Processo bilionário ameaça Bradespar (BRAP4) e pode derrubar ações

Bradespar (BRAP4), holding com participação exclusiva na mineradora Vale, está no centro de uma disputa judicial que pode custar à companhia até R$ 3 bilhões. O caso, que ainda não conta com provisões no balanço da empresa, preocupa o mercado e pode ter julgamento nos próximos dias, com expectativa de decisão entre o final de maio e junho. O valor da causa representa quase metade do valor de mercado atual da companhia, o que acende o alerta vermelho para os investidores.

Entenda o caso: julgamento pode ocorrer em breve

Segundo fontes do mercado e informações divulgadas em vídeo por analistas, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) teria determinado no último dia 25 de abril um prazo de 15 dias para que as partes envolvidas buscassem um acordo. Como nenhuma movimentação ou fato relevante foi divulgado até o momento, a expectativa é de que o julgamento ocorra ainda em maio ou, no mais tardar, em junho.

O processo, mantido sob sigilo, é classificado pela própria Bradespar como de “perda possível”, mas o mercado começa a se inquietar com a ausência de provisão no balanço. A empresa não destinou valores específicos em caixa para cobrir eventuais perdas, o que pode gerar pressão imediata sobre as finanças caso a decisão seja desfavorável.

Valor da causa representa quase 50% do valor de mercado

Atualmente, o valor de mercado da Bradespar gira em torno de R$ 6,4 bilhões, enquanto seu patrimônio líquido, somando participação na Vale e caixa, está estimado em R$ 9,3 bilhões. Uma eventual condenação no valor integral da causa — R$ 3 bilhões — reduziria substancialmente o valor patrimonial da empresa, podendo afetar sua capacidade de distribuir dividendos no curto prazo e gerar desvalorização expressiva das ações.

A magnitude da possível perda levou parte dos analistas a afirmar que o risco já estaria parcialmente precificado. No entanto, a ausência de clareza sobre como a companhia arcaria com o pagamento, caso seja derrotada, gera incertezas e volatilidade.

Modelo de negócios depende exclusivamente da Vale

A Bradespar é uma holding de investimentos que atualmente detém apenas ações da mineradora Vale (cerca de 3,8% de participação). Sua receita depende exclusivamente dos dividendos pagos pela Vale e da equivalência patrimonial. A estratégia de muitos investidores é utilizar BRAP4 para acumular ações com dividendos mais elevados que os pagos diretamente pela Vale, além da proteção de tag along de 80% oferecida também pela BRAP3.

Apesar de ter um Dividend Yield atrativo — estimado entre 11% e 12% — e um índice P/VP abaixo de 1, o processo judicial adiciona uma camada extra de risco que pode afastar investidores mais conservadores.

Impactos em caso de derrota judicial

Se confirmada a derrota no processo e a necessidade de desembolso bilionário, a Bradespar pode ter que rever sua política de dividendos. A falta de alavancagem atual e a ausência de outras fontes de receita ou ativos dificultam uma resposta financeira rápida.

Caso o mercado reaja negativamente à decisão, é esperado um movimento de forte queda nas ações BRAP4 e BRAP3, especialmente se a forma de pagamento do valor devido não estiver clara ou impactar diretamente a distribuição de proventos.

Risco jurídico e falta de diversificação preocupam

O caso reforça a necessidade de o investidor avaliar não apenas os números atrativos no papel — como o desconto sobre o valor patrimonial e os dividendos elevados —, mas também os riscos embutidos na estrutura de governança e judicialização. Bradespar, sendo uma holding monoativo, está totalmente exposta à volatilidade da Vale e a imprevistos jurídicos como este.

Para quem investe ou cogita investir na empresa, os próximos dias serão cruciais. Um eventual desfecho judicial negativo pode alterar drasticamente o cenário da companhia e suas perspectivas de rentabilidade.

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