As ações da Eletrobras (ELET6 e ELET3) caíram cerca de 4% nesta quinta-feira (16), repercutindo a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025. O prejuízo líquido de R$ 79 milhões reportado sob o padrão contábil IFRS assustou parte do mercado, mas analistas e investidores mais atentos destacam que a leitura regulatória da companhia mostra um cenário bem mais otimista.
Segundo a demonstração regulatória, a Eletrobras registrou lucro de R$ 136 milhões, e, ao se desconsiderar efeitos não recorrentes como rescisões e planos de demissão voluntária, o lucro ajustado chega a R$ 408 milhões. Esses ajustes apontam que a operação da empresa segue saudável e gerando caixa — o que é fundamental para investidores com foco em dividendos e longo prazo.
Diferença entre prejuízo contábil e lucro regulatório
O prejuízo apresentado segundo o IFRS não representa necessariamente um problema para a companhia. Isso porque esse modelo contábil reconhece receitas e despesas de forma diferente, especialmente no setor elétrico, em que concessões e receitas futuras afetam a demonstração de resultados. O modelo regulatório, que reflete melhor a geração de caixa real da empresa, é mais utilizado por analistas do setor para avaliar a performance financeira.
Baixa alavancagem e investimentos estratégicos
A Eletrobras encerrou o 1T25 com uma alavancagem de 1,7x, considerada uma das menores entre suas pares. A companhia continua investindo fortemente, com destaque para o segmento de transmissão, que recebeu R$ 655 milhões de um total de R$ 912 milhões aplicados no trimestre. Esse foco em transmissão reforça a previsibilidade das receitas futuras, o que é atrativo para investidores interessados em estabilidade e pagamentos recorrentes.
Expectativa de nova política de dividendos
O baixo nível de endividamento e a retomada da lucratividade regulatória reforçam as expectativas de que a Eletrobras possa anunciar uma nova política de dividendos ainda em 2025. A tese é apoiada pelo histórico recente de outras empresas do setor que passaram por processos de privatização, como a Copel, que adotou uma política mais agressiva de distribuição após sua reestruturação.
Analistas da Genial Investimentos, como Vittor, apontam que, apesar de o resultado ter vindo um pouco abaixo das estimativas, a companhia está no caminho certo, e o mercado deve observar com atenção os próximos passos do management, principalmente após o acordo relacionado à ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que pacificou o controle acionário da empresa.
Estratégia de venda acima da capacidade e seus efeitos
Um dos fatores que pressionaram o resultado foi a estratégia da Eletrobras de vender energia acima da sua capacidade de geração, obrigando a companhia a comprar energia no mercado à vista a preços mais elevados. Apesar disso, especialistas consideram que a medida é pontual e não altera a tese de investimento da companhia.
Investidores aproveitam a queda para comprar
Mesmo com a queda acentuada no pregão, alguns investidores veem a baixa como uma oportunidade. Um dos analistas do mercado revelou que aumentou sua posição em ELET6, preferindo essa classe de ação por oferecer maior retorno em dividendos em relação à ELET3.
“Com uma estrutura financeira sólida, foco em geração de caixa e possibilidade de nova política de dividendos, a Eletrobras se consolida como uma das apostas mais atrativas do setor elétrico brasileiro para o longo prazo”, conclui o analista.
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