Após um 2024 marcado por quebras de safra, inadimplências e pedidos de recuperação judicial no setor agro, os Fiagros começam 2025 com novo fôlego. A classe de fundos, que investe em ativos de renda fixa ligados ao agronegócio (principalmente CRAs), vem superando os FII de papel em desempenho neste início de ano: +13% ante +9%, segundo levantamento do Research da XP.
O movimento, segundo especialistas da XP, reflete uma recomposição das margens dos produtores, melhora de preços das commodities e maior disciplina na concessão de crédito após os choques recentes. Mas o rally é sustentável? Quais setores devem liderar essa retomada? E que fundo se destaca entre os principais nomes?
O que causou a crise de 2024
Entre 2020 e 2022, o agronegócio viveu uma fase de euforia com preços elevados de commodities. Muitos produtores se alavancaram para expandir operações. Mas a partir de meados de 2022, o ciclo virou: os preços caíram, os custos subiram e a Selic disparou, encarecendo o serviço da dívida atrelado ao CDI.
Em 2024, o efeito foi devastador: houve uma explosão de recuperações judiciais, com aumento de 140% nos pedidos, afetando produtores e empresas da cadeia agroindustrial. Mesmo fiagros sem inadimplências foram penalizados pelo aumento da percepção de risco, levando a uma desvalorização generalizada das cotas.
Setores com melhor perspectiva em 2025
Grãos
A recuperação dos preços do milho e da soja, aliada à melhora de produtividade (especialmente no Mato Grosso), deve recompor margens e reduzir riscos de crédito. Ainda há pressão por causa da alavancagem elevada, mas o cenário é mais otimista.
Insumos agrícolas
A demanda volta a crescer com a melhora da relação de troca e dos preços das commodities. Revendas têm focado em clientes mais robustos, reduzindo o risco de inadimplência.
Proteína animal
O ciclo é positivo para bovinos e suínos, com redução na oferta e maior demanda. A gripe aviária é um risco sanitário no curto prazo, mas pode redirecionar consumo para frango e suíno, sustentando preços.
Setor sucroenergético
Com o açúcar mais rentável que o etanol e aumento das exportações, empresas do setor devem manter margens robustas. O risco está em usinas menores, mais alavancadas e com baixa eficiência.
KNCA11: a top pick da XP
O Fiagro Kinea Crédito Agro (KNCA11) é o destaque da XP para 2025. Com carteira diversificada, gestão experiente e alavancagem sob controle (próxima de 10%), o fundo tem 92% alocado em CRAs, com taxa média de CDI+3,95% e IPCA+9,20%.
A carteira está exposta a empresas consolidadas como Minerva, BRF e Klabin, além de grupos sucroalcooleiros como CMAA e Cocal. Há garantias reais em boa parte das operações, e a diversificação geográfica é um diferencial para mitigar riscos climáticos.
A estimativa de rendimento médio é de R$ 1,24 por cota, o que representa um dividend yield de 15,3% ao ano isento de IR, com P/VP abaixo de 1 (cerca de 0,95), apontando um bom desconto.
Otimismo cauteloso
Os fundamentos para os Fiagros melhoraram em 2025: margens em recuperação, preços sustentáveis e maior seletividade de crédito. Ainda assim, o ambiente de juros altos impõe cautela.
Para os analistas da XP, o momento é de seleção criteriosa: priorizar fundos com carteiras diversificadas, devedores sólidos e gestoras com bom histórico. Dentro desse perfil, o KNCA11 é a principal aposta para quem busca alta renda com gestão profissional e resiliência no agro.
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