As taxas oferecidas pelo Tesouro Direto, especialmente nos títulos atrelados ao IPCA e prefixados, vêm registrando forte queda nas últimas semanas de 2025. Essa mudança tem gerado dúvidas entre investidores sobre o momento ideal para aportar e a atratividade desses papéis. Afinal, ainda compensa investir mesmo com a redução das taxas?
Neste artigo, você entenderá a dinâmica por trás da oscilação dos rendimentos, a relação com os juros futuros e como manter sua estratégia de investimento mesmo em cenário de incertezas.
Queda nas taxas do Tesouro Direto: O que está acontecendo?
Até abril, títulos como o Tesouro IPCA+ 2029 chegaram a oferecer taxas próximas de IPCA + 8%. No entanto, essas remunerações vêm recuando significativamente — atualmente, o mesmo título paga cerca de IPCA + 7,44%.
O Tesouro Prefixado também sentiu o impacto. Após alcançar até 15% ao ano, suas taxas caíram para cerca de 13,6%. A causa por trás desse movimento não está diretamente ligada à taxa Selic atual (14,25%), mas sim à percepção de risco futuro do mercado.
A dinâmica dos juros futuros
O que define a taxa oferecida por um título público não é simplesmente a Selic vigente, mas sim as expectativas do mercado quanto ao cenário econômico futuro. Esse movimento é captado pelos chamados juros futuros, que funcionam como um termômetro da percepção de risco em médio e longo prazo.
Quando os investidores esperam inflação alta, desequilíbrio fiscal ou instabilidade política, exigem taxas mais altas para emprestar dinheiro ao governo. Em abril, por exemplo, o contrato de juros futuros de 2035 chegou a projetar uma Selic média de 13,88% até o vencimento. Com a melhora das perspectivas, essa taxa começou a ceder — puxando para baixo também as taxas dos títulos públicos.
O papel dos leilões do Tesouro Nacional
Durante as semanas, especialmente às terças e quintas, o Tesouro Nacional realiza leilões de títulos públicos. Nesses eventos, o mercado define qual taxa está disposto a aceitar para diferentes prazos. Esse processo ajuda a desenhar a curva de juros futura e influencia diretamente os preços exibidos no site do Tesouro Direto.
Se os investidores enxergam menor risco, aceitam taxas menores. Caso contrário, exigem rentabilidade mais alta — criando uma correlação direta entre as taxas do Tesouro Direto e os juros futuros.
O que está melhorando no cenário?
Alguns fatores têm contribuído para a melhora na percepção de risco:
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Dólar mais estável: Após atingir R$ 6, a cotação recuou para cerca de R$ 5,67, aliviando pressões inflacionárias.
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Inflação sob controle parcial: A projeção para o IPCA de 2025 caiu para 5,5%, ainda acima do teto da meta, mas indicando algum alívio.
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Fim do ciclo de alta da Selic?: Já se especula que o Banco Central esteja próximo de encerrar o aperto monetário, o que gera expectativa de cortes futuros — mesmo que isso leve meses para se concretizar.
Ainda vale a pena investir no Tesouro IPCA+?
Embora as taxas tenham recuado, ainda estão acima da média histórica. Um estudo da Even mostra que, de 2009 a 2024, taxas superiores a IPCA + 7,5% estiveram disponíveis em apenas 0,4% do tempo. Hoje, IPCA+ 2029 ainda oferece essa rentabilidade, o que sinaliza uma janela de oportunidade rara.
Mais importante que tentar prever o “melhor momento” é seguir sua estratégia. Se sua carteira prevê alocação de 15% em Tesouro IPCA+ e você está com 10%, sua própria alocação já indica a necessidade de novo aporte.
O erro mais comum dos investidores
Muitos esperam a Selic cair para só então investir em fundos imobiliários, ações ou mesmo Tesouro Direto. No entanto, o mercado sempre antecipa os movimentos. Um exemplo claro: o índice IFIX, que representa os FIIs, já subia em abril de 2023 — meses antes do início do ciclo de cortes da Selic em setembro.
Quem aguardou a queda oficial da taxa perdeu boa parte da valorização. A mesma dinâmica vale agora: o mercado já precifica o fim do aperto monetário. Esperar demais pode custar caro.
Como o pequeno investidor deve agir?
Diante de um mercado volátil e guiado por expectativas, a melhor postura é:
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Seguir seu plano: Rebalancear a carteira com base em percentuais definidos previamente.
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Evitar previsões: Nem mesmo o Banco Central sabe com exatidão o que acontecerá nos próximos meses.
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Focar no longo prazo: Tesouro IPCA+ é indicado para objetivos distantes, como aposentadoria.
Se sua carteira estiver bem diversificada e alinhada ao seu perfil, não há motivo para pânico. A queda nas taxas pode até representar uma chance para quem entende o funcionamento do mercado.
Mesmo com a queda nas taxas, o Tesouro Direto continua sendo uma alternativa sólida para quem busca segurança e previsibilidade. A chave está em compreender que o mercado antecipa movimentos, e tentar “acertar o melhor momento” raramente funciona para o investidor comum.
A rentabilidade pode estar menor do que meses atrás, mas ainda se encontra em patamares historicamente atrativos. E mais importante do que rentabilidade pontual é seguir uma estratégia de aportes consistente e bem planejada.
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