Polícia quer prorrogar inquérito de padre investigado por intolerância religiosa em fala sobre Preta Gil


Associação denuncia padre por intolerância religiosa ao citar morte de Preta Gil, na PB
O inquérito que investiga o padre Danilo César, denunciado por intolerância religiosa após uma fala sobre a morte da cantora Preta Gil durante uma missa, pode ser prorrogado por mais 30 dias. A informação foi confirmada ao g1 pela Polícia Civil, que investiga a situação.
Segundo a delegada Socorro Silva, responsável pela delegacia da cidade de Areial, de onde as denúncias partiram ainda em julho, o pedido para dilatar o prazo de investigação será enviado para a Justiça na terça-feira (2).
O delegado Danilo Orengo, responsável pela delegacias da região de Areial, disse que testemunhas que registraram boletins de ocorrência ainda precisam ser ouvidas. Socorro Silva informou que essas pessoas vão ter depoimentos colhidos em Puxinanã. Por isso, a prorrogação do pazo foi solicitada.
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Com o envio do pedido para a Justiça, cabe ao magistrado no qual o caso será enviado analisar se o pedido da Polícia Civil será acatado ou não.
Em depoimento na semana passada, o padre alegou que as falas durante a missa aconteceram por estar proferindo a fé católica, a própria crença, para os fiéis também católicos. Ele disse também que além de não ter a intenção de desrespeitar outras religiões e nem atacá-las, não queria derespeitar a memória de Preta Gil.
O g1 entrou em contato com a Diocese de Campina Grande, que é responsável pela Paróquia de Areial, que até a última atualização desta matéria não retornou.
Anteriormente, a Diocese de Campina Grande havia dito que “o sacerdote, através da assessoria jurídica, irá prestar todos os esclarecimentos necessários aos órgãos competentes”.
Gilberto Gil e Preta Gil.
Reprodução
O padre é alvo também do cantor Gilberto Gil, Pai de Preta Gil, que o notificou extrajudicialmente, assim como a Diocese de Campina Grande. Gilberto Gil exige uma retratação pública e formal por meio do canal da paróquia, onde a missa foi transmitida.
Também é pedida a apuração e responsabilização eclesiástica do sacerdote, com adoção de medidas disciplinares no prazo de dez dias úteis.
Sobre esses pedidos, a Diocese de Campina Grande também não se posicionou.
“Cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil?”
Padre Danilo César de Sousa Bezerra, de 31 anos, é investigado por intolerância religiosa
Reprodução/Diocese de Campina Grande
Durante uma missa realizada na cidade de Areial, no interior da Paraíba, no dia 27 de julho, o padre Danilo César fazia uma homilia no chamado 17º Domingo do Tempo Comum, período litúrgico da Igreja Católica.
Nessa homilia, o padre falava sobre pedidos que os fiéis faziam para Deus e que, por ventura, não eram atendidos. Nesse contexto, o padre cita a morte da cantora Preta Gil, nos Estados Unidos, vítima de um câncer colorretal, associando a fé dela em religiões de matriz afro-indígenas a morte e sofrimento.
“Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é porque Deus sabe o que faz, ele sabe o que é melhor para você, que a morte é melhor para você. Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”, disse durante a homilia.
Após citar o caso de Preta Gil, ele fala diretamente aos fiéis que estavam o acompanhando na Igreja de Areial para pararem de procurar essas “coisas ocultas” e que “o diabo os levasse”, se referindo aos católicos que fazem pedidos para entidades de outras religiões.
“E tem católico que pede essas coisas ocultas, eu só queria que o diabo viesse e levasse. No dia seguinte quando acordar lá, acordar com calor no inferno, você não sabe o que vai fazer. Tem gente que não vai aqui (Areial), mas vai em Puxinanã, em Pocinhos, mas eu fico sabendo. Não deixe essa vida não pra você ver o que acontece. A conta que a besta fera cobra é bem baratinha”, disse.
A fala foi considerada como preconceituosa pela Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria, da região de Areial.
Após o vídeo gerar repercussão, o presidente da Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria, Rafael Generiano, prestou um boletim de ocorrência, o primeiro, por intolerância religiosa contra o padre. Conforme nota emitida pela associação, o presidente disse que condena as declarações.
De acordo com o delegado Danilo Orengo, responsável da seccional de Areial, e também conforme a responsável pelo inquérito policial, a delegada Socorro Silva, outros dois boletins de ocorrência foram registrados pelo mesmo fato.
Padre de cidade do interior da Paraíba é acusado de intolerância religiosa durante missa
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