A gestora do fundo AGRX11 anunciou sua decisão de votar contra o plano de recuperação judicial da Agrogalaxy Participações e suas controladas, apresentado em assembleia realizada no dia 8 de abril. Além disso, optou por não aderir à proposta de financiamento na modalidade DIP (Debtor-in-Possession), mecanismo utilizado para injetar recursos em empresas em recuperação. A posição foi divulgada em comunicado ao mercado, reforçando o compromisso com a proteção dos interesses dos cotistas.
Entenda o que está acontecendo com a Agrogalaxy
A Agrogalaxy, uma das maiores plataformas de distribuição de insumos e serviços para o agronegócio brasileiro, entrou com pedido de recuperação judicial diante de uma forte deterioração financeira. O plano submetido à votação previa uma série de medidas para reestruturar suas dívidas, incluindo a oferta de novos financiamentos para garantir a continuidade das operações.
No entanto, mesmo com a aprovação da proposta por outros credores, a gestora do AGRX11 — que detém Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) lastreados em dívidas da Agrogalaxy — decidiu se opor aos termos apresentados.
Motivo da rejeição: proteger o interesse dos cotistas
De acordo com o comunicado, a decisão foi tomada com base em uma análise criteriosa dos termos do plano e priorizou o “melhor interesse do fundo e dos seus cotistas”. A gestora também esclareceu que não participará do financiamento DIP proposto, um instrumento que normalmente confere prioridade no recebimento em caso de falência, mas que neste contexto foi considerado arriscado ou pouco vantajoso.
Essa postura conservadora visa evitar maiores prejuízos aos cotistas, especialmente considerando a ausência de garantias reais robustas nos CRAs em questão.
O que acontece agora com os recebíveis?
Mesmo com a reprovação do fundo, o plano de recuperação judicial foi aprovado pelos demais credores e seguirá seu curso. No entanto, como o AGRX11 não aderiu ao financiamento DIP e votou contra o plano, ele deverá seguir os trâmites normais de cobrança e execução.
Entre as medidas possíveis está a decretação de vencimento antecipado dos CRAs e a execução das garantias vinculadas às operações — que, no caso, não são bens tangíveis como imóveis, mas sim recebíveis da própria Agrogalaxy.
Ou seja, os pagamentos que os clientes da Agrogalaxy deveriam fazer à empresa podem ser redirecionados diretamente ao fundo, por meio da execução desses recebíveis como forma de mitigar perdas.
Riscos e limitações: garantias frágeis aumentam a incerteza
Diferente de outras dívidas com garantias reais — como imóveis, estoques ou ativos físicos — os CRAs da Agrogalaxy possuem como lastro apenas os recebíveis da operação. Isso significa que a efetividade da recuperação dependerá da capacidade de cobrança desses valores junto aos clientes da companhia.
Além disso, como a empresa continua em recuperação e com fluxo de caixa comprometido, há incerteza sobre a efetiva recuperação dos valores investidos pelo AGRX11 e outros fundos com exposição à Agrogalaxy.
Outros fundos impactados além do AGRX11
A exposição à Agrogalaxy não se limita ao AGRX11. Outros fundos também detêm papéis de dívida da companhia, incluindo:
- XPCA11
- BBGO11
- CPTR11
Esses fundos podem enfrentar decisões semelhantes em seus respectivos comitês de crédito e assembleias, e o desfecho do processo judicial da Agrogalaxy poderá afetar diretamente a precificação e os rendimentos desses ativos nos próximos meses.
O que o investidor do AGRX11 deve observar agora?
O cotista do AGRX11 deve acompanhar com atenção as atualizações sobre o processo judicial e os comunicados da gestora. A possibilidade de execução das garantias pode representar uma tentativa de recuperação dos valores, mas os riscos continuam elevados diante da fragilidade das garantias e da instabilidade da empresa devedora.
Ao mesmo tempo, a decisão da gestora de não aderir ao DIP pode ser vista como uma estratégia de preservação do patrimônio do fundo no médio e longo prazo.
O voto contrário do AGRX11 à recuperação judicial da Agrogalaxy sinaliza uma postura firme e cautelosa da gestora diante de um cenário de risco elevado. Ao rejeitar também o financiamento DIP, o fundo se distancia de uma possível priorização na recuperação, mas evita comprometer ainda mais recursos em uma operação incerta. Agora, o foco se volta à execução das garantias e à tentativa de mitigar eventuais perdas para os cotistas.
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