‘Eu perdoo ele’: viúva de gari morto em BH diz que perdoa assassino e pede justiça

Liliane França da Silva, viúva do gari Laudemir Fernandes, de 44 anos, disse, nesta quarta-feira (20), que perdoa o empresário Renê Júnior, que confessou ter cometido o crime. Ele morreu com um tiro no abdômen enquanto trabalhava na última segunda-feira (11).

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Em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (20), Liliane da Silva revelou a dor e o vazio provocados pela perda de Laudemir Fernandes. “Estamos passando por dias difíceis. Não só minha sogra, como meus cunhados, minhas filhas. A gente está tentando refazer a nossa vida sem o nosso Laudemir”, disse.

Além disso, a viúva denunciou o racismo, desumanização e desrespeito enfrentado pelos garis diariamente. “Eu recebi mensagem [de amigos] dizendo que eles estão com medo do trabalho, porque o que aconteceu com Laudemir é algo que acontece todos os dias”, contou. Liliane da Silva ainda relembrou relatos do trabalhador: “Algumas vezes ele chegou a dizer quanta humilhação eles passavam, das pessoas falarem que iria passar o carro em cima deles”, relembrou.

'Tenho medo de que o caso caia no esquecimento e de que ele saia pela porta da frente', diz viúva de gari sobre suspeito de crime
Declaração foi feita durante assembleia pública na ALMG, em BH. (Isabella Guasti/BHAZ)

“Houve um racismo, sim. Houve um desrespeito, sim”, afirmou.

Embora classifique o ato de Renê Júnior como “covardia”, Liliane da Silva disse que perdoa o empresário e que faz orações para que ele encontre alívio. “Eu não tenho ódio dele. Eu perdoo ele porque ele é uma pessoa muito fútil. Ele é uma pessoa muito vazia. Eu peço todas as vezes que o meu coração fica apertado para Deus encontrar ele e levar algum alento para alma daquele homem que não tem noção do que ele fez”, desabafou.

Ao final, a viúva relembrou a cumplicidade entre ela e o marido, e destacou que ele não gostava de brigar. “Eu perdi meu protetor, eu perdi meu companheiro, eu pedi um ajudador, eu perdi a pessoa que cuidava de mim. Eu não precisava de falar as coisas, ele já sabia. Não gostava de brigar. Nós mulheres amamos brigar, mas ele não. Ele ficava caladinho e tentava fazer alguma coisa para me agradar”, expressou.

Entenda

Laudemir foi morto no dia 11 de agosto, na rua Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, região Oeste da capital. Conforme testemunhas, um caminhão de lixo estava parado na rua, durante a coleta de resíduos, quando Renê Junior exigiu para que fosse liberado espaço na via para passar com o veículo que dirigia, um BYD cinza.

Irritado, ele ameaçou a motorista do caminhão com uma arma. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse. Foi nesse momento que ele saiu do veículo e disparou contra os funcionários, acertando Laudemir. “E aí ele entrou do carro e foi embora. Não prestou socorro, nem olhou para trás, ele seguiu o caminho dele”, relatou ao BHAZ a motorista do caminhão, Eledias Aparecida.

Renê confessou o crime durante um novo interrogatório, realizado na segunda-feira (18), na sede do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “Na oportunidade, o suspeito alegou que efetuou o disparo em razão de uma discussão de trânsito e que a sua esposa, servidora da PCMG [Polícia Civil de Minas Gerais], não tinha conhecimento que ele havia se apoderado da arma particular da delegada, uma pistola, calibre .380”, explicou a PCMG.

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