A discussão sobre a tributação de criptomoedas no Brasil ganhou força nos últimos meses. À medida que o governo aperta o cerco sobre ativos digitais, investidores e empresas do setor questionam se as novas regras podem desestimular o crescimento desse mercado no país — ou, ao contrário, profissionalizá-lo de vez.
O que está em jogo?
O avanço da regulamentação dos criptoativos no Brasil vem acompanhado de medidas que visam aumentar a arrecadação sobre transações com moedas digitais, como Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH), stablecoins e outros tokens.
Na prática, as novas regras determinam que lucros obtidos em operações com criptomoedas realizadas em corretoras no exterior, ou até mesmo peer-to-peer (P2P), estarão sujeitos a impostos equivalentes aos das operações financeiras tradicionais.
Ponto central:
O governo brasileiro quer garantir que operações com criptoativos também estejam sujeitas à malha tributária, alinhando-se às práticas internacionais de compliance fiscal.
Impacto no mercado: Desestímulo ou consolidação?
Há uma forte percepção de temor no mercado. Segundo relatos de investidores, fóruns e especialistas do setor, muitos estão assustados com o avanço da chamada “sanha arrecadatória” do governo.
Por outro lado, especialistas como Charlovsk, analista financeiro, defendem que a tributação não necessariamente afasta investidores — e pode, na verdade, fortalecer o mercado.
“O governo está mostrando que vai taxar os criptoativos cada vez mais. Isso não afasta o investidor sério, pelo contrário. Cria um ambiente mais seguro e maduro para os criptoativos no Brasil”, afirma Charlovsk.
Dados do mercado brasileiro de Criptoativos
Indicador | Valor estimado em 2025 |
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Volume transacionado em cripto | R$ 250 bilhões |
Usuários ativos em plataformas | +4 milhões |
Receita estimada do setor | R$ 3,4 bilhões |
Participação do Brasil no mercado global | 2,5% |
Crescimento anual do setor | 17% |
Como funciona a tributação?
Quem precisa declarar:
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Pessoas físicas e jurídicas que realizam operações superiores a R$ 35 mil no mês estão sujeitas a imposto sobre ganhos de capital.
Alíquotas aplicáveis:
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15% sobre ganhos de até R$ 5 milhões.
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17,5% sobre ganhos entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões.
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20% sobre ganhos entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões.
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22,5% acima de R$ 30 milhões.
Novidade com foco no exterior:
Operações feitas em exchanges internacionais também passam a ser monitoradas pela Receita Federal.
Riscos e oportunidades
Riscos
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Fuga de capital para países com regras mais brandas.
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Desestímulo a pequenos investidores.
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Aumento da informalidade e operações descentralizadas (DeFi, carteiras frias, OTC).
Oportunidades
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Consolidação de um mercado mais seguro e regulamentado.
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Atração de grandes players institucionais.
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Redução de fraudes, pirâmides e esquemas ilegais.
Visão dos especialistas
Para Charlovsk, a reação inicial do mercado — marcada por medo e incerteza — é natural, mas tende a se ajustar.
“Quem busca apenas fugir de impostos tende a desaparecer. Mas quem está no mercado com visão de longo prazo vai se adaptar. Isso é maturidade financeira”, ressalta.
Além disso, ele destaca que a profissionalização do mercado de criptoativos se alinha com tendências globais. Países como Estados Unidos, União Europeia e Japão já adotam regras tributárias rigorosas para o setor.
Efeitos no investidor comum
A nova tributação obriga investidores a serem mais organizados, manter registros de todas as operações e considerar o imposto na rentabilidade final.
Por outro lado, abre caminho para produtos mais estruturados, como fundos de criptomoedas regulados pela CVM e investimentos com respaldo legal.
O que esperar dos próximos anos?
A expectativa é que, nos próximos dois anos, o mercado brasileiro de criptoativos passe por um ciclo de ajustes:
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Correções de mercado no curto prazo.
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Entrada de players institucionais, como bancos e fundos.
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Aumento da fiscalização, mas também da confiança.
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Criação de produtos financeiros ligados a criptoativos com selo de conformidade nacional.
Embora o avanço da tributação de criptomoedas no Brasil traga desafios, ele também sinaliza que o mercado está deixando de ser um território de informalidade para se tornar um ambiente robusto, confiável e atrativo para grandes investidores.
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