A primeira caneta emagrecedora com fabricação no Brasil começa a ser vendida nas farmácias nessa segunda-feira (4). O medicamento Olire, da farmacêutica EMS, tem como princípio ativo a liraglutida. Em conversa com o BHAZ, Eliana Teixeira, médica pós-graduada em endocrinologia e metabologia explica a diferença entre o “ozempic brasileiro”, como ficou conhecido o remédio, e os outros injetáveis disponíveis no mercado, como Wegovy, Mounjaro e o próprio Ozempic.
Em dezembro de 2024, a EMS recebeu da Anvisa o aval para a fabricação de Olire, para o tratamento de obesidade, e Lirux, voltado ao controle do diabetes tipo 2. Ambos os produtos são classificados como análogos de GLP-1, um hormônio produzido no intestino após as refeições.
Com a autorização, a EMS se tornou a primeira farmacêutica 100% brasileira a ingressar no mercado global de análogos de GLP-1. A empresa também é pioneira no Brasil a obter autorização para fabricar e comercializar essas moléculas tanto no mercado interno quanto no exterior.
Carlos Sanchez, Presidente do Conselho de Administração da EMS, comentou: “Desenvolvemos um produto no país, com tecnologia brasileira, do zero. Vamos fabricar desde a matéria-prima até o produto acabado, reforçando nossa posição de liderança no mercado farmacêutico brasileiro com produtos de alta qualidade e de grande impacto”, destaca.
Diferença entre Olire e outras canetas
A médica Eliana Teixeira explica que a principal diferença entre os medicamentos está no princípio ativo: o Olire tem como ativo a liraglutida, enquanto Ozempic e Wegovy levam a semaglutida na composição. Já o Mounjaro tem como substância ativa a tirzepatida. A origem dos produtos também difere, já que o “ozempic brasileiro” é fabricado pelo laboratório EMS em território nacional, ao passo que os demais são produzidos pelas estrangeiras Novo Nordisk (Ozempic e Wegovy) e Eli Lilly (Mounjaro).
Todos os remédios imitam o GLP-1, um hormônio produzido no intestino após as refeições que dá ao cérebro um sinal de saciedade, diminuindo o apetite. O hormônio também é responsável por aumentar os níveis de insulina e equilibrar os níveis de açúcar no sangue.
“Todas essas canetas inicialmente foram desenvolvidas para o controle de diabetes e observaram que tinha um efeito no controle de peso. E aí ganhou popularidade”, explica a especialista. “Elas retardam os o esvaziamento do estômago e com isso a gente tem uma maior sensação de saciedade sem ter tido uma nova ingesta alimentar”.
A tirzepatida, substância presente no Mounjaro, age de forma parecida com a semaglutida: ajuda a reduzir o açúcar no sangue e aumenta a sensação de saciedade. Mas, como ela ativa dois hormônios ao mesmo tempo, o efeito acaba sendo mais forte.
Qual é mais potente?
Embora o Olire tenha chegado recentemente às farmácias, seu princípio ativo é utilizado no mercado de saúde brasileiro desde 2016. A liraglutida já estava presente no emagrecedor Saxenda, fabricado pela Novo Nordisk, cuja patente expirou no Brasil em novembro de 2024.
“Parece ser uma novidade, só que não é uma novidade. As pessoas podem achar que está chegando uma nova medicação, mas não é uma nova medicação, essa medicação já existe. A novidade é que perdeu a patente”, comenta.
Segundo Teixeira, os medicamentos à base de liraglutida precisam ser aplicados diariamente, ao contrário das outras substâncias, que são administradas em intervalos semanais. Com o uso do Olire, a perda de peso varia de 5% a 8% do peso corporal. Já Ozempic e Wegovy podem levar à redução de 8% a 15%, enquanto o Mounjaro, o mais potente entre as canetas, promove emagrecimento de 15% a 22%.
Remédio mais barato
O Olire e Lirux chegam com preços sugeridos a partir de R$ 307,26, com variações conforme a indicação e o número de canetas por embalagem. No caso do primeiro, o remédio estará disponÍvel em caixas com uma (R$ 307,26) ou três canetas (R$ 760,61). O segundo deve ser comercializado em embalagens com uma ou duas canetas, com a versão dupla (R$ 507,07).
O preço chamou a atenção dos usuários, já que as outras canetas são encontradas por valores entre R$ 1.000 e R$ 1.800 (valores em redes de farmácias de Belo Horizonte).
A médica explica que a variação de preço está ligada a diversos fatores, especialmente à produção. Enquanto Olire e Lirux são fabricados no Brasil, os demais precisam ser importados. Além disso, a liraglutida é considerada uma geração anterior à semaglutida e à tirzepatida, substâncias mais recentes e eficazes na perda de peso.
Tem efeitos colaterais?
Os efeitos colaterais estão geralmente ligados ao sistema gastrointestinal dos usuários. Na maioria dos pacientes se observa náuseas, vômitos, diarreia ou constipação, refluxo, azia, dor de estômago, entre outros.
O post Olire: veja as diferenças entre o ‘Ozempic brasileiro’ e outras canetas para emagrecimento apareceu primeiro em BHAZ.