O dólar voltou a subir com força e já ronda os R$ 5,90 em abril de 2025. Esse movimento reacendeu um velho dilema entre os investidores brasileiros: será que ainda vale a pena investir no exterior com a moeda americana nesse patamar? Ou seria melhor concentrar os aportes aqui dentro, aproveitando os juros altos da renda fixa?
Com a Selic próxima dos 15% ao ano, a renda fixa nacional continua atraente. No entanto, quando analisamos os últimos 15 anos, os dados mostram que a bolsa americana superou com folga a rentabilidade dos ativos conservadores no Brasil. Entenda por que investir no exterior continua sendo uma estratégia relevante — mesmo com o dólar caro.
Renda Fixa: um refúgio atrativo, mas que já perdeu força
Nos últimos anos, muitos investidores surfaram na onda da renda fixa, aproveitando os pós-fixados em alta, com CDBs pagando até 115% do CDI. Mas, desde o fim de 2024, a situação vem mudando. Títulos que antes ofereciam retornos superiores a 110% do CDI hoje já recuam para 106% ou até menos. A janela de maior rentabilidade está se fechando.
Além disso, a Selic não pode cair ou subir bruscamente. Segundo especialistas, o Brasil deve caminhar para uma “taxa neutra” ao redor de 8,5% ao ano — algo que não se vê no curto prazo. Ainda assim, aplicações seguras continuam rendendo até 1% ao mês, o que explica por que o país é conhecido como “a terra dos rentistas”.
Dólar disparou, mas ainda é possível investir no exterior?
Com a moeda americana se valorizando — após ter recuado a R$ 4,60 no início de 2025 — muitos investidores se perguntam se ainda compensa alocar parte do patrimônio lá fora. A resposta exige olhar para o longo prazo.
Entre 2010 e 2025, o dólar praticamente dobrou de valor frente ao real. Isso significa que quem investiu em ativos internacionais também ganhou com a valorização cambial — além da performance dos próprios ativos.
Comparativo prático: CDI x Bolsa Americana (S&P 500)
Uma das formas mais seguras e acessíveis de investir no exterior é por meio de ETFs atrelados ao índice S&P 500, que reúne as 500 maiores empresas dos Estados Unidos. Comparando a rentabilidade desse índice com a taxa CDI (representando a renda fixa brasileira), o resultado impressiona:
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CDI de 2010 a 2025: aproximadamente 288% de rentabilidade
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S&P 500 em reais no mesmo período: cerca de 1.397% de retorno
Ou seja, enquanto R$ 1.000 aplicados em um CDB renderam cerca de R$ 4.000, o mesmo valor aplicado em um ETF do S&P 500 teria se transformado em quase R$ 15.000.
E isso sem contar a inflação brasileira, que corrói o poder de compra em uma velocidade muito maior que a inflação americana.
Por que diversificar internacionalmente é essencial
Viver no Brasil e ter parte do patrimônio em reais faz sentido. Mas manter 100% dos investimentos expostos à moeda local pode ser arriscado. A diversificação internacional protege contra crises domésticas, instabilidades políticas e desvalorização cambial.
Investir no exterior também permite acesso a setores e empresas que não estão disponíveis na B3, como gigantes da tecnologia, saúde e inovação.
Além disso, o próprio dólar funciona como um ativo de proteção: quando há instabilidade no Brasil, a tendência é que ele se valorize, ajudando a equilibrar sua carteira.
E agora? Onde investir em 2025?
O cenário atual exige equilíbrio e estratégia. Veja algumas sugestões práticas com base nas condições atuais:
Renda Fixa no Brasil
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Ainda interessante para investidores conservadores
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Boas oportunidades em prefixados e IPCA+ com vencimentos médios
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Ideal para reserva de emergência ou curto prazo
Investimentos no Exterior
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Aporte gradual pode ajudar a suavizar o impacto do dólar alto
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ETFs como IVVB11 (S&P 500), URTH (mercado global) ou VNQ (setor imobiliário dos EUA) são boas portas de entrada
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Ideal para construção de patrimônio no longo prazo
Equilíbrio é a chave
Mesmo com o dólar a R$ 5,90, investir no exterior continua sendo uma decisão estratégica. A valorização cambial e o desempenho histórico da bolsa americana mostram que essa diversificação pode ser altamente vantajosa. Ao mesmo tempo, a renda fixa brasileira segue atraente no curto prazo.
Portanto, o melhor caminho em 2025 não é escolher entre um ou outro, mas dividir seus aportes de forma inteligente. Aproveite os juros altos no Brasil, mas não negligencie a importância de ter uma parte do seu patrimônio em dólar.
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