A cada ano, a crise climática se intensifica e desafia a humanidade a tomar decisões urgentes e responsáveis. Enchentes, secas extremas, migrações forçadas, perda de biodiversidade: os sinais estão por toda parte. Neste cenário, mais do que nunca, é essencial que a educação forme não apenas estudantes, mas cidadãos críticos, éticos e engajados com o futuro do planeta. É por isso que valorizamos profundamente a experiência vivida na 14ª edição da SIAC — Simulação Interna Agostiniana de Contagem.
Durante três dias, nós, estudantes do Colégio Santo Agostinho – Contagem, deixamos nossas salas de aula para ocupar espaços de debate, negociação e construção coletiva. Participamos da SIAC como delegados de países e organizações internacionais, debatendo temas cruciais como a COP30 — conferência que será realizada em novembro de 2025, em Belém, no coração da Amazônia — e a situação dos refugiados ambientais, dentro de um comitê especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Ao simular esses fóruns internacionais, tivemos uma oportunidade única de compreender as complexas relações entre desenvolvimento econômico, justiça social e preservação ambiental.
Estar nesse espaço foi transformador. A SIAC nos tirou da zona de conforto e nos convidou a refletir sobre os grandes dilemas do nosso tempo. Pesquisamos profundamente, redigimos Documentos de Posição Oficial (DPOs), treinamos habilidades como negociação, escuta ativa e argumentação. Desde a preparação até os debates, sentimos o peso e a importância de representar diferentes vozes e realidades — algumas distantes, outras dolorosamente próximas.
Discutir a crise climática nos exigiu mais do que conhecimento: exigiu sensibilidade. Falar sobre justiça climática, por exemplo, é reconhecer que os países que menos contribuíram para o aquecimento global são os que mais sofrem com seus efeitos. Foi impossível sair dos comitês sem repensar nossos hábitos, nosso lugar no mundo e o impacto das nossas ações no cotidiano.
Na cerimônia de abertura, realizada no Salão Mandela, escutamos vozes inspiradoras. Aleluia Heringer Lisboa Teixeira, doutora em Educação e ex-diretora da Unidade, reforçou o papel da escola como espaço de formação integral e sustentável. Elise Hungaro, que esteve na COP28 em Dubai, nos lembrou que é possível e necessário que jovens estejam presentes nos espaços de tomada de decisão. Suas falas trouxeram um olhar experiente e, ao mesmo tempo, um chamado à ação que ressoou em todos nós.
Ao longo da simulação, foi evidente o crescimento dos colegas. Vimos participantes que antes falavam pouco ganharem confiança, defenderem ideias com firmeza e aprenderem a escutar com respeito. A SIAC é esse lugar de encontro entre conhecimento e transformação pessoal. Em cada comitê, sentimos a energia de quem está ali não só para representar um país, mas para aprender, se desafiar e contribuir com soluções reais.
Refletimos muito também sobre os impactos humanos das mudanças climáticas. O comitê do ACNUR, ao tratar da migração forçada por desastres ambientais, trouxe à tona histórias de perda, resistência e busca por dignidade. Percebemos que o debate sobre a crise climática não pode ser técnico apenas — ele precisa ser profundamente humano. Falar de refugiados ambientais é falar de direitos, de pertencimento, de solidariedade entre povos.
Nosso envolvimento com a SIAC nos fez perceber que os grandes fóruns mundiais, como a COP30, não estão tão distantes quanto parecem. Ao nos prepararmos para a simulação, pesquisamos sobre políticas ambientais, aprendemos sobre acordos internacionais e discutimos a atuação do Brasil no cenário climático global. E mais do que isso: compreendemos que nossa geração não pode ficar à margem dessas discussões.
Mais do que uma simulação, a SIAC foi um exercício de empatia, responsabilidade e cidadania. Ela nos permitiu experimentar um ambiente onde o diálogo é valorizado, onde o conhecimento se transforma em ação, e onde cada voz tem espaço para contribuir. Levar esse aprendizado para além do colégio é nosso compromisso.
Temos certeza de que a SIAC marca um antes e um depois na nossa trajetória escolar. Carregaremos para sempre as amizades construídas, os debates intensos, os momentos de superação e, principalmente, a consciência de que podemos — e devemos — ser agentes de mudança. A crise climática é real, mas também é real nossa capacidade de enfrentá-la com coragem, conhecimento e solidariedade.
Se o futuro é incerto, que ele seja também resultado das escolhas que começamos a fazer agora. E que cada edição da SIAC continue sendo esse lugar onde plantamos, juntos, as sementes de um mundo mais justo e sustentável.
* O Colégio Santo Agostinho (Contagem) promoveu neste mês a 14ª Edição da Simulação Interna Agostiniana de Contagem (Siac). Os alunos foram convidados a fazer uma imersão nas urgências do planeta sob o tema ‘A Crise Climática’, dada a proximidade com a COP-30, que será realizada em Belém (Pará). Por essa razão, o BHAZ convidou os alunos para refletirem sobre o tema.
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