Com o cenário econômico internacional cercado de incertezas — impulsionado por tensões entre Estados Unidos e China —, as taxas dos títulos públicos brasileiros voltaram a níveis surpreendentemente atrativos. Investidores que estavam à espera de boas oportunidades na renda fixa estão, finalmente, diante de um momento decisivo: Tesouro IPCA pagando perto de 8% ou pré-fixado acima de 15%. Mas afinal, qual é a melhor opção? A resposta, como sempre, depende do seu perfil e do seu horizonte de investimento.
As taxas do Tesouro nunca estiveram tão boas?
Tesouro IPCA: retornos históricos em destaque
Em uma análise das séries históricas de taxas do Tesouro IPCA, títulos com vencimentos entre 2029 e 2040 estão oferecendo rendimentos próximos de 7,9% ao ano + IPCA. Considerando os últimos 12 meses, isso coloca essas taxas entre as 2% mais altas registradas no período — um dado que, por si só, já chama atenção.
Quando o horizonte é ampliado para 10 anos, ainda assim as taxas atuais figuram entre as 10% melhores da década, com intervalos históricos de 6,87% a 10,27% ao ano.
Essa performance revela que os IPCA+ estão entregando rentabilidades reais que protegem contra a inflação, algo essencial em um país com histórico de preços instáveis.
Tesouro Pré-fixado: rentabilidade recorde
Já os títulos pré-fixados — com destaque para o 2032 e 2035 — apresentam taxas em torno de 15,12% ao ano, o que os coloca entre as 5% maiores taxas dos últimos 10 anos.
Entretanto, é importante fazer um alerta: embora o patamar seja excelente, os gráficos de taxa média mensal indicam um leve declínio nos últimos meses — saindo de 15,14% em janeiro para 14,59% em abril. Esse pode ser um sinal de que o topo foi atingido recentemente.
Curto, médio ou longo prazo? Estratégias para cada perfil
Longo prazo (10 anos ou mais): IPCA é o rei
Se o objetivo é proteger o patrimônio contra a inflação e buscar rentabilidade consistente ao longo dos anos, Tesouro IPCA+ 2040 ou 2050 se destacam como as melhores escolhas.
Motivos:
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A inflação brasileira histórica gira em torno de 6% ao ano.
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Os títulos IPCA protegem contra essa corrosão do poder de compra.
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Os títulos de longo prazo têm juros compostos mais potentes com aportes regulares.
Médio prazo (5 a 7 anos): diversificação é a chave
Neste horizonte, uma estratégia equilibrada pode gerar melhores resultados. Misturar IPCA+ e pré-fixado ajuda a capturar oportunidades, ao mesmo tempo em que oferece proteção.
Motivos:
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As taxas atuais dos dois tipos de título estão entre as melhores da década.
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A imprevisibilidade do cenário internacional (especialmente os EUA) exige cuidado.
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O Banco Central brasileiro tem se mostrado firme no combate à inflação.
Dica prática: prefira colocar uma fatia maior em IPCA, já que o pré-fixado tende a oscilar mais fortemente com as expectativas futuras.
Curto prazo (até 3 anos): Selic pode ser a melhor opção
Em um prazo mais curto, onde a imprevisibilidade domina, o Tesouro Selic surge como a escolha mais segura. A taxa básica de juros ainda está elevada, e isso garante rentabilidade com baixo risco.
Expectativas futuras: juros e inflação em 2025
Juros futuros apontam tendência de queda
Ao observar o comportamento do juros futuro do pré-fixado 2032, o gráfico mostra um padrão de lateralização nos preços há 16 semanas. Com as bandas de Bollinger se estreitando, há uma expectativa de forte movimentação nos próximos dias — e a maior probabilidade, segundo os indicadores técnicos, é de queda.
Isso reforça a ideia de que as taxas atuais podem estar no topo e que os próximos meses tragam rendimentos menores para novos investidores.
Inflação segue alta, mas com tendência de desaceleração
As projeções do Boletim Focus indicam inflação de 4,5% em 2025 e 4% em 2026. Ainda que abaixo dos números recentes, continuam acima da meta oficial do Banco Central (3,5%), o que indica que os IPCA+ seguem relevantes para proteger o investidor no médio e longo prazo.
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