O Banco do Brasil (BBAS3) surpreendeu o mercado nesta terça-feira (21) ao anunciar a antecipação de Juros sobre Capital Próprio (JCP) no valor de R$ 516 milhões, o equivalente a R$ 0,09 por ação. O valor ficou bem abaixo das expectativas, reforçando o temor de que o balanço do segundo trimestre de 2025 seja novamente fraco.
Segundo analistas, esse movimento pode indicar uma tendência de lucros pressionados, com impactos relevantes para o retorno esperado pelos acionistas. A data de corte para ter direito ao provento é 2 de junho, e o pagamento ocorrerá em 12 de junho.
Queda no JCP sugere continuidade de resultados fracos
O valor anunciado foi considerado decepcionante, sobretudo quando comparado ao JCP antecipado do primeiro trimestre de 2025, que foi de R$ 0,15 por ação — valor que já havia ficado aquém do esperado. A redução acentuada para R$ 0,09 levanta preocupações sobre a saúde financeira do banco.
Esse novo provento, somado ao anterior, representa um total de R$ 0,36 líquidos por ação neste ano, após o desconto do Imposto de Renda de 15%. Com base na cotação atual de R$ 25,26, o dividend yield anualizado não ultrapassa 5,7%, um patamar considerado modesto para o histórico da instituição.
Lucro pressionado e desafios no crédito
O cenário desafiador para o Banco do Brasil inclui:
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Alta inadimplência: A instituição tem enfrentado aumento da inadimplência em todos os segmentos, incluindo pessoas físicas, jurídicas e principalmente o crédito rural.
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Elevação das provisões: As provisões para devedores duvidosos dobraram no primeiro trimestre, afetadas pela Resolução nº 4.966 do Banco Central, que impôs regras mais rígidas.
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Queda da margem financeira: As margens foram comprimidas, reduzindo significativamente a lucratividade.
O diretor financeiro do banco destacou que as provisões relacionadas ao agronegócio foram “bem fora da curva”, o que pressiona os resultados e dificulta a reversão rápida deste quadro.
Previsões para o lucro em 2025: decepção à vista?
As projeções de lucro para o Banco do Brasil em 2025 foram revisadas para baixo. Antes, estimava-se entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões, mas agora o mercado trabalha com uma faixa mais conservadora, de R$ 30 bilhões.
Com um valor de mercado de aproximadamente R$ 145 bilhões, o banco está sendo negociado com um múltiplo Preço/Lucro (P/L) de 4,8 vezes, bem abaixo da média histórica de 6,6 vezes.
Apesar disso, o desconto atual sobre o valor patrimonial é de cerca de 20%, com o P/VPA (Preço sobre Valor Patrimonial) girando em torno de 0,8. O valor patrimonial atual é de R$ 30,47 por ação, o que sugere que, a longo prazo, ainda há potencial de valorização, especialmente para investidores com visão de médio a longo prazo.
Dividendos modestos, mas retorno ainda atrativo
Mesmo com a redução dos dividendos, o Banco do Brasil ainda oferece um retorno interessante quando se considera o lucro retido para reinvestimento.
A expectativa é de um payout de aproximadamente 40% sobre o lucro, o que resultaria em um dividend yield bruto na casa dos 8,2% ao ano. Com a retenção de 60% do lucro para reinvestimento, e assumindo um retorno sobre patrimônio (ROE) de 16%, o retorno incremental seria de cerca de 9,6% ao ano.
Ou seja, o retorno total estimado, somando dividendos e reinvestimentos, poderia chegar a 17,8% ao ano, ou o equivalente a IPCA +12%, um prêmio considerável frente aos títulos públicos como o Tesouro IPCA+ 2035, que hoje oferece em torno de IPCA + 7,2%.
Histórico robusto reforça atratividade no longo prazo
Apesar dos desafios conjunturais, o Banco do Brasil apresenta um histórico sólido de retorno aos acionistas:
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35% de valorização nos últimos 2 anos
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151% em 5 anos
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273% em 10 anos
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488% em 15 anos (média de 12,5% ao ano)
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1.887% em 20 anos (média de 16,1% ao ano)
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9.292% desde janeiro de 2000 (média de 20% ao ano)
Os dados reforçam que, mesmo em momentos de queda nos lucros e dividendos, o Banco do Brasil historicamente oferece uma boa combinação de retorno e solidez patrimonial.
Perspectivas e recomendações
Embora o atual ciclo seja desafiador, com lucros pressionados e dividendos reduzidos, o banco segue negociando com um desconto relevante. Para investidores com visão de longo prazo, o momento pode representar uma oportunidade de entrada a preços atrativos, especialmente se houver recuperação na rentabilidade nos próximos trimestres.
Contudo, especialistas alertam: é fundamental revisar o preço teto de compra diante das novas projeções de lucro e manter uma postura criteriosa, dado o ambiente de maior risco e incertezas no setor bancário.
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