Faculdade toma atitude drástica após denúncia de injúria racial

Kallyana Passos Borges, apontada como responsável por cometer injúria racial contra Daiane Bittencourt, durante as aulas de Direito na Faculdade Anhanguera, em Santo Antônio de Jesus, localizada no recôncavo baiano, foi desligada do curso.O desligamento da servidora municipal aconteceu em junho, um mês após a segunda denúncia feita pela estudante por agressões raciais, conforme consta no documento judicial que o Portal A Tarde teve acesso na terça-feira, 19.A informação foi confirmada pela própria universidade, por meio de nota oficial encaminhada ao Portal. No comunicado, a empresa diz que repudia “qualquer forma de racismo e preconceito, e ressalta que as ações individuais não refletem os valores institucionais”.“A instituição esclarece que acolheu a estudante imediatamente e, após apuração dos fatos, aplicou as medidas cabíveis resultando no desligamento da outra aluna envolvida, que ocorreu no mês de junho”, diz um trecho do comunicado.

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Por fim, a faculdade ainda completou mencionando os seus valores e compromissos com os discentes. “A Faculdade Anhanguera reforça que pauta suas ações na promoção de um ambiente seguro, inclusivo e livre de qualquer tipo de discriminação”.Em contrapartida, no documento judicial, a vítima diz que havia denunciado o caso à direção da faculdade, contudo, não obteve sucesso. Segundo os relatos feitos por ela, a academia teve uma “postura omissa” e “inerte” sobre a situação.Entenda o caso“Feio”, “ridículo”, foram essas palavras ditas a Daiane Venâncio Bittencourt, de 39 anos, em referência ao seu cabelo black, em duas diferentes ocasiões, nas dependências da faculdade.As ofensas raciais contra a vítima foram cometidas por Kallyana Borges Passos, uma servidora pública municipal, e colega de turma da jovem, ambas estudantes de Direito. Na ocasião, a aluna intensificou as agressões, afirmando que o cabelo da mulher era “muito espaçoso” e que isso a incomodava em sala de aula.As injúrias, por sua vez, não se limitaram apenas ao dia 16 de abril, data em que aconteceu o primeiro caso. A situação se repetiu no dia 14 do mês seguinte. Desta vez, Kallyana Passos criticou a estética de Daiane e proferiu um novo ataque étnico-racial, chegando a ameaçar a mulher.“Quer saber? Você é feia, seu cabelo é feio, não gosto do seu cabelo. Minha opinião. […]. Ela irá se arrepender, pois se ela quer problema, ela terá problema”, disse a servidora, em voz alta, durante uma palestra sobre combate às discriminações raciais na universidade.As acusações: injúria e ameaçaNa denúncia, a vítima diz que deseja que sejam investigadas as seguintes infrações:injúria racial majorada;difamação;ameaça.Além disso, ela também solicita medidas protetivas contra a servidora e colega de classe, Kayllana Passos, como distanciamento mínimo da agressora e proibição de contato.O que diz a lei sobre o crime de racismoConforme a Lei 7.716/89, considera crime o preconceito de raça ou de cor, em que o autor pode ser preso ou multado.Art. 2º: A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional;Pena: reclusão, de dois a cinco anos, e multa;Art. 20º: Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional;Pena: reclusão de um a três anos e multa.Saiba como denunciar injúria racialEm casos de injúria racial, você pode denunciar das seguintes formas:Disque 100: um canal gratuito e anônimo para denúncias de violações de direitos humanos, incluindo racismo e injúria racial;Delegacias de Polícia: faça um Boletim de Ocorrência (B.O) na delegacia mais próxima, detalhando o ocorrido e fornecendo informações sobre testemunhas, se houver. Você também pode registrar o B.O online, se disponível na sua região;Plataforma Fala.BR: permite denunciar casos de racismo e outras violações a órgãos públicos federais e outras entidades que aderiram à plataforma;Ministério Público: se a injúria racial afetar um grupo ou a coletividade, o Ministério Público pode ser acionado;Polícia Militar: em casos de urgência ou emergência, acione a Polícia Militar, por meio do 190.

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