Com a inflação de fevereiro registrando alta de 1,30%, diversos fundos imobiliários indexados ao IPCA divulgaram rendimentos acima da média para o mês de maio. Entre os destaques estão os FIIs IRDM11, IRIM11 e IBCR11, que anunciaram dividendos robustos, refletindo diretamente o repique inflacionário. As distribuições geraram entusiasmo entre investidores, especialmente em um cenário de maior incerteza e seletividade no mercado de crédito privado.
IRDM11: alta nos proventos e portfólio mais limpo
O fundo IRDM11 (Iridium Recebíveis Imobiliários) divulgou dividendos de R$ 0,83 por cota, com pagamento previsto para o dia 19 de maio. O valor representa um dos maiores rendimentos dos últimos 12 meses, superado apenas pelos R$ 0,93 pagos em janeiro. A distribuição atual sinaliza uma melhora significativa frente aos R$ 0,72 pagos no mês anterior.
Além da influência direta do IPCA elevado, a performance do fundo foi impulsionada por uma carteira mais saudável, após a limpeza de CRIs problemáticos e de fundos imobiliários com baixa performance, como o caso do RPR e HC Terra.
“A carteira do IRDM11 está mais pulverizada, com baixa concentração por devedor, o que aumenta a segurança dos rendimentos”, destaca o analista do canal.
IRIM11: “irmão gêmeo” com dividendos ainda maiores
Com uma carteira semelhante à do IRDM11, o fundo IRIM11 anunciou R$ 0,85 por cota, superando o resultado anterior de R$ 0,76. A distribuição também será realizada em 19 de maio. Com cotas sendo negociadas na faixa de R$ 69, o yield do IRIM11 é levemente superior ao do IRDM11.
O desempenho reforça o potencial de valorização dos fundos de papel com perfil “high grade”, principalmente em momentos de inflação alta e instabilidade no setor de crédito.
IBCR11: rendimento de 2% chama atenção
O fundo IBCR11, ainda pouco conhecido entre os investidores, surpreendeu ao anunciar dividendos de R$ 1,12 por cota, com cotação atual na faixa de R$ 56. O pagamento também ocorre em 19 de maio. O rendimento representa um yield superior a 2% no mês, nível raramente alcançado por FIIs atualmente.
O IBCR11 negocia com desconto de 40% sobre seu valor patrimonial, o que levanta atenção para o potencial de valorização. No entanto, a concentração da carteira — com cerca de 20% alocados em um único devedor — eleva o risco, exigindo cautela na análise.
“Apesar do yield atrativo, a exposição concentrada pode justificar o desconto de mercado. O investidor deve considerar o perfil de risco do fundo”, ressalta o especialista.
RBRF11: possível erro em comunicado levanta dúvidas
O fundo multiestratégia RBRF11 divulgou rendimento de R$ 0,60 por cota, valor que causou estranheza por representar um yield de 10% ao mês. O mais provável, segundo analistas, é que o valor correto seja R$ 0,06, alinhado ao histórico recente do fundo.
A expectativa é de que a gestão publique uma correção do comunicado. O RBRF11 mantém, em geral, distribuições mensais entre R$ 0,05 e R$ 0,06, com exceções pontuais em fechamento de semestre.
GAME11: estratégia high grade com rendimento estável
O fundo GAME11, da Guardian Gestora, comunicou distribuição de R$ 0,095 por cota, com pagamento em 22 de maio. Com cotação próxima a R$ 86,50, o yield mensal gira em torno de 1,1%. A carteira do GAME11 é considerada mais conservadora, com foco em ativos high grade, o que pode justificar a estabilidade e previsibilidade dos proventos.
Contexto macroeconômico favorece FIIs de papel
O desempenho expressivo dos fundos de papel neste mês reflete a forte pressão inflacionária de fevereiro, que atingiu 1,30% — quase metade da meta anual do Banco Central. Como a maioria dos CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) desses fundos está atrelada ao IPCA, a rentabilidade tende a subir nos meses de inflação mais alta.
Adicionalmente, muitos gestores vêm adotando estratégias de reserva de lucros, o que pode gerar picos de distribuição em momentos específicos, como fechamento de semestre ou quando o caixa do fundo se torna excessivo.
Avaliação do mercado: cautela e seletividade
Apesar do otimismo com os rendimentos, analistas destacam a importância da análise de risco e diversificação. Fundos com grande concentração em poucos devedores — como o IBCR11 — ou com histórico de ativos problemáticos, como ocorreu com o IRDM11 no passado, exigem acompanhamento constante.
Multiestratégias como o RBRF11 e o GAME11 oferecem mais equilíbrio, mas o investidor deve ajustar expectativas em relação aos dividendos mensais, que tendem a ser mais modestos.
A divulgação dos dividendos de maio reforça a atratividade dos fundos imobiliários de papel em cenários de inflação elevada. IRDM11, IRIM11 e IBCR11 lideram a lista dos FIIs com maior distribuição neste ciclo, beneficiando os investidores com retornos consistentes e, em alguns casos, extraordinários.
Contudo, é essencial ponderar rentabilidade e risco, observando a diversificação da carteira, qualidade dos CRIs e a política de reservas dos gestores para evitar surpresas negativas no futuro.
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