A Bahia ainda precisa avançar, melhorando os índices de educação. É aí que entram o SESI, o SENAI e outras instituições, que têm contribuído para elevar a qualificação. Há, ainda, a necessidade de um mercado pujante, com pessoas com renda capaz de consumir os produtos das empresas
A indústria da mineração na Bahia vivencia momento de expansão e atração de investimentos. Até 2028, serão investidos US$ 9 bilhões na mineração do estado, cerca de 16% do total de investimentos do setor no Brasil. Esses novos investimentos vão alavancar os resultados gerais da indústria baiana?R – A diversidade de reservas minerais é um fator que coloca a Bahia em destaque. Mais de 200 municípios baianos sediam projetos minerários, de acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Esses novos investimentos anunciados refletem a crescente importância da Bahia no cenário nacional da mineração, impulsionando o desenvolvimento econômico e social do estado. Este é um segmento relevante para a economia do nosso estado, que emprega mais de 14 mil pessoas. No ano passado, a indústria da mineração foi responsável por arrecadar R$ 168 milhões em CFEM na Bahia, representando 2,5% da arrecadação nacional, mantendo o estado como o quarto maior arrecadador do país, atrás apenas de Pará, Minas Gerais e Goiás. Para um desenvolvimento mais expressivo e sustentável, o setor da mineração precisa de infraestruturas modernas, de elevada capacidade, com destaque para a conclusão da FIOL, Porto Sul e da rede da Ferrovia Centro-Atlântica modernizada.
No ano passado, a indústria da mineração foi responsável por arrecadar R$ 168 milhões em CFEM na Bahia, representando 2,5% da arrecadação nacional, mantendo o estado como o quarto maior arrecadador do país
Poderia destacar outros segmentos promissores, com novos investimentos e potencial para turbinar o crescimento da indústria local?R – Com vasta oferta de recursos naturais e humanos, a Bahia tem atributos necessários para contribuir com o novo ciclo de desenvolvimento, pautado pelas novas tecnologias e aproveitando as oportunidades geradas pela necessidade de descarbonização da economia global, os negócios ligados à bioeconomia e à chamada economia verde. Essas oportunidades já estão se traduzindo em investimentos no estado, mas também trazem os desafios de desenvolver novos produtos e serviços (de maior valor agregado), que geram empregos qualificados e mais bem remunerados.A Fieb colaborou com o Programa de Transição Energética da Bahia (Protener), lançado pelo governo do estado em abril deste ano. Qual a importância desse programa e o que esperar dessa iniciativa?R – A Bahia tem registrado crescimento significativo na área de energias renováveis. Para se ter uma ideia, dados do Observatório da Indústria da FIEB estimam que, até 2030, a Bahia deve receber cerca de R$ 30 bilhões em investimentos privados na área de energias renováveis, o que demonstra o grande potencial do estado. Temos alguns investimentos anunciados que podem causar grande impacto, dentre os quais se destaca a produção de diesel e querosene verdes da Acelen, produzidos a partir de recursos renováveis – no primeiro momento óleo de soja e, em seguida, de macaúba.
Na região Oeste, foram anunciados projetos de biomassa de etanol de milho, por exemplo. É por conta desse cenário promissor que o Protener é um marco importante para posicionar a Bahia como referência no setor
A FIEB vem atuando no fortalecimento do setor de energias renováveis na Bahia. Uma ação recente neste sentido foi a criação do Comitê de Energias Renováveis para discutir uma agenda positiva a ser encaminhada aos governos estadual e federal, com o objetivo de minimizar os gargalos que ainda limitam o crescimento desse setor tão estratégico para a nossa indústria.
A Bahia tem registrado crescimento significativo na área de energias renováveis. Para se ter uma ideia, dados do Observatório da Indústria da FIEB estimam que, até 2030, a Bahia deve receber cerca de R$ 30 bilhões em investimentos privados na área de energias renováveis, o que demonstra o grande potencial do estado
Estão abertas as inscrições para o Prêmio Fieb Indústria Baiana Sustentável 2025. De que maneira essa premiação contribui para a disseminação das boas práticas e da gestão sustentável na indústria local?R- A premiação serve como instrumento de sensibilização e incentivo para que as indústrias adotem práticas sustentáveis de forma integrada. Ao final da premiação, divulgamos todos os projetos inscritos para que eles possam servir de inspiração para outras empresas. A última edição do Prêmio, em 2023, contou com 94 projetos inscritos, com a participação de empresas de diversos portes, que apresentaram seus esforços e os resultados alcançados para promover o desenvolvimento sustentável do nosso estado. Este ano, a FIEB realiza a 15ª edição do prêmio, que está com inscrições abertas até 18 de junho.A formação de trabalhadores qualificados sempre é um desafio e alvo de investimentos do setor. Nesse sentido, que ações ou programas recentes do SESI e Senai podemos destacar?R – Referências nacionais, o SESI e o SENAI Bahia utilizam metodologias para a formação integral e qualificação de pessoas. A Rede SESI oferece Educação Regular (Fundamental I e II e Ensino Médio) em 12 escolas no estado, além de milhares de vagas gratuitas anuais em Educação de Jovens e Adultos, agora também numa modalidade que conjuga capacitação profissional com o SENAI.O SENAI oferece formação profissional nos níveis jovem aprendiz, escola técnica, pós-técnico, graduação e pós-graduação, mestrado e doutorado, por meio de uma educação conectada com o mercado, integrando teoria e prática. Na Bahia, a instituição conta com uma Unidade de Inovação e Tecnologias Educacionais (ITED), que produz cursos e conteúdo em aprendizagem digital, com oferta de formações customizadas para instituições diversas.Nos níveis de graduação e cursos de pós, a Universidade SENAI CIMATEC forma profissionais muito alinhados às demandas do mercado industrial e tecnológico, pois tem como diferenciais infraestrutura avançada, com laboratórios de P&D e parcerias internacionais para intercâmbios.O complexo industrial SENAI CIMATEC Park, localizado em Camaçari, vive um momento de expansão. Que projetos de expansão serão concluídos ao longo deste ano?R – O SENAI CIMATEC é referência nacional em tecnologia e inovação. Com seis campi, tem desenvolvido competências para enfrentar diversos desafios da indústria contemporânea, a exemplo da transformação digital e da transição ecológica e energética. O CIMATEC Park é um desses campi e passa por um momento de expansão. Estamos construindo um prédio de engenharia, que vai permitir a ampliação da infraestrutura do Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford no Brasil, que atualmente conta com 1.500 engenheiros. Também estão em andamento as obras do Science Park, que será um polo colaborativo para o desenvolvimento científico conectado com os desafios das indústrias baianas e do Brasil. Esses equipamentos têm previsão de entrega para o ano que vem.Além desses, temos diversos projetos em fase de implantação, como os que são em parceria com a Shell e a Petrobras: a planta de produção de nós sísmicos submarinos OD OBN (On-demand Ocean Bottom Nodes), voltada para o gerenciamento de reservatórios de petróleo, especialmente no pré-sal brasileiro; e o Laboratório de Desenvolvimento de Produção (LDP), que vai desenvolver e validar tecnologias, equipamentos e sistemas de exploração e produção de óleo e gás. Temos ainda a planta piloto de hidrogênio verde, em parceria com a Galp; a planta piloto para produção de etanol de primeira geração a partir do agave, em parceria com a Shell. Como disse, são apenas alguns exemplos que mostram a relevância do SENAI CIMATEC Park para o desenvolvimento de tecnologia e inovação aplicada à indústria.Como avalia o programa de interiorização de Fieb? Há avanços para celebrar?R – A interiorização de serviços e ações do Sistema FIEB tem avançado, com o objetivo de ampliar a oferta de serviços de forma integrada. Até 2028, estão previstos R$ 665 milhões de investimentos em obras de construção, ampliação e requalificação de unidades para SESI e SENAI. As cidades de Feira de Santana, Alagoinhas, Jequié, Guanambi e Senhor do Bomfim são as que receberão os maiores investimentos. Já em Salvador e Região Metropolitana, além da unidade do SESI de Itapagipe, Lauro de Freitas e Candeias são os principais investimentos neste ano.As entidades do Sistema também têm investido numa série de ações no interior, a exemplo do Programa de Educação Profissional para a Competitividade da Indústria, intermediação de linhas de crédito e consultorias para empresas de micro, pequeno e médio porte, qualificação de fornecedores de cadeias industriais e defesa de interesses.Para além do investimento na construção e requalificação desses equipamentos, desde que assumi a presidência da FIEB tenho visitado as principais regiões do estado para aproximar o Sistema FIEB e as entidades que o integram das indústrias locais. Foi a partir desta escuta mais próxima que constituímos o Fórum dos Distritos Industriais do Estado, e a partir dele levantamos as necessidades dos distritos em todo o estado. Com iniciativas como esta buscamos contribuir para o aumento da competitividade e a melhoria do ambiente de negócios em todo o estado.