Trevo da Amizade celebra 40 anos de tradição no bolão em Brusque

Há 40 anos, a tarde de quinta-feira é reservada para um compromisso especial para as integrantes do grupo Trevo da Amizade: jogar bolão, tomar um bom café e colocar a conversa em dia.

Mas nesta quinta-feira, 21 de agosto, o dia foi ainda mais especial, com reencontros, muitas homenagens e um almoço festivo para celebrar as quatro décadas de história do grupo que mantém viva a tradição do bolão no Clube Caça e Tiro Araújo Brusque.

Fundado em 12 de abril de 1985 pelas amigas Erika Crews, Erica Totene e Edite Aviz de Oliveira (in memoriam), o grupo Trevo da Amizade coleciona histórias, medalhas e participações em competições representando a cidade. Atualmente, conta com 23 integrantes, a maioria acima de 75 anos. Pela idade, hoje nem todas jogam, mas fazem questão de estar presentes e manter o grupo cada vez mais ativo.

Erika Crews, 85 anos, é a única das fundadoras que permanece no grupo. Ela conta que começou a jogar bolão ao lado do marido, quando morava em Mafra. “Tínhamos uma turma de casais, e Mafra é uma cidade em que a tradição do bolão era muito forte. Depois meu marido foi transferido para Tubarão e lá não tinha o bolão, e depois pra Brusque. Aqui começamos no Paysandú, fomos para o Carlos Renaux, Beneficente, até que em 1985 viemos pro Caça e Tiro e estou aqui até hoje”.

Foi quando jogava no Beneficente que Erika e as amigas fundaram o grupo Trevo da Amizade. Lá, jogaram até setembro, quando decidiram mudar para o Caça e Tiro Araújo Brusque. “Depois da enchente de 1984, o Caça e Tiro fez a reforma nas canchas de bolão e o grupo resolveu mudar para cá. Ao longo desses anos, muita gente já passou pelo grupo”, ressalta a presidente do Trevo da Amizade, Roseli Debatin Campi.

Devido a idade, Erika não joga mais, mas guarda com carinho as recordações da época que entrava na cancha e se destacava. “Minha bola era pesada, tinha 9 quilos. Eu jogava muito bem. Fiz 180 pontos  no Beneficente, no Carlos Renaux e aqui no Caça e Tiro também tenho uma medalha  de 180”, conta, orgulhosa.

O 180 feito algumas vezes por Erika é a pontuação máxima do bolão. Ocorre quando a jogadora consegue fazer 45 pontos em cada cancha. Um feito muito difícil de se conseguir. “Tem gente que joga por anos e não consegue fazer o 180. Realmente, precisa ser uma jogadora muito boa para conseguir”, observa a presidente.

Diversão da semana
Terezinha Becher, 79 anos, entrou no grupo Trevo da Amizade no dia 15 de agosto de 1991, um dia depois de seu aniversário. Ela foi convidada por Erika para fazer parte do grupo.

“Eu vim, aprendi e comecei a jogar bem. Aí a quinta-feira passou a ser o meu dia de diversão. Era o dia que eu tinha livre na semana, e é assim até hoje. Eu espero a quinta-feira para estar junto com a turma. Aqui não existe rivalidade, só uma amizade muito grande. Somos uma família”, diz.

Ela conta que no início, o grupo tinha até treinador para poder se preparar para as competições que disputava. “Nós jogávamos os Jogos Abertos, então tinha que treinar, era tudo muito sério. Eu já fiz três 180. Hoje em dia já é mais brincadeira, para se divertir. Não temos técnico, as mais velhas ensinam as mais novas, e assim vai”.
A presidente do grupo, Roseli Debatin Campi, conta que por muitos anos, o grupo tinha bastante regras. As integrantes se encontravam para treinar e levavam tudo muito a sério.

Hoje, os encontros são para se divertir. “Encontrei registros em ata em que as disputas eram feitas entre elas, e quem perdesse pagava. Na época, era 40 centavos a partida. Antigamente também só poderia entrar no grupo de bolão, se a pessoa fosse aprovada em uma votação secreta. Se uma integrante dissesse não, a pessoa não entrava”.

Paixão de família

Risolete Schlindwein é uma das integrantes mais antigas do grupo. Ela entrou em 1990 para acompanhar a mãe, Lucilla Colzani (in memoriam), que sempre teve o bolão como uma paixão.
“Antes, acompanhava quando dava, pois trabalhava fora e tinha horários. Depois que me aposentei, passei a fazer parte do grupo. Minha mãe e meu pai sempre gostaram e minha mãe jogava muito bem, foi campeã individual de bolão nos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC). Ela jogou até os 83 anos, porque o médico achou que tinha que parar, mas continuou acompanhando o grupo por muitos anos ainda”.

Mais que bolão

Hoje, as quintas-feiras são divididas em três momentos. Primeiro, claro, o jogo de bolão. Depois, o café da tarde. E, para encerrar, não pode faltar um bom bingo.

No início do ano, o grupo também define a programação de viagens para jogar bolão com outros grupos e fazer turismo. “Em Santa Catarina, quase todas as cidades tinham canchas de bolão. Itajaí era famosa, mas hoje não existe mais. Hoje, jogamos em São Bento do Sul, Joinville, Rio Negrinho, Barra Velha, Pomerode, Blumenau.

Já temos a agenda e fazemos os passeios. É um grupo muito unido, divertido, sempre acaba em festa”, destaca a presidente.

Além de viajar, o Trevo da Amizade também recebe com frequência outros grupos para jogar, mantendo, assim, a tradição do bolão viva. “Há 40 anos, o bolão era um esporte muito popular, estava na moda. Havia muitos grupos. Com o tempo, foi se perdendo, e depois da pandemia, foram poucos os que retornaram. Nós conseguimos passar esse período e nos mantemos fortes aqui, se depender do Trevo da Amizade, o bolão no Caça e Tiro seguirá por muitos anos ainda”.

Apoio do clube
Para o presidente do Clube Caça e Tiro Araújo Brusque, Iuri Alex Sander Barni, é um orgulho para a instituição ser a casa do grupo Trevo da Amizade. “Fazemos questão de dar todo o apoio possível, afinal, são 40 anos levando o nome do nosso clube pelo estado. Elas estão mantendo viva essa tradição que já foi muito forte na nossa região, por isso, estamos com um projeto de apoio, visando fomentar que novos grupos da modalidade se formem aqui no clube, tendo elas como exemplo”.

De acordo com o presidente, a estrutura do Caça e Tiro está aberta para a formação de novos grupos de bolão. Mais informações sobre dias e horários livres da cancha pelo telefone: (47) 3396-6871.

As integrantes do grupo
Ana Patrícia Vinotti, Betina Benvenutti, Cecília Luchini, Cecília Campi, Claudinice Sgrott, Erika Crews, Judite Bernardi, Luzia Sgrott, Maria Bernardete de Aviz, Maria Suzete de Oliveira, Maria Helena Cervi, Marlene Campi, Martha Mafra, Maura Cervi, Meire Knihs, Mirna Campi, Noelci dos Santos, Olga Koshnik, Risolete Schlindwein, Roseli Campi, Rosita Horner, Terezinha Becher e Valda Müller.

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