A enxaqueca é uma doença neurológica crônica de origem genética que afeta cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Considerada a segunda principal causa de anos vividos com incapacidade, a condição exige atenção médica e manejo individualizado.
Fatores que influenciam a doença
Segundo o Dr. Tiago de Paula, neurologista especialista em cefaleia, a doença tem uma base genética significativa — com cerca de 180 loci relacionados —, mas fatores hormonais e ambientais também influenciam a intensidade e a frequência das crises.
“Hormônios como o estrogênio aumentam a sensibilidade e a prevalência da doença, o que explica por que é mais comum em mulheres. Além disso, o estresse, o excesso de estímulos e hábitos como café em excesso e falta de sono podem agravar os sintomas”, explica o especialista.
Alimentos que podem ajudar ou prejudicar
A alimentação não cura a enxaqueca, mas pode contribuir para a prevenção e o controle das crises. Alimentos estimulantes, como café, chocolate, energéticos, gengibre e pimenta vermelha, podem acelerar a atividade cerebral e favorecer dores de cabeça.
Os médicos destacam dois grupos principais de alimentos que influenciam a doença: gatilhos e cronificadores.
- Gatilhos: vinho e alguns queijos, que podem liberar serotonina e afetar a circulação cerebral.
- Cronificadores: café e chocolate, que aumentam a frequência das crises quando consumidos em excesso.
Além disso, a Dra. Marcella Garcez, nutróloga, recomenda reduzir fast-foods, frituras e bebidas alcoólicas, pois são alimentos inflamatórios que podem piorar a condição. Por outro lado, alimentos ricos em selênio e magnésio — como castanha-do-pará, vegetais verdes escuros, grão-de-bico e peixes — ajudam a reduzir o estresse e podem aliviar sintomas.
Para substituir bebidas estimulantes, chás relaxantes como camomila, hortelã e erva-cidreira são boas opções.
Tratamento vai além da alimentação
O manejo da enxaqueca inclui mais do que evitar gatilhos e cronificadores. Mudanças no estilo de vida acompanhadas por nutricionistas e psicólogos, toxina botulínica, medicamentos monoclonais Anti-CGRP e fisioterapia com neuroestimulação são algumas das estratégias recomendadas.
“A avaliação individual é essencial para definir o melhor plano terapêutico. Identificar gatilhos e cronificadores é fundamental para o controle das crises”, destaca o Dr. Tiago.
Cuidando da enxaqueca no dia a dia
Embora a alimentação não seja uma solução mágica, ajustar o que você come pode ajudar a reduzir a intensidade e a frequência das crises. Evitar gatilhos e incluir alimentos que protegem o cérebro, junto com acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida, faz diferença no controle da doença.
O segredo está em conhecer seu corpo e combinar estratégias: pequenos ajustes diários podem transformar a experiência de quem convive com a enxaqueca, tornando os sintomas mais administráveis e a rotina mais leve.
Fontes:
Dr. Tiago de Paula: Neurologista especialista em Cefaleia, Headache Center Brasil, São Paulo. Instagram: @drtiagodepaula
Dra. Marcella Garcez: Médica nutróloga, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia. Instagram: @dra.marcellagarcez
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