A Engie Brasil Energia (EGIE3), uma das maiores companhias do setor elétrico brasileiro, anunciou suas perspectivas de dividendos e apresentou os resultados do primeiro trimestre de 2025, com destaque para o avanço de projetos de geração e transmissão. Mesmo com o payout atual reduzido para 55%, a empresa sinaliza que poderá retomar a distribuição integral dos lucros nos próximos anos, o que pode resultar em dividend yield acima de 10% em 2026.
Receita em alta e diversificação estratégica
A receita líquida da Engie cresceu 15,5% no 1T25, alcançando R$ 3 bilhões, puxada principalmente pelo segmento de transmissão, que vem ganhando espaço com a entrega de novos projetos. Atualmente, 75% do resultado da empresa vêm da geração de energia, 17% da transmissão e 8% do transporte de gás, com destaque para a participação de 17,5% na TAG (Transportadora Associada de Gás).
Na geração, a capacidade instalada chegou a 9,9 GW, colocando a Engie como a segunda maior do país no setor. A empresa segue adicionando capacidade com novos ativos eólicos, solares e aquisições hidrelétricas. Só em 2024, o crescimento foi de 10%.
Expansão robusta e investimentos bilionários
A companhia mantém um cronograma agressivo de investimentos: foram R$ 4,6 bilhões em 2023, R$ 9,6 bilhões previstos para 2024 e outros R$ 7 bilhões em 2025. Do total deste ano, R$ 3 bilhões se referem à aquisição de duas usinas hidrelétricas (com 612 MW de capacidade), enquanto R$ 4 bilhões serão direcionados à transmissão e geração renovável.
Projetos como o parque eólico com investimento de R$ 6 bilhões (com operação comercial já em 82%) e a nova planta solar — com 63% do cronograma já em andamento — devem impulsionar a receita a partir do segundo semestre de 2025.
Na transmissão, a Engie trabalha em dois grandes empreendimentos com investimento combinado de R$ 5,6 bilhões, que devem gerar receitas anuais superiores a R$ 500 milhões, ambas corrigidas pelo IPCA e com contratos de 30 anos. A entrega está prevista para até 2029, mas pode ser antecipada.
EBITDA e lucro resilientes, mesmo com alavancagem
O EBITDA ajustado alcançou R$ 2 bilhões no trimestre, crescimento de 12,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o lucro líquido foi de R$ 823 milhões, avanço de 3,8%, mesmo com a alta dos juros e maior endividamento.
A dívida líquida cresceu para R$ 20,6 bilhões, mas a alavancagem permanece sob controle, com índice dívida líquida/EBITDA de 2,7 vezes. Historicamente, a Engie adota uma postura conservadora nesse quesito, evitando ultrapassar níveis considerados arriscados, mesmo em ciclos de forte expansão.
Política de dividendos: prudência hoje, potencial amanhã
A Engie manteve o payout mínimo estatutário de 55% sobre o lucro de 2024, resultando em R$ 2,28 por ação em proventos. Isso representa um dividend yield de aproximadamente 5,7% sobre a cotação atual de R$ 39. O pagamento ocorrerá em duas datas: 27 de maio de 2025 e 23 de dezembro de 2025, com datas de corte já estabelecidas em maio e agosto.
Apesar do recuo no percentual distribuído, a expectativa é que a empresa volte a distribuir 100% dos lucros a partir de 2026, dado que o volume de investimentos tende a cair drasticamente — cerca de R$ 2 bilhões ao ano entre 2026 e 2027, valor modesto frente ao EBITDA atual de R$ 7 bilhões.
Historicamente, a Engie alterna entre payout reduzido em ciclos de expansão e distribuição total em períodos de maturação de ativos. Com a finalização dos projetos e a entrada em operação de novas plantas, a geração de caixa deve aumentar, abrindo espaço para dividendos maiores.
Indicadores de rentabilidade em atenção
Apesar do crescimento operacional, alguns indicadores de rentabilidade sofreram leve deterioração. O retorno sobre patrimônio (ROE) caiu para 25,8%, frente aos níveis históricos de 30% a 35%. O ROIC também recuou para 16,2%. Se esses indicadores se mantiverem em patamares inferiores, analistas alertam que o mercado poderá exigir múltiplos mais conservadores, como P/VPA abaixo de 2.
Valuation, performance e perspectivas
A ação EGIE3 caiu de R$ 46 para R$ 35 em janeiro, mas desde então iniciou um processo de recuperação. Investidores atentos aproveitaram a baixa para aumentar posição, confiando na solidez dos projetos em andamento, no perfil defensivo da companhia e no potencial de retomada do payout total.
Com o fim do ciclo de grandes investimentos e a entrada de novos projetos em operação, a Engie deve consolidar um cenário de aumento de resultados e maior distribuição de lucros, o que pode impulsionar o dividend yield para patamares superiores a 10% já em 2026.
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