A União Europeia está prestes a registrar em 2025 a primeira desaceleração anual na instalação de energia solar em mais de uma década. A projeção, divulgada pela SolarPower Europe, aponta para 64,2 gigawatts (GW) de nova capacidade solar instalada neste ano — uma leve queda de 1,4% em comparação aos 65,1 GW de 2024. Essa retração, ainda que modesta, interrompe uma trajetória de crescimento que durava desde 2015 e levanta alertas sobre o futuro da transição energética no bloco.
Cortes de subsídios afetam telhados residenciais
A principal razão para essa freada é a diminuição dos subsídios e incentivos em alguns dos maiores mercados europeus, especialmente no setor de energia solar em telhados residenciais — que encolherá de cerca de 30% da nova capacidade instalada entre 2020 e 2023 para apenas 15% em 2025.
Entre os países que estão revisando seus programas de apoio estão:
País | Medida adotada |
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Alemanha | Redução de tarifas de alimentação e mudanças legais |
França | Corte gradual nos subsídios para instalações residenciais |
Holanda | Fim do incentivo à exportação de energia para a rede |
Razões adicionais para a desaceleração
Além dos cortes governamentais, a desaceleração é impulsionada por fatores econômicos, como:
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Compras antecipadas em 2022 e 2023
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Aumento das taxas de juros
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Incerteza econômica nos países da UE
Knuth ainda destacou que desinformações sobre uma recente lei alemã — que encerrou a compensação por fornecimento de energia solar à rede nos horários de pico — também impactaram a demanda.
Impacto nas metas climáticas da União Europeia
Atualmente, a energia solar representa 22% da geração elétrica da UE, ocupando o primeiro lugar entre as fontes renováveis. No entanto, segundo a SolarPower Europe, a UE pode não alcançar os 750 GW de capacidade solar necessários até 2030 para cumprir suas metas climáticas e reduzir a dependência de energia russa. O déficit estimado é de 27 GW se o ritmo atual se mantiver.
Governo alemão sinaliza reavaliação, mas incertezas persistem
O Ministério da Economia da Alemanha afirmou que está monitorando a transição energética com foco em proteção climática, segurança e acessibilidade. Mudanças legais serão consideradas até o fim do verão europeu, após análise dos resultados esperados.
Por outro lado, os sinais do novo governo, que incluem promessas de expansão de usinas a gás e reavaliação da necessidade de renováveis, geram insegurança entre especialistas.
Para Knuth, o melhor que o governo pode fazer no momento é evitar interferências prejudiciais:
“O debate interminável sobre energia renovável… é contraproducente.”
A desaceleração da energia solar na UE revela um ponto de inflexão em um setor que até então apresentava crescimento acelerado. Sem estabilidade regulatória e com cortes de apoio financeiro, o avanço da transição energética na Europa pode ser comprometido — impactando não só o meio ambiente, mas também a segurança energética do bloco.
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