EUA cortam US$ 559 bi em energia limpa e entregam futuro renovável à China

No dia 4 de julho de 2025, o então presidente Donald Trump sancionou a Lei do Projeto de Lei Único, Grande e Bonito – batizada de One Big Beautiful Bill. Apesar do nome otimista, a medida tem sido considerada um retrocesso histórico para a transição energética dos Estados Unidos.

O projeto elimina ou reduz incentivos fiscais para veículos elétricos, energia solar e eólica, ao mesmo tempo em que expande subsídios a combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão. Especialistas alertam que a decisão pode aumentar custos para consumidores, gerar perda de centenas de milhares de empregos e abrir espaço para que a China lidere o futuro da energia renovável no mundo.

Principais mudanças trazidas pelo projeto

Fim dos créditos para veículos elétricos

  • O crédito fiscal de US$ 7.500 para carros elétricos novos e US$ 4.000 para usados expira em 30 de setembro de 2025.

  • Na prática, os preços de EVs podem subir drasticamente da noite para o dia, reduzindo a competitividade da tecnologia frente aos carros a combustão.

Redução dos incentivos para energia solar e eólica

  • O crédito de 30% para painéis solares residenciais será encerrado em 31 de dezembro de 2025.

  • Projetos solares e eólicos comerciais terão que iniciar obras até julho de 2026 e estar operacionais até o fim de 2027.

Restrições contra fornecedores estrangeiros

  • O projeto cria barreiras contra o uso de componentes vindos da China, Rússia, Irã e Coreia do Norte.

  • O problema: 80% dos painéis solares e 77% das baterias vêm da China. Ou seja, em vez de fortalecer a produção nacional, a medida paralisa projetos já em andamento.

Expansão dos subsídios fósseis

  • O projeto amplia incentivos fiscais para empresas de petróleo e carvão, incluindo redução de royalties, deduções integrais de perfuração e licenciamento acelerado.

  • Além disso, obriga a realização de novas vendas de arrendamentos offshore no Golfo do México e no Alasca até 2035.

Impactos econômicos e sociais

Perda de empregos em energia limpa

De acordo com a Associação das Indústrias de Energia Solar, até 330 mil empregos podem desaparecer até 2030.
Atualmente, o setor de energia limpa emprega 3,5 milhões de americanos, enquanto o carvão gera apenas 42 mil vagas. Cortar investimentos nesse setor significa enfraquecer o maior gerador de empregos energéticos dos EUA.

Efeito nas contas de luz

Energia renovável, como solar e eólica, tem preços estáveis, pois não depende de combustíveis fósseis.
Com menos participação no mercado, cresce o risco de volatilidade nos preços da eletricidade, deixando consumidores vulneráveis a aumentos imprevisíveis.

A fuga de cérebros

Universidades e centros de pesquisa como MIT e Caltech já enfrentam cortes em projetos. Pesquisadores estão sendo atraídos pela Europa e China, que oferecem programas milionários para absorver talentos demitidos.
Esse êxodo pode ter efeitos geracionais, reduzindo a capacidade de inovação tecnológica dos EUA por décadas.

O contraste com a China e o resto do mundo

Enquanto os EUA reduzem seus investimentos, a China aplicou US$ 940 bilhões em energia limpa apenas em 2024, quase três vezes mais que os americanos.

  • A energia limpa já responde por 10% do PIB chinês.

  • O país controla 80% da produção solar mundial e 95% dos wafers de silício usados em painéis solares.

  • Até 2030, deve responder por 60% de todas as novas adições globais em energias renováveis.

Outras regiões também aceleram:

  • Europa adicionou 80 GW de capacidade renovável em 2023.

  • Índia tem meta de 500 GW até 2030.

  • Até países do Oriente Médio, historicamente dependentes do petróleo, estão investindo pesado em solar.

O resultado é claro: os EUA ficam para trás no setor de maior crescimento econômico do planeta.

O que isso significa para o cidadão comum?

  1. Carros mais caros: quem quiser um veículo elétrico deve se apressar, já que os créditos expiram em setembro de 2025.

  2. Painéis solares inacessíveis: um sistema residencial de US$ 20 mil perderá o desconto de US$ 6 mil após dezembro de 2025.

  3. Contas de luz instáveis: maior dependência de fósseis significa tarifas mais imprevisíveis.

  4. Menos oportunidades de trabalho: os empregos que poderiam revitalizar comunidades estão sendo transferidos para a Ásia e a Europa.

A escolha entre passado e futuro

A crítica central ao “Big Beautiful Bill” é que ele protege a energia do passado e sufoca a do futuro.
Enquanto o mundo avança para fontes mais baratas, limpas e estratégicas, os EUA insistem em defender setores com subsídios centenários.

Ao reduzir US$ 559 bilhões em incentivos renováveis, os EUA não apenas renunciam a empregos e inovação, mas também entregam à China o protagonismo do setor que mais cresce no mundo.

Mais do que uma disputa ideológica, a decisão coloca em jogo competitividade econômica, empregos e estabilidade energética.
Os próximos anos mostrarão se os EUA conseguirão reverter esse quadro ou se, de fato, terão cedido à China o controle do futuro renovável global.

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