A IS Energia, controlada pela estatal colombiana ISA, divulgou em julho uma nova apresentação aos acionistas com informações atualizadas sobre desempenho, estrutura acionária e planos para os próximos anos. A companhia prevê investir cerca de R$ 13 bilhões até 2028, com o objetivo de compensar a redução da receita decorrente do fim das indenizações da RBSE.
Presente no Brasil desde 1999 e listada na B3, a IS Energia concentra sua liquidez nas ações preferenciais (ISEE4), mais acessíveis e com melhor dividend yield que as ordinárias (ISEE3). Atualmente, a ISA detém 90% das ações ordinárias e 1,3% das preferenciais, somando cerca de 36% do capital total. A Eletrobras é a segunda maior acionista, com 21,6% do capital.
Receita deve cair, mas investimentos visam sustentar resultados
Com 11% de participação no mercado brasileiro de transmissão, a IS Energia tem receita anual regulatória estimada em R$ 6,3 bilhões, mas metade ainda depende das indenizações da RBSE, que se encerram em 2028. Para mitigar essa perda, a companhia planeja investir R$ 7,5 bilhões em novos projetos greenfield e outros R$ 5,5 bilhões em reforços e melhorias nas linhas já existentes.
Esses investimentos devem agregar cerca de R$ 1 bilhão por ano em receita incremental pelos novos projetos e mais R$ 700 a 800 milhões anuais com os reforços. Atualmente, a empresa opera 35 concessões em 18 estados, com média de 20 anos restantes nos contratos, transmitindo 30% da energia elétrica do país — sendo 95% apenas em São Paulo. Apesar do volume, a companhia responde por apenas 11% da receita do setor, devido ao modelo de remuneração por disponibilidade das linhas, não pelo volume transportado.
Histórico de eficiência e retornos consistentes
A IS Energia ressaltou um histórico de eficiência, entregando projetos 31% abaixo do orçamento e sete meses antes do previsto, além de disciplina financeira e custos competitivos. Desde dezembro de 2012, a empresa entregou um retorno acumulado de 570% aos acionistas, com rentabilidade média anual de cerca de 17% ao ano (IPCA +10,3%), superando índices como CDI (200%) e Ibovespa (108%) no mesmo período.
Em 2024, a empresa registrou EBITDA acima de R$ 3 bilhões, com lucro superior a R$ 2 bilhões em 2023, embora a expectativa para este ano seja de lucros menores devido ao aumento do endividamento — atualmente em 3,16 vezes a dívida líquida sobre EBITDA, podendo chegar a entre 4,5 e 5 vezes no pico dos investimentos.
Dividendos pressionados, mas política mantida
Mesmo diante do cenário desafiador, a IS Energia reforçou o compromisso de distribuir pelo menos 75% do lucro regulatório em dividendos, apesar da redução esperada do lucro e do fluxo de caixa. A companhia estima um dividend yield de aproximadamente 8% para 2025, com pagamentos concentrados no final do ano.
No curto prazo, a empresa revisou para baixo, em R$ 300 milhões por ano, as três últimas parcelas das indenizações da RBSE, reduzindo a receita em quase R$ 864 milhões no período. Ainda assim, os investimentos planejados devem permitir que a receita permaneça próxima aos níveis atuais após 2028, compensando a perda com novos contratos e reforços.
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