Embora manchetes recentes associem os medicamentos injetáveis para perda de peso a riscos como cegueira e pancreatite, especialistas destacam: os efeitos adversos são raros e, quando bem indicados, esses fármacos oferecem importantes benefícios à saúde.
A endocrinologista Dra. Deborah Beranger, pós-graduada pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, alerta que o contexto é fundamental. “A obesidade é, por si só, um fator de risco para dezenas de doenças graves. As canetas injetáveis surgem como ferramentas seguras e eficazes, desde que usadas com acompanhamento médico”, afirma.
Redução de risco para doenças cardíacas, hepáticas e até Alzheimer
Um estudo recente publicado na Nature Medicine reforça os benefícios dos agonistas de GLP-1, como semaglutida (Ozempic, Wegovy) e tirzepatida (Mounjaro). A pesquisa acompanhou mais de 1,4 milhão de pessoas com diabetes e demonstrou que aqueles que usaram essas injeções tiveram riscos significativamente menores de desenvolver 42 doenças, incluindo:
- 22% menos risco de parada cardíaca
- 11% menos risco de insuficiência cardíaca
- 9% menos risco de infarto
- 7% menos risco de AVC isquêmico
- 24% menos probabilidade de insuficiência hepática
- 22% menos probabilidade de insuficiência respiratória
- 12% menos risco de desenvolver Alzheimer
Os medicamentos também mostraram impacto positivo em transtornos mentais como dependência química, ideação suicida e esquizofrenia.
E os efeitos colaterais?
Apesar dos benefícios, o estudo também apontou um risco 2,5 vezes maior de pancreatite induzida por medicamento. Além disso, efeitos como náusea (30% mais comum), artrite (11%) e hipotensão (6%) foram observados, embora todos já estivessem descritos nas bulas e permaneçam raros em relação à eficácia clínica.
Outro alerta recente da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) trouxe à tona um possível efeito colateral: a Neuropatia Óptica Isquêmica Anterior Não Arterítica (NOIAN), uma condição que pode causar perda de visão e afeta, em média, um em cada 10 mil usuários da semaglutida.
“É importante lembrar que qualquer medicamento pode provocar reações adversas. O paracetamol, por exemplo, pode causar náuseas e hepatotoxicidade em casos raros. Ainda assim, é amplamente utilizado de forma segura quando administrado corretamente”, compara a Dra. Deborah.
Prescrição responsável é essencial
Com a crescente popularidade dessas injeções nas redes sociais, a endocrinologista reforça: o uso deve sempre ser prescrito por médicos. “A automedicação pode ser perigosa. A avaliação clínica individual é o que garante segurança e resultados”, destaca.
Ela também lembra que as canetas são apenas parte de um tratamento completo. Alimentação balanceada, atividade física e acompanhamento multidisciplinar continuam sendo os pilares no controle do peso e prevenção de doenças.
Fonte: DRA. DEBORAH BERANGER: Endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ) e pós-graduação em Terapia Intensiva na Faculdade Redentor/AMIB.
O post Canetas para emagrecer: riscos como cegueira são raros e medicamentos podem reduzir chance de mais de 40 doenças apareceu primeiro em RSVP.