A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes contra aposentados e pensionistas do INSS deve votar nesta terça-feira (27) uma série de requerimentos que incluem a convocação de ex-ministros e outras figuras de destaque das últimas gestões. O início dos trabalhos ocorre em clima de forte disputa entre governo e oposição, com cada lado tentando usar a comissão como palanque político.
Oposição mira aliados de Lula, governo tenta evitar desgaste
Logo na largada, a CPMI do INSS já nasceu rachada. De um lado, parlamentares da oposição tentam enfraquecer o governo Lula propondo a convocação de nomes próximos ao presidente, como o irmão dele, Frei Chico, conhecido sindicalista. Há até especulações sobre o possível depoimento do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, mas o presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), já afirmou à CNN que convocar ex-presidentes “não é prioridade”.
Do outro lado, o governo federal age com cautela. Em Brasília, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (confundido na reportagem com “Glaze Hoffman”), organizou uma reunião de emergência com líderes governistas para definir estratégias e buscar um nome de consenso para ocupar a vice-presidência da CPMI, um posto chave para tentar influenciar a pauta e os rumos das investigações.
Investigação mira fraudes desde 2019
A preocupação do Planalto é compreensível: a Polícia Federal aponta que o esquema de fraudes no INSS teve início em 2019, ainda no governo Bolsonaro, mas há indícios de irregularidades anteriores. O temor do governo é que depoimentos de ex-ministros e gestores do INSS se transformem em munição política para desgastar tanto a atual quanto antigas administrações.
Troca de relator no STF acende alerta
Em mais um capítulo da trama, o Supremo Tribunal Federal (STF) alterou o relator do inquérito que apura essas fraudes, a pedido da Procuradoria-Geral da República. O ministro Dias Toffoli deixou o caso, que agora está sob responsabilidade de André Mendonça, indicado ao Supremo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O inquérito, que tramita de forma física e sigilosa, segue em paralelo às investigações abertas da CPMI, que realiza sessões transmitidas ao vivo e com ampla repercussão política.
Governo sofreu derrota na instalação da CPMI
A preocupação do governo aumentou após ter perdido o controle da presidência e da relatoria da CPMI, cargos que ficaram com parlamentares independentes ou ligados à oposição. A avaliação interna é de que faltou articulação política para garantir uma maioria fiel no momento da instalação da comissão.
Agora, com a votação de convocações prestes a acontecer, o governo corre contra o tempo para evitar que a comissão se transforme em um campo minado capaz de prejudicar sua imagem e dificultar votações prioritárias no Congresso.
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