VGIA11 paga bons dividendos, mas relatório raso levanta alerta entre investidores

O fundo VGIA11, gerido pela Valora Investimentos, vem mantendo uma distribuição mensal de R$ 0,12 por cota — equivalente a 1,3% ao mês. Com uma carteira 100% alocada e taxa média de CDI + 5,1%, o fundo se destaca entre os FIAGROs pela alta rentabilidade. No entanto, a ausência de informações detalhadas no relatório gerencial e o silêncio da gestora sobre as novas exigências da CVM estão gerando dúvidas e desconfiança por parte dos investidores.

Rentabilidade atrativa e cota em recuperação

No último mês, o VGIA11 apresentou melhora na cotação após reforçar a distribuição mensal, o que reforça a correlação direta entre dividendos e preço de mercado. O fundo conta hoje com:

  • 30 ativos na carteira

  • Patrimônio de R$ 903 milhões

  • Liquidez média de R$ 15 milhões/dia

  • Mais de 170 mil cotistas

Com foco total em CRA de cooperativas e distribuidoras, o VGIA11 segue a estratégia característica da Valora: estar 100% alocado em ativos de crédito privado com prêmio elevado, aceitando riscos acima da média.

Silêncio sobre regime de apuração contábil preocupa

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgou em 2024 um ofício que determina que fundos como os FIAGROs devem distribuir rendimentos com base no lucro contábil apurado pelo regime de competência, e não apenas com base no fluxo de caixa (regime de caixa).

O problema é que o relatório da gestora não informa se o VGIA11 opera no regime de competência ou de caixa, o que é crucial para entender a sustentabilidade dos dividendos pagos — especialmente em contextos de inadimplência.

“A gestão poderia esclarecer se o fundo já está adaptado às novas regras ou se usará resultados acumulados até que o regulamento seja alterado. Mas não há uma linha sobre isso”, critica um analista do setor.

Caso Languiru: impacto foi absorvido?

Um dos principais riscos da carteira do VGIA11 é a exposição ao crédito da Languiru, cooperativa que entrou em dificuldades financeiras. Apesar da relevância, o relatório da Valora ignora completamente o tema. Não se sabe:

  • Se a operação foi marcada a valor justo;

  • Se houve impacto no resultado contábil;

  • Se a perda já foi provisionada ou ainda será;

  • Se isso afetará o limite de dividendos sob o regime competência.

A omissão levanta dúvidas sobre a qualidade da governança e da comunicação com os cotistas, especialmente diante de um cenário regulatório mais exigente.

Fundo está pagando mais do que gera

Outro ponto que merece atenção: em 2025, o VGIA11 gerou R$ 35 milhões em resultado, mas distribuiu R$ 40 milhões. Isso indica uso de resultado acumulado para manter os R$ 0,12 por cota — algo comum, mas que não é sustentável indefinidamente.

Como o relatório não detalha o saldo de lucros acumulados nem o planejamento para os próximos meses, o investidor fica no escuro sobre por quanto tempo os rendimentos atuais poderão ser mantidos.

Falta de transparência e relatório mínimo geram críticas

O relatório do VGIA11 traz apenas quatro parágrafos de conteúdo, sem detalhar:

  • Quais CRAs estão inadimplentes ou sob negociação;

  • Se a política de distribuição já está alinhada às novas normas da CVM;

  • Qual o regime contábil adotado pelo fundo;

  • O impacto efetivo de ativos problemáticos no resultado.

A impressão, segundo analistas independentes, é de que a gestora minimiza os riscos para preservar a imagem de regularidade e manter a atratividade do yield. A crítica mais frequente é: “Escrever um relatório enxuto é fácil, mas explicar o que importa de verdade exige compromisso com o cotista.”

O que o cotista deve observar daqui pra frente?

Apesar da boa rentabilidade, o cotista do VGIA11 deve redobrar a atenção nos próximos meses. Fatores-chave a acompanhar:

  • Atualização do regulamento para aderência ao regime de competência;

  • Impacto contábil de inadimplências como a da Languiru;

  • Sustentabilidade da distribuição com base no resultado real;

  • Qualidade da comunicação e do relatório gerencial.

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