Falta de proteção ameaça biodiversidade no entorno de Abrolhos, aponta estudo

Pesquisa assinada por 13 cientistas brasileiros indica que dos 10 habitats estudados no entorno do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no litoral do extremo sul da Bahia, quatro estão praticamente sem cobertura alguma de mecanismos de preservação.O trabalho identificou os pontos de maior biodiversidade e a necessidade de ampliação das áreas de proteção ambiental naquela região, considerada de extrema importância para a manutenção da biodiversidade marinha no Atlântico Sul.Com o título ‘Marine biodiversity hotspots in the Abrolhos Region and Vitória-Trindade Seamount Chain, Brazil, with implications for conservation’, a conclusão do trabalho foi publicada no Volume 73 – 2025, da revista Ocean and Coastal Research, da Universidade de São Paulo (USP).O resultado preocupou os cientistas de várias instituições brasileiras que colaboraram na pesquisa, que foi apoiada pelo Instituto Baleia Jubarte e a Conservação Internacional (CI-Brasil).“O caminho que propomos é a ampliação da rede atual de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) no Brasil, e em especial na região dos Abrolhos”, afirmou o consultor ambiental e pesquisador pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Guilherme Fraga Dutra.Um dos autores do estudo, ele salientou que essa é uma responsabilidade dos governos federal e estadual, que devem atuar de forma conjunta no planejamento e criação dessas áreas de proteção. O entendimento dos pesquisadores é aumentar a abrangência dos espaços protegidos nos lugares mais críticos, com efetiva presença de fiscalização.Dutra explicou que a região dos Abrolhos concentra a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, os maiores recifes de coral da costa brasileira e a maior concentração de baleias jubarte na costa Atlântica da América do Sul, justificando a urgência em promover a proteção do lugar.A preservação das áreas estudadas, segundo o pesquisador, “tem relevância para a conservação marinha em toda a costa brasileira, contribuindo para o aumento da representatividade de nossa rede de áreas protegidas, que é um dos pressupostos da Meta 30 x 30, (que prevê a proteção de 30% dos ecossistemas globais até 2030) da ONU, da qual o Brasil é signatário”.CríticoSegundo o estudo, a situação das buracas, (depressões na plataforma continental, formadas por processos geofísicos e biológicos), é a mais preocupante. Isso porque são estruturas únicas, identificadas apenas na região dos Abrolhos e que estão totalmente fora dos limites das atuais áreas protegidas.Entre outros habitats que precisam de muitos cuidados estão os recifes profundos e os ambientes situados na quebra da plataforma continental. Já os bancos de rodolitos (compostos por algas calcárias), tem 96% da área fora das atuais Áreas Marinhas Protegidas AMPs. Além de estudar os habitats para mapear áreas de importância, o estudo mapeou a distribuição de 546 espécies de peixes, invertebrados, cetáceos, aves marinhas e tartarugas marinhas. Destas, 134 espécies (24,5% das amostras) estão nas categorias de ameaça, variando entre a quase ameaçada, a vulnerável, em perigo ou criticamente em perigo.
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