A Calixcoca, vacina desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais contra a dependência em cocaína e crack, poderá ser testada em humanos dentro de quatro anos. Serão investidos, pelo Governo de Minas, R$ 18,8 milhões nessa nova fase da pesquisa. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (28) durante evento em que foi anunciada ainda a concessão da carta patente nacional, pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), e internacional, nos Estados Unidos.
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De acordo com a UFMG, a vacina, que já recebeu vários prêmios, induz o organismo a produzir anticorpos que se ligam à cocaína no sangue, o que impede sua entrada no cérebro e bloqueia seus efeitos. Estudos realizados em ratos confirmaram a produção de anticorpos, em que a passagem da droga é bloqueada e não entra no sistema nervoso central. Também foram identificados redução de abortos espontâneos em fêmeas expostas à droga e o nascimento de filhotes mais saudáveis e resistentes.
De acordo com o pró-reitor de Pesquisa da UFMG, Fernando Reis, apenas uma pequena parte das vacinas passa da fase em que está a Calixcoca para a fase seguinte. “Esperamos ter sucesso na fase pré-clínica para avançar às fases de pesquisa clínica. A previsão inicial é fazer essa transição num prazo de dois a quatro anos, a depender dos resultados”, disse em entrevista ao portal da UFMG
Segundo o pesquisador, a patente se baseou na síntese e caracterização da molécula e na prova de conceito em animais, e que agora são necessários mais testes em condições certificadas antes de fazer a transição para os testes em humanos.
O processo para construir a molécula V4N2 e validar sua síntese levou quatro anos e a formulação feita para atender ao regulamento da Anvisa manteve a eficácia observada inicialmente. A vacina também passa por uma avaliação se poderá ser armazenada em temperatura ambiente considerando a logística de transporte em longas distâncias.
Segundo o governo de Minas, do total investido, R$ 10 milhões são da Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) e R$ 8,8 milhões da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG), por meio da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais). O repasse já começou: em 2024, foram transferidos R$ 14,6 milhões, e mais R$ 1,69 milhão será pago ainda em 2025. O restante do valor — R$ 2,6 milhões — será repassado entre 2026 e 2027. Outros R$ 500 mil já foram investidos por meio de chamadas públicas da Fapemig.
“A Calixcoca é a primeira vacina vinculada ao consumo de crack e cocaína. Esse imunizante já demonstrou uma eficiência muito grande nos testes, até então feitos em camundongos, diminuindo a dependência e os efeitos da droga. E esse investimento de quase R$ 20 milhões fará com que essa vacina passe nessa nova fase de testes, para que em alguns anos ela possa ser utilizada na rede pública”, pontuou o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti.
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