Nova rodoviária de Salvador terá ligação com metrô, VLT e 370 linhas de ônibus

As milhares de pessoas que utilizam o Terminal Rodoviário de Salvador por mês podem se preparar. Com 92% das obras finalizadas, a nova rodoviária, localizada no bairro de Águas Claras, está “quase pronta”.O anúncio foi feito na semana passada nas redes sociais da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e Casa Civil, assegurando que a obra está na reta final, mesmo sem uma data definida para a transferência.Concessionária responsável pela obra, a Sinart projetou, em abril, que ela seria entregue no começo de outubro, com início da operação no final do mesmo mês. Segundo a empresa, que administra 40 rodoviárias em todo o país, foram mais de R$ 200 milhões investidos na “estrutura estratégica, moderna, inovadora, conectada ao metrô e, futuramente, ao VLT da capital”.Entre os destaques, está um centro comercial com 230 pontos para serem explorados e a promessa de mais conforto e comodidade para os usuários das mais de 370 linhas de ônibus urbanos, metropolitanos e intermunicipais que chegam e saem diariamente do terminal. De acordo com o governo, o espaço vai reunir estabelecimentos de alimentação, lotérica, clínicas, farmácia e uma unidade do SAC, com oferta de emissão de documentos e serviços de cidadania.Novidades da Nova Rodoviária de SalvadorNovo equipamento será implantado em uma área de 127 mil m².Estacionamento para 800 veículos230 espaços comerciaisVagas para carros elétricosLigação com VLT de Salvador, na Avenida 29 de MarçoNova unidade de SACProcurada para falar sobre o andamento das obras e impacto do novo equipamento na região e sobre os prazos de inauguração, a Agência Estadual de Regulação de Serviços Público de Energia, Transportes e Comunicação da Bahia (Agerba) não se manifestou até o fechamento da edição. A Sedur e a Seinfra também foram procuradas pela reportagem, mas sem retorno.Localização estratégicaInstalada às margens da BR-324, a nova Rodoviária de Salvador ocupará uma área de 127 mil m², com 41 mil m² de área construída e estacionamento com capacidade para mais de 800 veículos. O terminal atual ocupa uma área de 36 mil m², com 15 mil m² de área construída na Avenida ACM.LinhasA estrutura será conectada à Estação Águas Claras do metrô, a um terminal de ônibus com 10 linhas metropolitanas e demais linhas urbanas. Futuramente, estará integrado ao VLT da Avenida 29 de Março, cujas obras estão em andamento.A promessa de chegar e sair com rapidez e segurança anima os usuários que enfrentam os engarrafamentos constantes na região torno da rodoviária atual. Mas também é uma preocupação, sobretudo para quem mora no seu entorno ou no centro da cidade.

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Caso da comerciante Cecília Costa, que mora no bairro do Garcia e vai semanalmente à Feira de Santana. Ela costuma se deslocar usando carro de aplicativo, mas acha que a corrida para ir e voltar a Águas Claras vai ficar cara. “Para mim não será bom por isso”, afirma Cecília, que no entanto avalia que a atual rodoviária “está defasada e não oferece um bom serviço”.O casal Ivana Carolina Machado e Edenilton Nascimento está dividido. Estudantes do doutorado no Centro de Estudos Afro-Orientais da Ufba, eles se deslocam com frequência da cidade de Maracás para Salvador.

Casal Ivana e Edenilton se desloca com frequência da cidade de Maracás para Salvador

|  Foto: José Simões/Ag A TARDE

Enquanto Ivana teme perder a comodidade de estar próxima do centro e de um grande shopping, Edenilton aposta que a conexão entre ônibus, metrô e VLT vai ser muito prática. “A expectativa é boa e acho que vai beneficiar muita gente”, torce Edenilton.O motorista de táxi Ivanildo Figueiredo acha a mudança necessária. “As coisas mudam. Essa rodoviária já tem 50 anos, o acesso ficou difícil por conta dos engarrafamentos e nas grandes festas ela já não comporta o grande movimento de pessoas”, afirma o senhor de 72 anos, que presenciou a inauguração do espaço em 1974.Na época, Ivanildo era motorista de ônibus, tendo trabalhado vinte anos na empresa Regional e vinte na Águia Branca. Só depois de aposentado começou a ser taxista e atualmente está na Coometas. “Era difícil chegar aqui. No começo só existia a rodoviária e o Iguatemi”, diz, referindo-se ao shopping inaugurado em 1975. Animado com a mudança, ele diz que o conceito de distância é relativo. “É distante para quem? Porque, se é distante para quem mora na Graça, é perto para quem mora em Águas Claras”.Novo eixoConsultor na área de transporte terrestre, Lázaro Sanches afirma que em Salvador, como em outras cidades, a localização da rodoviária acaba refletindo o sentido da expansão urbana. Nos anos 70, com influência das novas avenidas de vale, consolidou a centralidade econômica e financeira da área, que se adensou rapidamente.“Esse primeiro deslocamento respondeu à reestruturação urbana, com a definição do vetor norte de expansão, marcado pela construção da Avenida Luís Viana (Paralela), inaugurada também em 1974, se tornando o eixo fundamental de articulação da cidade”, contextualiza Lázaro, que é mestrando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano da Unifacs.Ele acredita que o movimento em direção a Águas Claras segue uma lógica semelhante, apesar da diferença de contexto, com maior potencial de crescimento na região metropolitana, impulsionada pelo metrô, pela expectativa do VLT e pela expansão dos fluxos pela BR-324. Nesse sentido, reflete, a nova rodoviária não apenas acompanha, mas também induz transformações espaciais no território, ao criar novos fluxos e modificar a paisagem e a rotina das pessoas.“Esse movimento reposiciona Águas Claras no mapa da cidade, transformando um território periférico em uma nova centralidade urbana”, pontua Lázaro. Ele chama atenção, no entanto, para a importância da adequação da infraestrutura viária, para evitar a transferência dos problemas de mobilidade para o entorno da nova rodoviária. “A área escolhida é estratégica para o fluxo da cidade, concentrando o principal acesso rodoviário da capital e recebendo intenso tráfego de caminhões”.

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