
Defesa Civil de Rio Branco iniciou atendimento a moradores de áreas sofrem mais prejuízos com o baixo nível do Rio Acre e afluentes. Nesta segunda-feira (7), abastecimento começou pela Comunidade Rural Panorama. Operação Estiagem é lançada em Rio Branco nesta segunda-feira (7)
Sem chuvas significativas em Rio Branco desde 17 de junho, moradores de comunidades rurais começaram a receber água em caminhões-pipas nesta segunda-feira (7), pelas equipes da Operação Estiagem, ação de contingência à seca,
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A ação iniciou com a entrega de água para cerca de dois mil moradores da Comunidade Rural Panorama, na capital acreana. O plano da Defesa Civil Municipal prevê o abastecimento por meio de caminhões-pipa, já que a maior parte das famílias que vivem na região não consegue arcar com os custos do abastecimento particular.
O órgão fez vistorias ao longo das últimas semanas para atender famílias de áreas rurais durante à seca. Somente na Comunidade Panorama foram abastecidos cerca de 150 mil litros de água, com 600 famílias beneficiadas.
“Abastecemos as chamadas caixas particulares e reabastecemos, de novo essas caixas, por isso dá em torno de 150 mil litros [entregues]. Hoje, talvez a gente não consiga fazer esse abastecimento completo por conta de ajustes que precisa fazer em caixas. Daqui, vamos para a Estrada do Aeroporto e lá são muitas comunidades. Tem dias que chega a 400 mil, 500 mil [litros de água], depende da rota, fica sempre alternando essa quantidade”, explica o coordenador da Defesa Civil da capital, tenente-coronel Cláudio Falcão.
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Entre os moradores que receberam o abastecimento no primeiro dia da operação está a autônoma Daiane Sousa, que mora na comunidade há seis anos. Ela relata que a seca é uma preocupação de todos os anos e que prejudica a subsistência das famílias que vivem ali.
“Todo ano a gente sofre com esse problema de água aqui porque, quando é no começo do verão, os poços secam. Não temos água encanada aqui. A gente depende dos poços. Fizemos manifestação para trazerem água encanada para cá, mas até agora nada foi resolvido. A gente sofre todo ano com isso. Tem muita criança, idoso aqui para dentro. E é esse sofrimento, essa tormenta que temos todos os anos”, lamentou.
Há seis anos na comunidade, Daiane Sousa relata que a seca é uma preocupação constante
Aline Pontes/Rede Amazônica Acre
Com o início da seca, segundo a moradora, algumas famílias chegam a recorrer a empresas de caminhões-pipa, mas, o preço pode ser muito caro e a entrega, muitas vezes, demora. Por isso, o abastecimento por meio da operação se torna crucial.
“Porque como todos falam, água é vida. A gente depende da água para sobreviver. Podemos ficar um dia sem alimento, mas sem água a gente não consegue ficar, passar um dia sem beber água, sem ter água pra fazer as coisas de casa”, acrescentou.
Além da comunidade Panorama, as equipes da Defesa Civil segue o atendimento ao longo BR-364 em direção ao aeroporto até a divisa com a cidade do Bujari nesta segunda.
Na terça (8), a operação chega às comunidades na Rodovia Transacreana, na quarta a água será entregue em outras comunidades da região e na sexta retorna para a comunidade Panorama.
Seca se intensifica
Rio Acre abaixo de 2 metros na capital Rio Branco nesta quinta-feira (3)
Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
A operação é executada em meio a um cenário de agravamento da seca do Rio Acre e afluentes, que prejudica tanto o abastecimento de água quanto a produção e o escoamento, já que afeta o transporte fluvial.
O Rio Acre segue abaixo dos dois metros na capital, com 1,88 metro nesta segunda-feira (7). A Defesa Civil alerta que o baixo índice de chuvas também preocupa, já que o último registro de chuva ocorreu no dia 17 de junho.
“A tendência é que diminua ainda mais porque não temos previsão de chuva. Com isso, com certeza, estaremos informando níveis cada vez mais baixos. Mas, esperamos que essas reduções cheguem paulatinamente, como foi desde ontem, ao invés de cinco ou três centímetros, ou quem sabe, estabilize”, explicou Falcão em entrevista à CBN Amazônia Rio Branco.
Conforme o monitoramento diário, o mês encerrou com pouco mais de 29 milímetros acumulados, quando o esperado, pela média histórica, era de 39,8 milímetros. Apesar disso, o volume ficou acima do registrado no mesmo mês em 2024, que ficou em 21 milímetros.
Baixo nível do Rio Acre já afeta transporte e produção rural
O resultado é mais um indicativo preocupante para o verão amazônico no estado. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), mais de 64% do território do estado ficou em situação de seca em maio. Um aumento de 24% em relação ao mês anterior.
Ainda conforme a agência, o Acre aparece como o estado com o maior percentual de área seca da Região Norte. Entre abril e maio, a seca moderada também cresceu: de 18% para 20% do território.
Alerta para o início de julho
O Rio Acre registrou o terceiro pior nível dos últimos dos dez anos para o início de julho na capital acreana. O dado é da Defesa Civil de Rio Branco e corresponde a medição feita no dia 1º de julho de 2015 até este ano.
Na última terça (1º), o manancial marcou 2,03 metros. No copilado da Defesa Civil Municipal, apenas a medição feita no mesmo dia em 2016 (1,92 metros) e em 2024 (1,77 metros) ficam a frente do nível deste ano.
Em entrevista à Rede Amazônica Acre, o coordenador do órgão municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, contou que as chuvas ficaram mais escassas a partir de maio e o cenário começou a se agravar.
*Colaborou a repórter Aline Pontes, da Rede Amazônica Acre.
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