
Loreto Belen viajou à Aldeia São Francisco, do povo Huni Kuî, entre maio e junho para estudos sobre a medicina indígena. Durante a estadia, segundo ela, Isaka Ruy cometeu pelo menos três tipos de abuso sexual, sendo o último um estupro. Ele nega as acusações e é considerado foragido pela Polícia Civil. Loreto Belen denunciou líder indígena por estupro em Feijó
Reprodução
O relato da turista chilena Loreto Belen, que acusa o líder indígena acreano Isaka Ruy Huni Kuî de estupro, feito em uma rede social tem causado comoção no Acre. Na denúncia, ela conta que sofreu pelo menos três tipos de abuso sexual durante estadia na Aldeia São Francisco, em Feijó, no interior do Acre, entre maio e junho.
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Isaka teve a prisão preventiva decretada e está foragido. Ele nega o crime.
O g1 tenta contato com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) desde a última quarta-feira (2 ) e não obtém retorno.
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O g1 reuniu as principais informações sobre o caso abaixo.
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Quem é Loreto Belen?
Em um perfil nas redes sociais, Loreto Belen Manzo se descreve como nutricionista, terapeuta integral, estudante de medicinas ancestrais e médium. Ela visitou a terra indígena pela primeira vez em janeiro deste ano, quando passou 15 dias estudando a medicina da floresta.
No dia 15 de maio, ela voltou à comunidade para viver outra experiência na natureza. A turista comprou um pacote por cerca de R$ 5,5 mil para ficar várias semanas no local.
A turista recebeu ainda apoio e assistência do Departamento Bem Me Quer da Polícia Civil, que auxilia mulheres em situação de vulnerabilidade, e do Organismo de Políticas Públicas para Mulheres (OPM).
A chinela voltou para casa da mãe, no Chile, no dia 25 de junho para ficar com a família.
Aldeia São Francisco, em Feijó, no interior do Acre
Reprodução/Facebook
O que aconteceu?
Loreto Belen chegou à comunidade no dia 15 de maio e ficou mais de um mês na localidade. Durante esse período, ela contou que sofreu, pelo menos, três tipos de abuso sexual, sendo o último no dia 17 de junho.
A primeira foi quatro dias depois da chegada à comunidade, quando participava de uma atividade conhecida como banho medicinal. Segundo ela, o indígena a tocou nas partes íntimas. Apesar de se sentir incomodada, ela afirmou que não disse nada.
O crime foi gravado, conforme a turista. “Alguns dias depois, fizemos uma dieta nas profundezas da selva por seis dias. Lá, ele tentou me beijar e eu fiquei muito confusa”, acrescentou sobre o segundo caso.
Dessa vez, ela comunicou os fatos aos pais e a esposa do suspeito, que se desculparam e pediram que ela apagasse as imagens gravadas. Além disso, foi convidada a permanecer e participar de experiências na terra indígena sem precisar pagar mais nada.
Ainda segundo a turista, a família do indígena deu um desconto no pacote adquirido por ela e baixou o valor de R$ 5,5 mil para R$ 2,5 mil após ela denunciar os primeiros abusos ainda na comunidade.
Vítima publicou vários registros de experiências vividas na comunidade
Reprodução
Quando ocorreu o estupro?
Após aceitar ficar na aldeia, no dia 17 de junho, a turista disse que sofreu estupro. Loreto Belen diz que um dos celulares que tinha levado desapareceu de seus pertences.
“Meu telefone ficou na aldeia, fui com dois para lá. Já estou de volta ao Chile, na cidade da minha mãe, vim me resguardar um pouco. Me senti muito vulnerável, estou passando uns dias com minha mãe e depois volto para minha cidade”, relatou.
Quem é o suspeito?
Isaka Ruy é uma liderança Huni Kuî e atua na promoção do etnoturismo na aldeia São Francisco
Mardilson Gomes/SEE/Arquivo
Isaka Ruy se apresenta como cacique e é um dos responsáveis pelas ações de etnoturismo desenvolvidas na Aldeia São Francisco, junto à esposa. No local, eles recebem turistas de diversas partes do mundo para experiências imersivas com participação em cerimônias e rituais.
Para participar das atividades, os turistas precisam adquirir pacotes. No caso de Loreto, ela afirma ter pago R$ 5,5 mil para ficar várias semanas no local.
Ao g1, ele preferiu não falar sobre o caso, mas disse que pretende provar sua inocência. teve a prisão preventiva decretada e é considerado foragido pela Polícia Civil.
O delegado informou, na manhã desta sexta-feira (4), que o advogado de Isaka entrou em contato e informou que o cliente deve se apresentar à polícia entre segunda (7) e terça (8).
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Como estão as investigações?
Crime foi denunciado na Delegacia de Feijó
Asscom/PCAC
O delegado Dione Lucas explicou que a vítima foi ouvida na delegacia, fez exames médicos no hospital do município e apresentou vídeos gravados nos momentos do abuso. Ele destacou que ainda não conseguiu ouvir o suspeito nem os familiares dele.
Lucas contou ainda que pediu a prisão de Isaka logo após receber os exames médicos da vítima. O Judiciário decretou a prisão do indígena no dia 27 de junho.
“Quando vi os exames, identifiquei estupro mediante fraude, no mínimo, decidi pedir a prisão dele para a investigação andar. Com ele solto não dava, iria constranger ela, priorizei a prisão dele para não atrapalhar as investigações”, relatou. Dione confirmou que a vítima fez exames de lesão corporal e sexologia forense.
A polícia soube que o indígena se preparava para fugir do município, porém, não pôde agir sem o mandado de prisão expedido. São investigados os crimes de estupro, roubo ou furto do celular da turista, mas não são descartados outros crimes. O delegado destacou que deve ir à aldeia tentar ouvir a esposa e familiares de Isaka.
Violência contra mulher: como pedir ajuda
A PM do Acre disponibiliza os seguintes números para que a mulher peça ajuda:
(68) 99609-3901
(68) 99611-3224
(68) 99610-4372
(68) 99614-2935
Veja outras formas de denunciar casos de violência contra a mulher:
Polícia Militar – 190: quando a criança está correndo risco imediato;
Samu – 192: para pedidos de socorro urgentes;
Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres;
Qualquer delegacia de polícia;
Secretaria de Estado da Mulher (Semulher): recebe denúncias de violações de direitos da mulher no Acre. Telefone: (68) 99930-0420. Endereço: Travessa João XXIII, 1137, Village Wilde Maciel.
Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa;
Profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, precisam fazer notificação compulsória em casos de suspeita de violência. Essa notificação é encaminhada aos conselhos tutelares e polícia;
WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008;
Ministério Público;
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