O fundo imobiliário HGRE11, focado em lajes corporativas e sob gestão da Pátria Investimentos, apresentou uma impressionante valorização de aproximadamente 30% nos últimos seis meses. Mesmo assim, segue sendo um dos fundos mais descontados entre os ex-CSHG, negociando atualmente a cerca de R$ 119, enquanto seu valor patrimonial está em R$ 154 por cota.
O movimento de recuperação, que começou após a cotação beirar os R$ 90 no fim de 2023, reflete uma correção de mercado que havia subestimado os fundamentos do fundo. No entanto, os desafios permanecem relevantes: a vacância ainda gira em torno de 13,8% física e 9,4% financeira, e a reestruturação do portfólio exige vendas de ativos em um ambiente de mercado pouco propício.
Estratégia de rotatividade e desinvestimentos
Desde o relatório de 2023, o HGRE adota uma estratégia clara de readequação do portfólio, focando na venda de ativos considerados não estratégicos. Um exemplo é o edifício Berrini One, no qual o fundo detém participação minoritária. Diante da pulverização do controle do imóvel e da dificuldade de ampliar sua posição, a gestão optou por buscar a venda da fatia detida, com expectativa de retorno positivo para os cotistas.
Além disso, a gestão sinalizou a possibilidade inédita de alocar parte do capital em outros fundos de lajes corporativas que estejam com grande deságio patrimonial, aproveitando oportunidades do mercado secundário. A exposição, segundo o relatório, será pequena e estratégica, sem descaracterizar o fundo como veículo de tijolo.
Distribuição de rendimentos e reservas
Em março, o fundo distribuiu R$ 0,85 por cota, mantendo uma média consistente nos últimos meses. Parte do rendimento foi impulsionada pela terceira parcela da venda de imóvel no Faria Lima, além da venda do ativo Brasiltem. A receita total do mês foi de R$ 1,46 por cota, com R$ 1,22 de resultado. A reserva acumulada subiu de R$ 2,13 para R$ 2,51 por cota, indicando possibilidade de reforço nos rendimentos futuros, embora sem previsão de repique expressivo como o do ano anterior.
Perspectivas e pontos de atenção
O fundo não possui alavancagem e mantém caixa suficiente para cobrir suas obrigações. Entretanto, 55% da sua receita passará por revisionais em 2025, o que pode ser um risco em um cenário de alta nos juros e renegociações desfavoráveis. A gestão também informou a locação iminente de cinco andares da Torre Guaíba, o que pode ajudar a reduzir a vacância no curto prazo, junto à conclusão de obras no centro de convenções do Edifício Martiniano.
A ausência de atualizações sobre a disputa contratual com a Totos, mencionada em relatórios anteriores, é um ponto que chama atenção dos cotistas, que esperam maior transparência sobre a resolução do caso.
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