Estado de SP pode perder até 120 mil empregos com tarifaço de Trump, afirma Tarcísio


Tarcísio de Freitas participa da Expert XP 2025
Reprodução/TV Globo
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou neste sábado (26) que o estado de São Paulo pode perder até 120 mil empregos com a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
A medida, que deve passar a vale a partir de 1° de agosto, foi anunciada no início de julho em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
A declaração foi feita durante um painel no festival de investimentos “Expert XP 2025”, no São Paulo Expo. Além de Tarcísio, também participaram do evento os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
“Temos feito várias simulações, e o efeito pode ser muito severo, de fato, do ponto de vista de economia, PIB, massa salarial e emprego. Isso pode trazer um efeito que pode variar de 0,3% a 2,7% do PIB, a gente pode estar falando de 44 mil a 120 mil empregos a menos. Isso eu estou falando só do cenário de São Paulo”, declarou Tarcísio.
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Em relação à agropecuária, o cultivo da laranja deve ser um dos mais afetados pelo tarifaço. A fruta é utilizada para fazer suco, um dos itens mais exportados pelo Brasil aos Estados Unidos. O governador paulista também disse que teme pelo setor de café.
“O que me preocupa é o pequeno produtor de café, porque em cada contêiner que sai do Porto de Santos, sai um blend de várias pequenos produtores cooperativados. Me preocupa uma empresa global como a Caterpillar que pode desligar a chave aqui. Isso tem efeito de cadeia”, afirmou.
Para o governador do Paraná, falta diálogo entre o governo petista e os EUA. “[O que falta] é alguém ir lá e sentar com os EUA, como fizeram Canadá, Índia, China, México, e parar de falar de desdolarização do comércio. O Trump não pegou o Brasil para discutir esse assunto por causa do Bolsonaro. O Bolsonaro não é mais importante do que a relação Brasil e EUA.”
Caiado criticou a conduta do presidente no evento. “O Lula não quer resolver o problema do tarifaço, vamos ser realistas […] A chancelaria brasileira já foi tida como uma das melhores do mundo, eles destruíram o Itamaraty. Hoje é muito mais um Itamaraty ideológico do que de buscar soluções.”
Durante o painel, Tarcísio também criticou indiretamente, sem citar o nome do presidente Lula (PT), a atuação do governo federal no embate com Donald Trump.
“A pior agressão à soberania é a divisão interna, é o que enfraquece o país. Então, se a gente não colocar a bola no chão, agir como adultos, e não resolver o problema, quem vai perder é o Brasil”, criticou.
Logo após o tarifaço, Tarcísio adotou um tom crítico ao governo federal, responsabilizando Lula pelas tarifas. Dias depois, suavizou o discurso e defendeu a união de esforços entre os governos estadual e federal para enfrentar os efeitos das sanções e elogiou a atuação diplomática do governo petista.
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou a criticar a postura de Tarcísio. O filho do ex-presidente defende o fim das tarifas de 50% com uma anistia ampla para os acusados de articular uma trama golpista para mantê-lo no poder. Na avaliação de Eduardo, a postura do governador de tentar negociar esvazia esse plano.
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Consumidores na Rua 25 de Março, Centro de SP, em imagem do dia 9 de dezembro de 2023
Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Investigação da 25 de Março
Rua 25 de Março entra na mira da investigação de Trump
Em meio ao anúncio do tarifaço, o maior centro de comércio popular na América Latina, a Rua 25 de Março, localizada no Centro de São Paulo, entrou na mira do presidente norte-americano por conta da venda de produtos falsificados e da falta de proteção dos direitos de propriedade intelectual.
Em 15 de julho, o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos anunciou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil por ordem do republicano.
No documento, divulgado pelo governo americano, a região da Rua 25 de Março é apontada como um dos maiores mercados de produtos falsificados do mundo, permanecendo assim há décadas, apesar de sucessivas operações policiais.
“O Brasil adota uma série de atos, políticas e práticas que aparentemente negam proteção e aplicação adequadas e eficazes aos direitos de propriedade intelectual. Por exemplo, o país não conseguiu combater de forma eficaz a importação, distribuição, venda e uso generalizados de produtos falsificados, consoles de videogame modificados, dispositivos de streaming ilícitos e outros dispositivos de violação”, afirma o documento.
Na avaliação do escritório, a falsificação persiste especialmente na 25 de Março devido à ausência de sanções, penalidades e medidas que desestimulem essa prática ilegal a longo prazo.
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