‘Machado de Xangô’: entenda o símbolo que agora faz parte do TJBA

Símbolo da justiça e do equilíbrio, foi entregue nesta quarta-feira, 21, na sede do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), um Oxê (Machado de Xangô). A entrega, marcada pela presença de diversas autoridades religiosas e do judiciário baiano, foi feita pelo Terreiro de Oxumarê e pela Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA) ao tribunal durante a solenidade.O ato simbólico foi como uma reafirmação da laicidade do Estado brasileiro, com respeito às diversas crenças e religiões existentes no País.A peça – feita em madeira, pó de mármore e mármore vogue – é de autoria do artista plástico Rodrigo Siqueira, com 69 cm de altura e 40 cm de largura. Foi nomeada Oju Obá Otitó (“Os olhos do Rei da Verdade”).

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“A nossa Justiça demonstra, com essa cerimônia, que não deve haver nenhum tipo de preconceito, seja religioso, racial ou de gênero, então, é um marco muito importante. O Estado é laico, por isso deve acolher todas as religiões e não fazer distinção entre nenhuma”, afirmou Cynthia Maria Pina Resende, presidente do TJBA.Orixá da JustiçaA ação ocorreu no Dia de Xangô, orixá da justiça nas religiões de matriz africana. Esse foi o segundo tribunal de Justiça do País a receber o Oxê de Xangô, o primeiro foi o TJ do Rio de Janeiro (2024).O líder espiritual do Terreiro de Oxumarê, babalorixá Babá Pecê, uma das autoridades que discursaram, se emocionou ao falar sobre um ato que busca igualdade para todos, com justiça e imparcialidade.“Quando eu estava em frente ao microfone quase que minha voz não sai de tanta emoção, energia, e de tanta força, de poder estar aqui dentro deste espaço, que sempre foi reservado. O Estado é laico, e que todas as religiões possam fazer o mesmo, e o Estado, com esse ato de hoje, mostra realmente a laicidade”, disse Babá Pecê.Enquanto falava no púlpito, o babalorixá quebrou o protocolo e convidou o Oju Obá da Casa de Oxumarê, Marcos Rezende, para falar por alguns instantes. No discurso, evocando o poema O Navio Negreiro, de Castro Alves, Rezende pediu respeito e, também, justiça contra a discriminação racial, lembrando da tragédia da escravização de pessoas negras.Outras autoridades também estiveram presentes, entre elas a presidente da OAB-BA, Daniela Borges; a secretária de promoção da igualdade racial dos povos e comunidades tradicionais (Sepromi), Ângela Guimarães; e a deputada estadual Olívia Santana, entre outros.*Sob a supervisão da editora Isabel Villela

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