Saiba como é o KC-390, avião que Embraer pode produzir nos EUA para zerar tarifas de exportação


Embraer teve prejuízo no segundo trimestre de 2025
Para driblar tarifas de exportação, o cargueiro KC-390 da Embraer, maior avião produzido na América Latina, está sendo ponte para uma negociação entre a empresa brasileira fabricante de aviões e o governo dos Estados Unidos.
Nesta terça-feira (5), a Embraer anunciou que pretende investir até US$ 500 milhões para produzir o KC-390 nos EUA, caso o país compre o avião cargueiro militar e zere a taxa de exportação sobre aviões. Se o governo americano aceitar a proposta, apenas as unidades de KC-390 que os Estados Unidos comprarem devem ser produzidas em solo estadunidense.
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Mesmo com aviões civis isentos do adicional de 40% que eleva para 50% a tarifa sobre produtos brasileiros nos EUA, o presidente da Embraer afirma que as taxas americanas (de 10% desde abril) “continuam sendo uma grande preocupação” — leia mais abaixo.
Avião de defesa multimissão, o KC-390 pode ser usado para busca e salvamento, evacuação médica, ajuda humanitária, operações especiais, faz lançamento de cargas em voo, lançamento de paraquedistas, reabastecimento em voo, combate aéreo a incêndios, entre outros.
No Brasil, por exemplo, o cargueiro foi usado para combater incêndios no Pantanal do Mato Grosso Sul e em Ribeirão Preto (SP) em 2024, além de transportar urnas funerárias com algumas das vítimas mortas do acidente aéreo de Vinhedo (SP) até cidades do Paraná.
Por meio de ações da Força Aérea Brasileira, o avião também já levou ajuda humanitária para a Ucrânia e o Líbano, e fez transporte de cestas básicas para os povos indígenas Yanomami, entre outras operações.
Saiba como é o KC-390, avião que Embraer pode produzir nos EUA para zerar tarifas de exportação
Arte/g1
O modelo vem ganhando mercado na Europa. Ao todo, 11 países selecionaram o KC-390 para integrar o aparato militar nacional, entre eles estão membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aliança militar ocidental. Lituânia, Portugal, Eslováquia, Hungria, Holanda, Áustria, República Tcheca e Suécia, por exemplo, são países que compraram o cargueiro.
Para o combate a incêndios, o cargueiro conta um sistema especial, com um tubo que projeta água pela porta traseira esquerda do avião, podendo descarregar até 3 mil galões – aproximadamente 12 mil litros – de água em áreas de incêndios.
O KC-390 tem 35 metros de extensão do bico até a cauda. A mesma extensão vai da ponta de uma asa até a outra.
Dentro da aeronave, tudo é exposto. O motivo é simples: o acabamento poderia trazer mais peso para o KC-390. Com o avião mais leve, fica mais fácil a manutenção.
Avião KC-390 leva cestas básicas para terra Yanomami
Caíque Rodrigues/g1 RR
O KC-390 não tem poltronas e possui uma disposição lateral para caber as tropas das Forças Aéreas. O avião pode levar até 80 soldados ou 64 paraquedistas.
Segundo a Embraer, o avião cargueiro é capaz de transportar até 26 toneladas a uma velocidade de 470 nós (870 km/h), com capacidade de operar em pistas não pavimentadas ou danificadas.
A fuselagem acomoda cargas de grandes dimensões, com acesso por meio da rampa. A aeronave, cuja produção ocorre na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, pode ser reabastecida em voo.
O KC-390 é um projeto da Força Aérea Brasileira (FAB) que, em 2009, contratou a Embraer para realizar o desenvolvimento da aeronave. Foram dez anos de desenvolvimento, até que a primeira unidade do cargueiro foi entregue pela Embraer em 2019.
Novas tarifas sobre produtos brasileiros exportados aos EUA passam a valer em 6 de agosto
Proposta para zerar tarifas
Em busca de zerar as tarifas de exportação para aviação, a Embraer anunciou nesta terça-feira (5) que pretende investir até US$ 500 milhões para produzir o KC-390 nos EUA, caso o país compre o avião cargueiro. Um montante do mesmo valor será investido nos próximos cinco anos na expansão das instalações da empresa na Flórida.
O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, afirmou que a produção do avião militar nos Estados Unidos pode gerar 2,5 mil empregos adicionais no país. Acrescentou ainda que a companhia sinalizou como “oportunidade de investimento local para a tarifa retornar para zero”.
“Estamos em conversas avançadas com um parceiro relevante nos Estados Unidos para esse projeto. Continuamos acreditando e defendendo firmemente o retorno à política de tarifa zero para a indústria aeroespacial global”, afirmou.
Mesmo com aviões civis isentos do adicional de 40% que eleva para 50% a tarifa sobre produtos brasileiros nos EUA, o presidente da Embraer afirma que as taxas americanas (de 10% desde abril) “continuam sendo uma grande preocupação”.
Em balanço divulgado ao mercado, a companhia anunciou prejuízo líquido de R$ 53,4 milhões, contrastando com o lucro de R$ 415,7 milhões no segundo trimestre de 2024, com receitas avançando cerca de 31%.
A Embraer segue esperando uma receita total no ano de US$ 7 bilhões a US$ 7,5 bilhões, com uma margem Ebit ajustada de 7,5% a 8,3% e um fluxo de caixa livre ajustado de pelo menos 200 milhões de dólares.
“Até o momento, temos 20% do impacto das tarifas já sendo sentidas no nosso fluxo de caixa — e é por isso que esperamos um impacto maior no segundo semestre deste ano. Por isso que temos um Ebit moderado só para reafirmar nossas estimativas”, disse Neto.
Recorde de receita
A Embraer destacou que registrou receita de R$ 10,3 bilhões no segundo trimestre de 2025. O valor representa uma alta de 30,9% na comparação com o mesmo período de 2024.
De acordo com fabricante brasileira, o valor da receita no segundo trimestre deste ano representa um “recorde histórico” para o período.
Na apresentação do balanço, a companhia também reiterou previsões de entregas de aviões para este ano, com expectativa de envio a clientes de 77 a 85 aeronaves comerciais e entre 145 e 155 jatos executivos.
Avião KC-390 Millennium é o maior fabricado e desenvolvido no Hemisfério Sul
TV Globo/Reprodução
Avião da FAB KC-390 Millennium, que leva ajuda humanitária para Ucrânia
Reprodução/TV Globo
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