UE quer selar acordo Mercosul em dezembro; dólar recua e Ibovespa sente IOF

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou em São Paulo que a União Europeia e o Mercosul pretendem assinar o acordo de livre-comércio “no máximo até dezembro”, durante a cúpula do bloco sul-americano em Brasília. O anúncio reacende uma negociação que se arrasta há mais de 25 anos e que ainda enfrenta forte oposição de ambientalistas europeus e do governo francês. Para Costa, porém, o tratado “enviará um sinal de multilateralismo e estabilidade econômica ao mundo”.

Impacto imediato nos mercados globais

A perspectiva de redução de barreiras comerciais melhorou o apetite por risco no exterior, mas o humor virou após um tribunal federal dos Estados Unidos restabelecer, em caráter provisório, a maior parte das tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump — revertendo a suspensão decidida um dia antes pela Corte de Comércio Internacional.

Dólar cai a R$ 5,66 e Ibovespa devolve ganhos

No Brasil, o dólar à vista chegou a recuar 0,50 %, fechando a quinta-feira a R$ 5,6670, beneficiado pela fraqueza da moeda norte-americana no exterior e pelos dados fortes do mercado de trabalho doméstico.

Já o Ibovespa cedeu 0,25 %, para 138.534 pontos, em meio à cautela com o impasse fiscal e à expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) possa ter menos espaço para cortar a Selic ainda este ano.

IOF vira foco em Brasília

O pano de fundo local é a insatisfação do Congresso com o recente aumento do IOF sobre operações financeiras, decretado pelo governo para reforçar a arrecadação. O presidente da Câmara, Hugo Motta, classificou a medida como “impopular” e cobrou do Executivo uma alternativa em até dez dias, enquanto o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, admitiu que reverter a alta criaria um “desafio fiscal intenso”.

A incerteza elevou os prêmios de risco na curva de juros — especialmente nos vencimentos de 2027 em diante — e limitou o avanço das ações expostas ao consumo interno.

Emprego forte reforça debate sobre juros

Apesar da tensão fiscal, os investidores receberam positivamente a queda da taxa de desemprego para 6,6 % no trimestre encerrado em abril, o menor nível histórico para o período, segundo o IBGE. O dado reforça a tese de retomada gradual da renda e do consumo, mas também alimenta dúvidas sobre quão agressivo o Banco Central pode ser nos próximos cortes de juros.

O que esperar

  • Negociações UE-Mercosul: diplomatas europeus planejam novas rondas técnicas em junho; Brasil assume a presidência rotativa do Mercosul em julho, quando promete “prioridade total” ao acordo.

  • IOF em discussão: líderes do Centrão articulam um projeto de decreto legislativo para derrubar o aumento do imposto caso o governo não apresente alternativa consistente.

  • Agenda macro externa: o mercado acompanhará, nesta sexta-feira (30), o núcleo do PCE nos EUA — indicador de inflação preferido do Federal Reserve — que pode redefinir apostas sobre o ciclo global de juros.

A meta de Costa de concluir o acordo UE-Mercosul até dezembro injetou otimismo, mas a combinação de incerteza fiscal, disputa nos tribunais americanos sobre tarifas e dúvidas sobre o ritmo de cortes da Selic manteve o Ibovespa pressionado. O investidor deve monitorar de perto as tratativas em Brasília sobre o IOF e as próximas sinalizações de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.

O post UE quer selar acordo Mercosul em dezembro; dólar recua e Ibovespa sente IOF apareceu primeiro em O Petróleo.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.