explica pedido de bloqueio de bens de suspeito do crime e da esposa

A defesa da família do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, morto a tiro enquanto trabalhava na última segunda-feira (16), entrou com pedido na Justiça para o bloqueio dos bens do suspeito, Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, e de sua esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino. Segundo o advogado Tiago Lenoir, em entrevista ao BHAZ, neste sábado (16), a medida busca assegurar uma futura reparação aos familiares da vítima.

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Segundo o advogado, a petição, conhecida como ‘tutela antecipada’ e ajuizada na última quinta-feira (16), aponta que as investigações apresentam fundamentos concretos de que o empresário cometeu o crime e de que a arma usada no homicídio pertencia à delegada, que teria agido com omissão e negligência ao deixá-la à disposição do marido.

“Costumamos chamar de ‘fumaça do bom direito’, ou seja, onde tem fumaça tem fogo. O fogo ainda não chegou, mas a fumaça já percebemos. Aí está o perigo da demora, porque, se não bloquear quanto antes esses bens, corre o risco desse patrimônio ser dilapidado e as pessoas que têm direito a reparação não serem, devidamente amparadas”, explicou durante a entrevista ao BHAZ.

A petição prevê reparações que incluem as despesas médicas da vítima, os custos do funeral e demais prejuízos materiais decorrentes da morte, o pagamento de pensão equivalente à remuneração de Laudemir, considerando sua expectativa de vida, além de indenização por danos morais aos herdeiros.

Thiago Lenoir afirmou ainda esperar que o empresário seja levado a júri popular e receba uma pena rigorosa. “Conseguimos a prisão preventiva e, agora, espero que ele seja indiciado pela Polícia Civil, denunciado pelo Ministério Público, processado pela Justiça, pronunciado pela juíza e levado a júri popular. Que a população julgue suas ações e que seja aplicada uma pena expressiva pelo crime cometido”, declarou.

O advogado, renomado profissional, está auxiliando a família da vítima e atuará gratuitamente como colaborador do caso, motivado pela brutalidade do crime. “Santo Ivo, padroeiro da advocacia, dizia: ‘Jura-me que a sua causa é justa, que eu o defenderei’. Eu e o Brasil temos certeza de que a causa desta família é extremamente justa. Vou acompanhá-los até o fim, trabalhando arduamente, e não descansarei enquanto este indivíduo não for condenado e todos os responsáveis não pagarem por tudo”, concluiu.

Arma é da esposa delegada, diz PC

A PCMG confirmou na tarde dessa sexta-feira (15) que a arma usada no homicídio do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, está registra em nome da delegada Ana Paula Balbino. Renê Júnior, marido dela, foi preso suspeito de cometer o crime poucas horas após a morte do trabalhador.

Conforme a nota da corporação, exames periciais realizados na arma de fogo indicaram o registro em nome da servidora da instituição. O laudo informou que se trata de um revólver de uso particular, e não o da PCMG.

Ana Paula entregou voluntariamente as armas de fogo de uso particular e de uso corporativo para passar por perícia na última segunda-feira (11). A servidora foi conduzida à delegacia, onde prestou depoimento informando que Renê Junior não possuía acesso ao armamento e que, portanto, desconhecia qualquer envolvimento dele em prática criminosa.

Em depoimento, Renê Junior negou que estava no local dos fatos. Ele disse que saiu de casa nessa segunda-feira (11) e pegou trânsito incomum enquanto se dirigia até a empresa dele, localizada em Betim, onde ficou até o horário do almoço. Depois, o suspeito contou que retornou à residência, trocou de roupa e saiu para passear com os cachorros. Após isso, ele afirmou que deixou os animais em casa e se dirigiu à academia, onde foi abordado por policiais militares. De acordo a PCMG, ele negou qualquer fato extra que havia ocorrido durante o dia. No entanto, ele confirmou que a delegada possuía duas armas de fogo na residência deles.

Entenda

O empresário Renê Junior, de 47 anos, suspeito de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela Justiça de Minas Gerais, após audiência de custódia na manhã dessa quarta-feira (13). Ele foi atuado por homicídio duplamente qualificado e ameaça.

Laudemir foi assassinado com um tiro no abdômen, enquanto trabalhava no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte, nessa segunda-feira (11). Ele chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Santa Rita, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

O crime

Conforme a ocorrência policial, o crime ocorreu durante uma briga de trânsito, na rua Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, região Oeste da capital, na manhã dessa segunda-feira (11). Conforme testemunhas, um caminhão de lixo estava parado na rua, durante a coleta de resíduos, quando o empresário Renê Junior exigiu para que fosse liberado espaço na via para passar com o veículo que dirigia, um BYD cinza.

Irritado, ele ameaçou a motorista do caminhão com uma arma. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse. Foi nesse momento que ele saiu do veículo e disparou contra os funcionários, acertando Laudemir. “E aí ele entrou do carro e foi embora. Não prestou socorro, nem olhou para trás, ele seguiu o caminho dele”, relatou ao BHAZ a motorista do caminhão, Eledias Aparecida.

O suspeito

Renê Junior é marido da delegada Ana Paula Balbino, da Polícia Civil de Minas Gerais. Conforme o perfil de Renê Junior no LinkedIn, ele atua há 27 anos no setor de alimentos e bebidas. O suspeito já ocupou cargos de lideranças em empresas multinacionais.

Em 2024, Ana Paula chegou a publicar elogios à conduta do marido. No post, a delegada afirmou que Renê é um homem “justo, empático e amável”. “Gostaria de falar do homem de caráter irrefutável. Um cidadão que se preocupa com as pessoas que estão sobre sua gestão ou não. Justo, empático, amável e adorado pela família e amigos”, escreveu ela. “Cristão e patriota, é exemplo para muita gente quanto ao quesito superação”, destacou no texto.

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