Banco do Brasil (BBAS3) decepciona com queda de 20% no lucro e suspende projeções

O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou nesta semana seus resultados do primeiro trimestre de 2025 com números abaixo das expectativas do mercado. O lucro líquido foi de R$ 7,44 bilhões, representando uma queda de 20% em relação ao mesmo período do ano passado, bem como um valor inferior às projeções dos analistas, que esperavam entre R$ 8,8 bilhões e R$ 9,1 bilhões.

Além do tombo no lucro, o banco suspendeu suas projeções de lucro para 2025, o que aumenta a incerteza entre os investidores. A instituição atribuiu essa decisão principalmente ao avanço da inadimplência no setor do agronegócio, que elevou as provisões para devedores duvidosos, pressionando os resultados.

Impactos nas receitas e aumento da inadimplência

A margem financeira bruta somou R$ 23,9 bilhões, valor considerado fraco diante da expectativa anual de R$ 111 a R$ 115 bilhões. Com a repetição desse desempenho ao longo dos próximos trimestres, o resultado deve ficar abaixo de R$ 100 bilhões no ano, bem distante das metas iniciais.

O custo do crédito, que inclui provisões para inadimplência, ficou em R$ 10,2 bilhões — em linha com o esperado para o ano. No entanto, o banco admitiu que poderá revisar esse número para cima, o que indicaria mais pressão sobre a lucratividade futura.

A principal preocupação veio da carteira de crédito do agronegócio, que alcançou R$ 406 bilhões — o maior patamar da história do banco. Contudo, a inadimplência nessa linha cresceu significativamente, atingindo 3% para atrasos acima de 90 dias, o dobro do patamar considerado saudável. A carteira de crédito total cresceu 14,4% em 12 meses, mas desacelerou para apenas 1,1% frente ao final de 2024.

Rentabilidade em queda e dividendos frustrantes

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi outro ponto de alerta. O BB registrou apenas 16,7%, bem abaixo dos 19% a 20% que o mercado projetava. Rentabilidades mais baixas tendem a gerar descontos nas ações, pois os investidores precificam o banco com múltiplos mais conservadores.

O anúncio de R$ 1,9 bilhão em Juros sobre Capital Próprio (JCP) também veio abaixo do esperado, representando R$ 0,33 por ação (ou R$ 0,28 líquidos, após IR). Com a cotação atual na casa de R$ 29,40, o dividend yield é de apenas 0,96%, valor considerado fraco para investidores focados em renda.

O pagamento será feito em 12 de junho, com data de corte em 2 de junho, mas o mercado já trabalha com a expectativa de que os demais proventos do ano também sejam menores.

Revisão de guidance e alerta ao investidor

Antes da divulgação, o banco projetava lucro entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões para 2025. No entanto, se o lucro de R$ 7,44 bilhões do primeiro trimestre se repetir nos demais períodos, o resultado anual seria de cerca de R$ 30 bilhões, ou seja, 20% abaixo do guidance inicial.

Com isso, o Banco do Brasil informou que revisará todas as suas projeções operacionais. Algumas, como a estimativa de crescimento da carteira de crédito (que já ultrapassou o teto esperado), devem ser mantidas, enquanto outras, como margem financeira bruta e custo do crédito, deverão ser ajustadas para baixo ou para cima, respectivamente.

O que esperar das ações do BBAS3?

O desempenho fraco do primeiro trimestre, a alta inadimplência no agro e os dividendos reduzidos devem pressionar a cotação de BBAS3 nas próximas semanas. A queda no lucro e o retorno abaixo do esperado tornam o papel menos atrativo para quem busca renda passiva, especialmente com a Selic elevada e outras alternativas de investimento com menor risco.

Especialistas alertam que, para que o dividend yield volte a níveis competitivos, seria necessário uma forte queda na cotação, o que pode acontecer caso o mercado reaja de forma negativa à suspensão das projeções e ao novo guidance revisado.

O Banco do Brasil enfrenta um cenário desafiador em 2025, marcado pela queda na rentabilidade, pressão sobre o lucro e aumento do risco de crédito, especialmente no setor do agronegócio. Investidores devem acompanhar de perto a próxima divulgação de projeções e a possível resposta do mercado nos pregões seguintes.

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