O fundo imobiliário HSML11, um dos grandes nomes do segmento de shoppings, tem chamado atenção após uma expressiva valorização de mais de 20% desde o início de 2025. Negociado atualmente em torno de R$ 81,80, o fundo apresenta um dividend yield atrativo de 11,2% e um P/VP de 0,74 — um deságio de 26% frente ao seu valor patrimonial.
Com mais de 190 mil cotistas e uma média de liquidez diária de R$ 2,3 milhões, o HSML11 figura entre os “Big Five” dos FIIs de shopping, ao lado de XPML11, VISC11, MALL11 e HGBS11. No entanto, por trás dessa performance, há uma série de pontos que merecem atenção.
Redução de dividendos gera instabilidade
Um dos principais fatores que causou volatilidade no HSML11 foi a decisão da gestão de reduzir o valor dos dividendos pagos. Enquanto em 2024 o fundo distribuía R$ 0,80 por cota mensalmente, em 2025 essa quantia foi cortada para R$ 0,65. A mudança, que não foi bem explicada nos relatórios gerenciais, gerou desconfiança no mercado e causou uma queda significativa no preço da cota, que chegou a R$ 67 antes de iniciar a recuperação recente.
Segundo os informes, a gestão teria feito essa redução para ajustar os pagamentos aos preços de mercado e criar reservas de resultados. Em março, por exemplo, foram reservados R$ 0,27 por cota, acumulando cerca de R$ 1,40 — quase dois meses de dividendos ainda não distribuídos, que devem ser pagos até o final de junho, por obrigação legal.
Dividendos acumulados podem beneficiar novos entrantes
Esse cenário pode parecer atrativo para quem entrar agora no fundo, já que há uma expectativa de “bolada” de dividendos no fim do semestre. Contudo, especialistas alertam: esse pagamento será composto por receitas não recorrentes, vindas de vendas de ativos, e pode ser seguido por nova retração nas cotas, quando o fundo voltar a pagar apenas os dividendos recorrentes.
Vendas de ativos: oportunidades ou riscos futuros?
O HSML11 realizou duas vendas relevantes recentemente: participações no Shopping Pátio Maceió e no Shopping Uberaba. Essas operações contribuíram para o lucro acumulado, mas há uma cláusula importante nos contratos que preocupa: os compradores têm opção de revenda dos ativos ao fundo, em prazo de 3,5 a 4,5 anos.
O problema é que a gestão não detalhou em que condições esses ativos poderiam ser recomprados. Essa falta de transparência pode se tornar uma dor de cabeça no futuro, caso o fundo seja forçado a recomprar os imóveis por um valor desfavorável.
Emissões abaixo do valor patrimonial e taxas elevadas
Outro ponto crítico é a política de emissões do HSML11. A gestora já realizou duas rodadas de emissão de novas cotas abaixo do valor patrimonial, o que tende a diluir o patrimônio dos cotistas antigos e é visto como medida prejudicial à base atual.
Além disso, o fundo possui uma das taxas mais altas do segmento: 1,05% ao ano de administração e gestão, somadas a uma taxa de performance de 20% sobre o que excede o benchmark. Só em março de 2025, o fundo pagou R$ 4 milhões em taxa de performance, valor que impacta diretamente o resultado e reduz a margem de distribuição de dividendos.
Em comparação, outros fundos da categoria cobram taxas bem menores, como o HGBS11 (0,6%) e o MALL11 (0,5%).
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