Pegada formada com sangue de enteada morta a facadas é principal prova contra padrasto, diz delegado


Suspeito está preso preventivamente e foi indiciado por feminicídio e aborto, pois a vítima estava grávida. Crime aconteceu em março de 2025 no interior do Piauí. A adolescente Maria Victória Rodrigues dos Santos, de 15 anos, foi encontrada morta dentro de casa no Piauí
Arquivo pessoal
Uma pegada formada com o sangue de Maria Victória Rodrigues, adolescente de 15 anos grávida morta a facadas, foi decisiva para que a Polícia Civil prendesse o padrasto dela como principal suspeito do crime, segundo o delegado responsável pelo caso.
O padrasto da adolescente, Ramon Silva Gomes, foi indiciado em 24 de junho por feminicídio e aborto — já que a gestação dela foi interrompida. Ele está preso preventivamente e nega a autoria dos crimes. O g1 entrou em contato com a defesa dele e aguarda resposta.
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De acordo com o delegado João Ênio, titular da Delegacia de Itaueira, onde a jovem foi assassinada, o suspeito enxergava a gravidez da enteada como um “obstáculo” para a relação entre ele e a mãe dela.
A investigação policial apontou que os dois estavam tentando gerar um filho, mas, assim que a companheira dele soube da gestação da adolescente, voltou a tomar o anticoncepcional.
“Quando eles tomaram ciência da gravidez dela, no mesmo mês do crime, foi até cogitada a separação. A mãe interrompeu o intento [de engravidar] a contragosto dele, em uma decisão unilateral”, afirmou o delegado.
Além disso, o suspeito não aprovava o relacionamento da enteada com o pai do bebê e costumava interferir na rotina da adolescente por meio da mãe — o que levou a um desgosto de Maria Victória em relação ao padrasto.
Provas contradizem versão do suspeito
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Na noite em que a jovem foi morta, a mãe foi a uma catequese na igreja que frequentava e deixou a filha em casa. Quando voltou, uma hora depois, se deparou com a garota ensanguentada e caída no quarto dela.
A polícia acredita que, nesse intervalo, Ramon deixou a casa dos pais, na zona rural de Itaueira, e foi até a residência em que morava com a companheira para cometer o crime, voltando para onde saiu logo depois.
“Fizemos um relatório do local do crime e uma pegada formada com o sangue da vítima, próxima ao corpo, foi condizente com o tamanho do pé dele”, explicou o delegado João Ênio.
Interrogado posteriormente, o padrasto disse que estava na zona rural quando Maria Victória foi assassinada, em uma localidade sem sinal de celular. No entanto, o telefone dele tinha cobertura e estava conectado ao modem da casa da companheira.
“A gente pode afirmar categoricamente que ele estava lá no momento do crime”, declarou o delegado.
Laudos detalham violência
A exumação do corpo de Maria Victória revelou que o crânio da adolescente foi afundado na parte frontal e na lateral, possivelmente com um objeto contundente.
Ela tinha ainda perfurações no tórax, feitas provavelmente com uma faca, e inchaços no rosto e pescoço, bem como hematomas no braço.
Um laudo também foi produzido pela polícia para determinar a paternidade do filho da jovem, que foi atribuída ao companheiro de Maria.
“Não podemos afirmar que houve envolvimento sexual [entre o padrasto e a enteada]. Ele continua negando a autoria do assassinato”, completou João Ênio.
Preso preventivamente
A prisão temporária de Ramon, realizada no fim de maio, se encerraria no último sábado (28), mas foi convertida para preventiva um dia antes, na sexta-feira (27).
Ele está detido na penitenciária de Vereda Grande, em Floriano, a 100 km de Itaueira, onde aguarda o restante do processo criminal.
O inquérito que o indiciou por feminicídio e aborto foi enviado ao Ministério Público do Piauí (MPPI), que vai decidir se o denuncia pelos mesmos crimes à Justiça.
Caso a Justiça aceite a denúncia, Ramon se tornará réu e poderá ser declarado culpado ou inocente em um julgamento.
Relembre o caso
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Reprodução
Maria Victória foi encontrada morta dentro de casa, na noite de 24 de março de 2025, em Itaueira, a 345 km de Teresina. Ela estava grávida de cinco meses e foi achada pela mãe.
Segundo a Polícia Militar, os vizinhos ouviram os gritos da mãe e, ao entrarem na casa, notaram que a jovem estava sem vida.
Os policiais isolaram o local e acionaram a perícia criminal. O corpo de Maria foi levado ao Instituto de Medicina Legal (IML) de Floriano.
Dois dias após o crime, professores, servidores e estudantes do Centro Estadual de Tempo Integral (Ceti) Monsenhor Uchôa, onde Maria Victória estudava, soltaram balões brancos em direção ao céu e pediram justiça por ela.
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