“Acredito que agora falte pouco tempo para que o julgamento confirme a necessidade de responsabilizar o senhor Jair Bolsonaro e, inclusive, os seus parceiros e cúmplices. Nós estamos chegando naquele momento em que os ratos saem do navio”,
avaliou a deputada.
Ainda em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, a deputada destacou que o país vive um momento histórico, referindo-se ao recente vazamento de mensagens em que Eduardo Bolsonaro critica e xinga o próprio pai. Ela falou também sobre o fato de Eduardo ter insultado Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.
Deputa federal Alice Portugal
| Foto: Paulo Sérgio – Câmara dos Deputados
“O Eduardo xingou Jair Bolsonaro em mensagens. Então, chama o pai de ingrato, xinga o pai com palavrões. Inclusive, isso contrastou com o modelo de família tradicional e conservadora que eles tanto apregoaram. Portanto, já existia esse ponto de conflito conhecido para o país. Eduardo também ataca Tarcísio”, afirmou Portugal.Para a deputada, esse conflito interno dentro da família Bolsonaro evidencia a fragilidade do discurso conservador que sempre sustentaram publicamente. “Isso contrasta com o modelo de família tradicional que eles tanto apregoaram.”Ainda conforme a parlamentar, o indiciamento é uma consequência natural dos crimes cometidos, especialmente, durante a gestão do ex-presidente, onde o sofrimento da população durante a pandemia e a tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito, ficaram evidenciados.”O indiciamento é uma consequência de tudo que está sendo provado, tudo que está sendo mostrado e sobre o sofrimento em que o país foi submetido. Sofrimento na pandemia, sofrimento na política, na desmoralização da política, uma tentativa de um golpe de Estado, contra o Estado democrático de direito, de explosão de um caminhão de gasolina na véspera do Natal. Enfim, então, o indiciamento é a consequência natural dos crimes e do justo processo legal que está se encaminhando para o desfecho”, avaliou. Julgamento de Jair BolsonaroAlice Portugal também demonstrou preocupação com possíveis reações violentas de apoiadores extremistas do ex-presidente no dia do julgamento. Ela alertou para o risco de escalada por parte de movimentos de extrema-direita que, segundo ela, estão alinhados com discursos autoritários internacionais.
Julgamento de Jair Bolsonaro está previsto para o dia 2 de setembro
| Foto: Tânia Rego/Agência Brasil/Arquivo
“No dia 2 [de setembro], eu espero que não haja uma escalada de violência ou de inconsequências, como nós assistimos durante 33 horas aqui no plenário da Câmara dos Deputados. Eu acredito que no dia 2, no dia do julgamento, nós temos que estar prevenidos, tranquilos, calmos, mas, prevenidos contra qualquer desvario desse movimento de extrema-direita que no Brasil está mais do que nítido, mais do que articulado com o movimento internacional”, declarou.Para a deputada, o discurso da extrema-direita brasileira “é o mesmo de Milei, o mesmo discurso de Giorgia Meloni, que já foi o discurso de Mussolini, de Salazar. A extrema-direita tenta construir um discurso de ódio, de confronto, usando inclusive a religião como ferramenta política”.Na fala, Portugal cita Javier Milei, presidente da Argentina, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o ditador fascista italiano, Benito Mussolini (1883–1945), e o ex-governante autoritário português, António de Oliveira Salazar (1889–1970).
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Ela reforçou ainda que o processo contra Bolsonaro e seus aliados deve seguir o curso legal, sem exageros ou perseguições políticas. “É o início de uma feitura de justiça com base estritamente no processo legal, no justo processo legal, sem nenhum excesso, sem nenhuma mentira, sem nenhuma indução, sem nenhuma militância judicial”, finalizou a governista.