Guerra comercial entre EUA e China reforça protagonismo do Brasil nas exportações

O comércio exterior brasileiro registrou um salto expressivo no primeiro trimestre de 2025, movimentando mais de US$ 38 bilhões, com destaque para o fortalecimento das relações com a China. A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, marcada por novos aumentos tarifários impostos por Donald Trump, colocou o Brasil no radar estratégico do gigante asiático.

Segundo a economista Rita Mundim, a recente visita da cúpula do Ministério da Agricultura da China ao Brasil simboliza o interesse crescente dos chineses em ampliar a presença comercial no país. Com a imposição de barreiras comerciais aos produtos chineses nos EUA, o Brasil surge como alternativa atrativa, tanto por seu tamanho quanto por seu potencial de consumo.

“Estamos assistindo a uma movimentação que pode ampliar ainda mais nossa relação comercial com a China, que já é nosso maior parceiro”, destacou Rita. No entanto, ela alerta: “É preciso cautela, porque tivemos um crescimento de 35% nas importações, o que pode ameaçar a indústria nacional”.

Apesar do superávit na balança com a China exportações de US$ 19,8 bilhões contra importações de US$ 19 bilhões, o cenário aponta para um quase empate, o que acende um sinal de alerta sobre a competitividade da indústria brasileira diante da enxurrada de produtos importados.

Indústria nacional em xeque e janela de oportunidades

Com a União Europeia e o Mercosul também atentos ao potencial do mercado brasileiro, o país se vê diante de uma oportunidade única de expansão comercial. No entanto, a forte competitividade dos produtos chineses exige estratégias claras para proteção e estímulo da produção local.

“Precisamos aproveitar essa janela não só para vender commodities, mas também para fortalecer nossa indústria e garantir presença nos mercados globais”, ressaltou a analista.

Combustíveis, volatilidade e pressão política

Outro ponto sensível abordado por Rita Mundim foi o preço dos combustíveis. Após declaração da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, sobre uma possível redução no valor do diesel, os investidores reagiram de forma negativa. As ações da estatal caíram diante da suspeita de interferência política.

Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem atual dos preços internos em relação ao mercado internacional é de apenas 4% no diesel e 3% na gasolina. Mundim considera precipitado um novo ajuste agora, já que o mercado global do petróleo segue volátil, influenciado pela desaceleração econômica mundial e pelos reflexos da guerra comercial.

Lula aposta no crédito, mas economistas pedem responsabilidade fiscal

Durante visita às obras da rodovia Presidente Dutra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o crescimento da economia está ligado à oferta de crédito e à expansão de programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida. “Estamos fazendo mais crédito do que nunca. Dinheiro bom é o que circula na mão do povo”, disse.

Para Rita Mundim, no entanto, o crédito sem responsabilidade fiscal pode agravar o cenário. Ela criticou os elevados juros provocados pela política econômica do governo. “Com a Selic em 14,25%, não é hora de incentivar o endividamento das famílias. Dinheiro bom é dinheiro barato, e isso só acontece com responsabilidade fiscal”, afirmou.

A economista ainda destacou que, nos últimos 12 meses, o Brasil pagou cerca de R$ 950 bilhões em juros devido à dívida pública, penalizando a população. Para ela, o ajuste fiscal é o caminho para reduzir a taxa de juros e tornar o crédito mais saudável e acessível.

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