Editorial – Gastança no Congresso

O aparente cuidado com o erário pode ser atribuído ao Congresso Nacional, quando cobra ajustes no orçamento do governo, mas não vale para aplicar R$ 64,6 milhões anuais dos cofres públicos em 18 novas vagas de parlamentares.A figura de paradoxo sugere falta de remorso, excedendo “cinismo”, modo vulgata, pois a palavra dita ao por do sol não se sustenta na aurora, como se dirigidas a rebanho em vez de consciências livres.O problema para a escandalosa proposta é esta mobilidade de narrativas antagônicas, oferecendo flagrantes perfeitos de imoralidade, embora do ponto de vista legal, a vitória do aumento esteja amparada de sobeja.A votação na Câmara, seguida do Senado, garante mais 18 deputados federais, saindo de 513 para 531, tendo como agravante o “modus operandi” de congressistas, ao decidirem nos gabinetes, sonegando o debate público.As assembleias legislativas aproveitarão o rebote com automática expansão de vagas – hoje em torno de mil deputados estaduais –, não se tendo notícia de argumento forte e lícito em defesa deste escombro imoral.Alguém poderia arguir tratar-se de investimento na cidadania, se as casas legislativas não aprovassem tantas medidas impopulares, como recente  elevação na conta de energia elétrica.Afeiçoados à dança das cifras têm uma grande contribuição na abordagem, ao calcularem os números do “efeito cascata” gerado por rubricas excedentes do custeio gerado pelo Projeto de Lei Complementar 177/2023.O cenário, situado na cúspide entre a rapina e a inépcia, tem a tendência de ampliar a sensação de prejuízo, com a alta probabilidade de atração de novos “atores” para o teatro pago pelo “bilhete” do contribuinte brasileiro.Está pronta a receita de “batata quente” ao molho do presidente, pois caberá a Lula vetar ou aprovar o PL, ou aprovar com restrições.Se para algo serve a contenda, é ensinar a distinção entre “gasto”, como no caso em tela; e “investimento”, quando reverte em melhorias.
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