O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (21) em queda de 1,59%, aos 137.881 pontos, após atingir ontem sua máxima histórica, superando os 140 mil pontos pela primeira vez. O movimento foi impulsionado por uma combinação de fatores: o avanço de um projeto de lei nos Estados Unidos que propõe aumento de gastos e corte de impostos, além das incertezas fiscais no Brasil.
O recuo do principal índice da bolsa brasileira reflete a aversão ao risco que dominou os mercados globais, levando investidores a realizarem lucros após a forte valorização recente.
Impacto do cenário externo e interno
A correção do Ibovespa ocorreu em meio à piora do sentimento internacional. Investidores reagiram negativamente ao avanço do projeto de lei fiscal nos EUA, que sugere ampliação de gastos públicos junto a cortes tributários, ampliando temores de deterioração fiscal no país.
Além disso, o leilão de títulos públicos americanos de 20 anos evidenciou uma baixa demanda, mesmo com rendimentos acima de 5% ao ano. Isso sinalizou falta de apetite por risco e provocou o enfraquecimento do dólar frente a diversas moedas globais, ao mesmo tempo em que impulsionou a alta dos juros.
Esse cenário limitou o apetite pelo risco, provocando queda das bolsas em diversas partes do mundo, com reflexos imediatos no Brasil.
Expectativa pelo relatório fiscal brasileiro
No Brasil, a cautela se intensificou diante da iminente divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas pelo Ministério da Fazenda, previsto para amanhã. O documento trará as novas projeções fiscais para 2025 e 2026 e deverá incluir medidas adicionais para contenção de gastos públicos e aumento da arrecadação, conforme adiantado pelo ministro Fernando Haddad.
Essa expectativa, somada ao ambiente externo negativo, contribuiu para a pressão sobre o mercado acionário local.
Realização de lucros e destaque para ações
A realização de lucros foi evidente em ações de peso no índice. Papéis como Itaú, B3 e Eletrobras lideraram as quedas do dia, após o rali que impulsionou o Ibovespa ao patamar inédito na véspera.
O movimento de venda levantou suspeitas sobre uma possível retirada de capital estrangeiro, após semanas de compras intensas por investidores internacionais. Por outro lado, investidores institucionais brasileiros apareceram na ponta compradora em dois pregões consecutivos.
Dólar fecha em queda, mas risco fiscal persiste
O dólar encerrou o dia em baixa de 0,47%, cotado a R$ 5,64, em meio à percepção de risco fiscal tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. A valorização recente da moeda americana havia levado a cotação a níveis elevados, mas o movimento de hoje refletiu ajustes diante da volatilidade do mercado internacional.
Banco Central aponta impacto climático no setor financeiro
Outro dado que chamou atenção foi divulgado pelo Banco Central, revelando que 44% das instituições financeiras brasileiras foram afetadas por eventos climáticos em 2024 — um salto expressivo em relação aos 17% registrados no ano anterior.
Entre os principais fatores apontados estão as secas no Centro-Oeste e as enchentes no Rio Grande do Sul, que resultaram na paralisação de sistemas produtivos, perda de renda para os clientes e aumento nos pedidos de renegociação de empréstimos. A inadimplência foi apontada como o risco financeiro mais relevante no atual cenário.
Apesar do aumento da exposição a riscos climáticos, houve também uma ampliação na adoção de práticas de gerenciamento de risco, voltadas a selecionar clientes com processos produtivos mais sustentáveis.
Expectativas para os próximos dias
O mercado segue atento à divulgação do relatório fiscal brasileiro nesta quinta-feira (22), que poderá definir os próximos movimentos da bolsa. A depender do rigor das medidas anunciadas pelo governo, o Ibovespa pode encontrar espaço para recuperação ou aprofundar as quedas recentes.
Enquanto isso, o contexto internacional, especialmente a trajetória dos juros americanos e a evolução das políticas fiscais nos EUA, continuará a influenciar fortemente o comportamento dos investidores no Brasil.
O post Ibovespa recua 1,59% após recorde histórico, pressionado por temor fiscal e cenário externo apareceu primeiro em O Petróleo.