Nos últimos anos, os ETFs de renda fixa vêm ganhando espaço entre os investidores brasileiros. Com a praticidade de um fundo e a possibilidade de replicar índices de títulos públicos ou privados, esses produtos despertam o interesse de quem busca rendimento sem abrir mão da diversificação. Mas será que eles são melhores do que investir diretamente no Tesouro Direto?
O que é um ETF de renda fixa?
ETF (Exchange Traded Fund) é um fundo de investimento negociado na Bolsa que busca replicar a performance de um índice de referência. No caso dos ETFs de renda fixa, esse índice pode ser composto por títulos públicos, como o Tesouro IPCA+, ou por debêntures emitidas por empresas.
O gestor de um ETF segue uma estratégia passiva: ele monta uma carteira com os mesmos papéis e pesos do índice-alvo. Assim, a variação do ETF tende a acompanhar fielmente esse benchmark.
Principais ETFs de renda fixa no Brasil
Atualmente, o mercado conta com diversas opções. Veja os destaques e suas características principais:
ETFs atrelados ao Tesouro IPCA+ (NTN-B)
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IMA-B11: replica o índice IMA-B, com diversos títulos IPCA+ de prazos variados. Possui maior volatilidade.
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B5P211: replica o IMA-B5, focado em títulos com vencimento de até 5 anos. Volatilidade mais baixa.
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NTNS11: semelhante ao B5P211, mas com vencimento de até 4 anos.
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IB5M11: exposto a títulos com mais de 5 anos, com alta volatilidade.
Dica: quanto maior o vencimento dos títulos, maior a sensibilidade à marcação a mercado — o que pode gerar ganhos ou perdas no curto prazo.
ETFs com títulos prefixados
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IRFM11: investe em prefixados com ou sem cupom e prazo superior a 2 anos.
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FIXA11: foca em títulos prefixados com vencimento entre 2,5 e 3 anos.
Embora ofereçam previsibilidade de retorno, esses ETFs são mais arriscados em cenários de alta de juros, pois a rentabilidade é “travada”.
ETF de debêntures
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DEB11: composto por debêntures corporativas indexadas ao CDI.
Ideal para quem busca exposição ao crédito privado sem ter que montar uma carteira individual.
Importante: diferentemente dos Fi-Infra (como o Juro11), o DEB11 não oferece isenção de IR e sua rentabilidade tende a ser menor, pois é passivo e segue um índice.
Marcação a mercado: o que é e como afeta os ETFs?
Ao investir em renda fixa via ETFs, o investidor precisa entender a marcação a mercado — a atualização diária do valor dos títulos. Se a taxa de juros sobe, o preço dos títulos cai, e o ETF reflete isso automaticamente.
Enquanto no Tesouro Direto você pode segurar o título até o vencimento e garantir o rendimento contratado, nos ETFs não há essa certeza. A carteira é constantemente renovada (rolada), e o investidor estará sempre sujeito à oscilação dos preços.
Exemplo prático:
No final de 2024, a taxa do Tesouro IPCA+ 2035 subiu de IPCA + 6% para +7,5% ao ano. Resultado: o preço do título caiu e o ETF que o replicava também se desvalorizou. Isso é a marcação a mercado na prática.
Taxas e tributação: vantagens competitivas dos ETFs
Uma das grandes vantagens dos ETFs de renda fixa é o regime de tributação:
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IR fixo de 15% sobre os lucros, independentemente do prazo de aplicação.
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Isenção de IOF, mesmo em aplicações com menos de 30 dias.
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Taxas de administração próximas à do Tesouro Direto (geralmente entre 0,19% e 0,30% ao ano).
Além disso, o investidor não precisa gerar DARF para pagar o imposto: o IR é retido na fonte no momento da venda.
Quando vale a pena investir em ETFs de renda fixa?
Vantagens:
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Praticidade: rolagem automática dos títulos;
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Diversificação: exposição a várias classes de ativos em um único produto;
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Tributação simplificada: IR fixo e sem IOF;
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Liquidez: negociação em Bolsa, com resgate a qualquer momento.
Desvantagens:
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Marcação a mercado constante: sem garantia de rentabilidade no vencimento;
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Menor controle do investidor sobre os ativos específicos;
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Volatilidade maior em ETFs de duration longa.
Tesouro Direto ou ETF de renda fixa: qual escolher?
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Objetivo de curto ou médio prazo com data definida? Prefira o Tesouro Direto, que garante a rentabilidade se você mantiver o título até o vencimento.
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Busca praticidade, benefícios fiscais e tem um horizonte mais longo? ETFs de renda fixa podem ser a melhor opção.
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Perfil conservador e aversão à volatilidade? Opte por ETFs com vencimentos curtos, como o NTNS11 ou o B5P211.
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