Weg despenca 11% após balanço: lucros crescem, mas mercado reage a custos e valuation elevado

A Weg (WEGE3), uma das empresas mais queridas da bolsa brasileira, viu suas ações despencarem mais de 11% em um único dia após a divulgação do resultado do primeiro trimestre de 2025. O movimento, apesar de surpreendente à primeira vista, tem fundamentos que vão além dos números positivos apresentados pela companhia.

Receita sobe 26%, com destaque para mercado externo

A receita líquida da Weg cresceu 26% no comparativo com o primeiro trimestre de 2024, totalizando R$ 8,1 bilhões. Do total, 56% veio do mercado externo, refletindo a consolidação da estratégia de internacionalização da empresa nos últimos anos. Embora essa participação já tenha sido maior — próxima de 60% —, a queda leve é atribuída à valorização do real frente ao dólar.

Todas as linhas de negócio cresceram, mas energia solar liderou

A Weg reportou crescimento em todas as suas divisões: motores, equipamentos industriais, tintas, vernizes e, especialmente, o setor de energia solar. A demanda externa por placas fotovoltaicas puxou o desempenho da área de energia, mas também impactou negativamente os custos, que cresceram na mesma proporção que a receita: 26%.

Segundo a empresa, essa linha possui margens menores e foi pressionada pela alta no preço do cobre, um dos insumos-chave da produção. Apesar do aumento dos custos, a manutenção das margens e o equilíbrio no crescimento da receita indicam que não houve deterioração nos fundamentos operacionais da companhia.

Despesas operacionais sobem 37% com novas aquisições

Um dos pontos que geraram maior desconforto no mercado foi o aumento de 37% nas despesas operacionais, que somaram R$ 1,2 bilhão. Esse salto é explicado pelas recentes aquisições da Weg — Marton, Hotor e Semp —, que ainda estão em processo de integração. A expectativa é que esses custos sejam temporários e que as sinergias comecem a aparecer nos próximos trimestres.

ROIC cai e gera sinal de alerta

O Retorno sobre Capital Investido (ROIC), indicador muito acompanhado por analistas, caiu de 38,9% para 33,2%. A queda de 5,7 pontos percentuais, embora parcialmente explicada pelos investimentos nas aquisições, levantou dúvidas sobre a eficiência no uso do capital da companhia no curto prazo.

Ainda assim, vale destacar que o EBITDA ajustado chegou a R$ 2,2 bilhões, em crescimento significativo frente ao 1T24, o que mostra robustez operacional.

Lucro líquido avança 16% e é quase seis vezes maior do que há 5 anos

A Weg registrou lucro líquido de R$ 1,6 bilhão no trimestre, alta de 16% em relação ao mesmo período de 2024. O dado impressiona por representar um avanço contínuo da lucratividade: há apenas cinco anos, o lucro trimestral da empresa era seis vezes menor.

Valuation esticado e frustração com expectativas

Apesar dos bons resultados, o mercado reagiu com dureza. Parte disso se explica pela alta expectativa dos investidores em relação à Weg, que tem histórico de resultados crescentes e consistentes. Com um valuation considerado elevado há anos, mesmo pequenas decepções se transformam em fortes correções de preço.

Outro fator que contribuiu para a queda foi o cenário internacional, especialmente a preocupação com um possível “tarifaço” nos Estados Unidos, levantado por declarações do ex-presidente Donald Trump. Embora a Weg esteja bem posicionada globalmente — com fábricas no Brasil, México e China que atendem diferentes mercados — parte dos investidores teme impactos futuros nas exportações.

A Weg ainda é uma boa empresa?

Os fundamentos da empresa permanecem sólidos. A diversificação geográfica e de produtos, o crescimento consistente da receita e do lucro, além da forte posição no mercado global, continuam sendo diferenciais importantes.

No entanto, o episódio serve como alerta: ações com alto valuation exigem entrega impecável e, mesmo pequenos desvios, podem provocar correções severas. Para o investidor de longo prazo, a queda pode representar uma oportunidade, desde que a tese de crescimento se mantenha.

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