Nesta segunda-feira (5), o mercado financeiro brasileiro iniciou a semana com instabilidade, refletindo um ambiente externo turbulento e expectativas domésticas contidas. O Ibovespa recuou levemente, enquanto o dólar caiu para R$ 5,65, num dia marcado pela cautela dos investidores antes da chamada “Super Quarta”, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil e o Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos anunciam suas decisões sobre as taxas de juros.
Além das decisões monetárias, pesaram sobre os ativos brasileiros as novas tensões comerciais envolvendo os EUA e a surpreendente aposentadoria de Warren Buffett, ícone do mercado global. Esses fatores adicionaram incertezas e aumentaram a volatilidade nos principais índices.
Super Quarta no radar: Selic e juros dos EUA são o foco
Na chamada “Super Quarta”, que ocorre nesta semana, os investidores esperam definições cruciais por parte dos bancos centrais. O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, reduziu a expectativa de Selic para 2025 para 9,5% ao ano, sinalizando que o mercado acredita numa possível pausa no ciclo de cortes diante do cenário global adverso.
Em entrevista à CNN, Carla Beni, economista da FGV, afirmou que o Brasil vive um descolamento preocupante da taxa real de juros em relação aos padrões históricos. “Hoje temos uma taxa real de cerca de 7%, o que mostra um cenário restritivo e que pode inibir o crescimento econômico”, afirmou.
Dados dos EUA pressionam o Fed
Do outro lado do Atlântico, o Federal Reserve também enfrenta um cenário desafiador. Embora o PIB do primeiro trimestre dos EUA tenha mostrado desaceleração, os dados do setor de serviços divulgados nesta segunda (PMI) apontaram uma aceleração da atividade em abril, o que acende um alerta para uma inflação persistente.
Esses dados dificultam uma eventual flexibilização da política monetária americana, levando os investidores a reprecificarem seus ativos com base em juros mais altos por mais tempo.
Guerra tarifária e críticas de Trump aumentam tensão
Outro fator que ajudou a pressionar os mercados foi a retórica agressiva de Donald Trump contra o presidente do Fed, Jerome Powell, e a defesa de uma nova rodada de tarifas comerciais. A possibilidade de um retorno da guerra comercial entre EUA e China assusta investidores e pode afetar diretamente países emergentes como o Brasil, que dependem das exportações de commodities.
Saída de Warren Buffett surpreende o mercado
Como se não bastasse o ambiente já carregado, a notícia da aposentadoria de Warren Buffett, anunciada na reunião anual da Berkshire Hathaway, pegou o mercado de surpresa. O lendário investidor, que acumulou uma fortuna superior a US$ 160 bilhões, anunciou que doará mais de 99% de seu patrimônio para ações filantrópicas.
A sucessão será conduzida por Greg Abel, atual vice-presidente da Berkshire e responsável pelas operações não relacionadas a seguros. A notícia provocou forte reação nas ações da empresa, que caíram 6% nesta segunda-feira, refletindo incertezas quanto ao futuro da holding sem a liderança de Buffett.
Dólar recua, mas cenário ainda é instável
Apesar da queda do dólar nesta segunda-feira, cotado a R$ 5,65, a moeda americana continua refletindo a instabilidade global. Analistas apontam que essa queda pontual pode ser apenas um alívio momentâneo antes das decisões do Copom e do Fed.
Expectativas e próximos passos
Com tantos fatores em jogo — juros, tarifas, sucessões e dados macroeconômicos —, o mercado entra em modo de espera tensa. A expectativa é que o Banco Central brasileiro adote uma postura de maior cautela, possivelmente sinalizando pausa nos cortes da Selic.
Já o Federal Reserve pode optar por manter os juros, mas o tom do comunicado será fundamental para entender os próximos movimentos. Uma sinalização mais agressiva pode reverter o atual movimento de queda no dólar e trazer ainda mais pressão sobre o Ibovespa.
O cenário de incerteza exige atenção redobrada dos investidores, especialmente em um momento em que o Brasil enfrenta juros reais elevados, inflação ainda pressionada e influência direta de eventos internacionais. A semana promete forte volatilidade, e cada anúncio poderá reconfigurar o comportamento dos mercados.
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