Suspeito confessa ter matado estudante da Unesp, escondido corpo e destruído celular da vítima, diz polícia


Restos de celular destruído foram encontrados pela Polícia Civil após detalhes divulgados por suspeito
Arquivo pessoal
O delegado Miguel Rocha, responsável pelo caso de desaparecimento da estudante trans Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos, de Ilha Solteira (SP), informou à TV TEM que um dos suspeitos do caso confessou ter matado a estudante, escondido o corpo e destruído o celular dela. A vítima desapareceu no dia 12 de junho.
Miguel Rocha disse que ouviu novamente os suspeitos envolvidos no caso e que um deles afirmou que Carmen está morta, que o corpo dela foi escondido e que eles teriam destruído o telefone dela. Com base nessas informações, eles encontraram alguns pedaço desse possível aparelho dela, e os restos foram enviados para a perícia técnica para confirmação se é o mesmo da vítima.
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Ainda segundo o delegado, outros objetos que podem ter envolvimento no crime foram apreendidos e enviados para a perícia e exames de DNA serão feitos. O delegado informou que deve ser pedida uma prorrogação da prisão temporária dos suspeitos na primeira semana de agosto.
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Cronologia dos fatos
Conforme a mãe relatou à polícia, um dia antes do sumiço, em 11 de junho, por volta das 23h, a jovem saiu de casa com uma bicicleta elétrica de cor preta. A bicicleta dela não foi localizada. Familiares ainda afirmaram que Carmen nunca havia desaparecido antes.
Após o ocorrido, parentes e amigos auxiliaram os policiais nas buscas e fizeram várias manifestações pedindo respostas para o caso. Entre os locais vasculhados estava a região próxima ao rio da cidade, onde o sinal do celular de Carmen foi captado pela última vez.
Assassinato de estudante trans da Unesp: veja a cronologia do desaparecimento às buscas pelo corpo da jovem
Beatriz Santos/Arte g1/TV TEM
Também foram realizadas buscas em uma área de mata próxima à universidade, onde foram encontradas marcas de pneus compatíveis com os da bicicleta elétrica que ela usava no momento do desaparecimento.
Segundo o boletim de ocorrência, a estudante estava na Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde fez uma prova do curso, antes de desaparecer. Ela foi vista pela última vez perto de um ginásio.
Suspeitos localizados e presos
Dois dias antes de completar um mês do desaparecimento da jovem, depois de buscas e protestos, a polícia prendeu os suspeitos. Conforme a investigação, o último lugar em que ela esteve foi a casa do namorado Marcos Yuri, em um assentamento. Os policiais verificaram que Roberto Carlos, por sua vez, atuou como comparsa de Yuri, já que também tinha um relacionamento com ele. De acordo com o delegado, o envolvimento afetivo e financeiro entre os suspeitos se revelou parte da dinâmica.
O delegado responsável pela investigação, Miguel Rocha, pediu à Justiça a quebra de sigilo telefônico dos suspeitos e teve acesso a informações que indicam que Carmen não saiu de Ilha Solteira. As imagens de câmera de segurança também mostram que ela entrou na residência do namorado, mas não saiu do local.
No dia 10 de julho, a polícia cumpriu os mandados de prisão temporária, de 30 dias, contra Marcos Yuri e Roberto Carlos, que atuava como policial militar ambiental da reserva na cidade. A partir daí, o delegado deixou de tratar o caso como desaparecimento de pessoa e passou a classificá-lo como feminicídio.
Carmen de Oliveira, estudante transexual, desapareceu após sair da faculdade em Ilha Solteira (SP)
Reprodução/Facebook
Feminicídio
À TV TEM, Miguel Rocha informou que a investigação apontou que Carmen pressionou Yuri para que assumisse o relacionamento, além de ter descoberto que ele praticava furtos, o que também teria motivado o assassinato.
Durante o levantamento de informações sobre os suspeitos, a polícia encontrou uma pasta deletada no computador de Carmen, exatamente no dia 12 de junho. Ao recuperar o documento, os policiais verificaram que se tratava de um dossiê que ela montou contra Yuri.
A investigação indicou ainda que Marcos Yuri e Roberto Carlos a assassinaram em 12 de junho, Dia dos Namorados.
À reportagem, o delegado falou sobre o envolvimento afetivo e financeiro entre os suspeitos.
“Havia uma ligação entre os dois. No início surgiu como uma testemunha, mas na verdade ele era comparsa do namorado, amante do namorado de Carmen. Ele sustentava, bancava gastos [do Yuri]. Havia ali um triângulo amoroso”, pontua o delegado.
Conforme Miguel Rocha, a dupla matou Carmen e ocultou o corpo. Ambos foram ouvidos logo após a prisão e negaram o feminicídio. Marcos Yuri foi levado para a Cadeia Pública em Penápolis (SP), e Roberto Carlos para o presídio Romão Gomes, em São Paulo (SP).
O que diz a defesa
Ao g1, o advogado de defesa de Roberto, Miguel Micas, informou na sexta-feira (11) que ele provará ser inocente da acusação. Já o advogado de Marcos Yuri não foi localizado pela reportagem.
Buscas
Após a prisão, as buscas pelo corpo continuam. Nesta terça-feira, o trabalho foi realizado no rio São José dos Dourados, próximo ao sítio de Marcos Yuri. A Guarda municipal teve apoio de pescadores.
Eles utilizaram um equipamento de navegação e alinhamento sonoro que detecta objetos no fundo do rio. O dispositivo, conhecido como Sound Navigation and Ranging (Sonar), pertence a um morador da cidade. Um drone também foi usado pela corporação para realizar a busca aérea, mas nada foi localizado até a última atualização desta reportagem.
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